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Foto: Douglas Shineidr/JB,
17-02-2014
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1. Este Ex-Blog, em notas anteriores, sublinhou que a corrente
majoritária dos urbanistas entende as cidades como organismos vivos que crescem
e se expandem para várias direções, em função das possibilidades das pessoas e
das empresas. Assim, os bairros vão sendo construídos pela “racionalidade
econômica” dos moradores, demandando moradia, emprego, localização de
empresas...
2. A mobilidade, ou uso desse e daquele meio de deslocamento
individual ou coletivo, é parte disso. Os governos devem intervir para
potencializar os vetores positivos dessas dinâmicas e reprimir os negativos.
Mas sempre lembrando que o “dia de hoje” é produto complexo de tantas decisões
individuais, empresariais e governamentais. Produto complexo de décadas e
décadas.
3. O Centro do Rio tornou-se núcleo da cidade em 1567, no Morro do
Castelo. São 447 anos de decisões que foram conformando o que vemos hoje:
moradias, comércio, meios de transporte, tamanho das ruas, mãos das ruas,
sinalizações, etc.
4. O Centro do Rio foi o núcleo de espalhamento da cidade em
direção a seu entorno e depois às Zonas Sul e Norte. Este espalhamento a partir
do Centro como núcleo gerou infinitas conexões em todas as direções. Gerou
VASOS COMUNICANTES. Os transportes radiais eram e continuam sendo,
principalmente, em direção e vice-versa ao Centro da Cidade, mesmo depois do
crescimento de todos os bairros.
6. De repente, para acelerar as obras do túnel substituto da
perimetral e inaugurá-lo na atual administração, mudam-se radicalmente os
fluxos do Centro do Rio a partir da Avenida Rio Branco. Com isso, foram
afetadas todas as conexões construídas por décadas e décadas para todos os
lados e, especialmente, para seu entorno próximo. E os Vasos Comunicantes
reagiram.
7. Um caos anunciado e sem solução e que traz como rescaldo a
indignação das pessoas que são os atores desse organismo urbano vivo. O fluir
do tráfego – de veículos – pode até ocorrer como tráfego de latarias. Mas além
da indignação das pessoas que construíram suas vidas e mobilidades por anos em
função da previsibilidade do Centro do Rio, ainda afetará -e por isso mesmo- as
atividades econômicas no Centro. Produzirá um esvaziamento econômico e uma
desvalorização patrimonial, tanto maior quanto mais tempo durem essas mudanças
irresponsáveis.
8. Por isso, pelos Vasos Comunicantes, uma micro-manifestação em
qualquer ponto do Centro agrava o caos, como vimos na Avenida Francisco Bicalho
e na Praça da Cruz Vermelha. E os “manifestantes” descobrirão esse efeito caos
e o usarão para que seus protestos ganhem ainda maior destaque. O caos será
ampliado e multiplicado.
9. Quem viver... verá!
Título e Texto: Cesar Maia, 11-03-2014
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