quarta-feira, 12 de março de 2014

Vendo o trem da história passar...

Jonathas Filho

Estamos em Março de 2014, já passados 514 anos do “descobrimento” de Pindorama, que na linguagem tupi-guarani significa Terra das Palmeiras. Vendo o trem da História passar, o que aconteceu depois de 22 de Abril de 1500, no sentido da falta de Educação foi que a vida seguiu sem maiores modificações e assim continuaria na Terra de Vera Cruz, depois na Terra de Santa Cruz e até no hoje chamado nosso Brasil brasileiro.
Naquele tempo, habitado por indígenas divididos em milhares de grupos étnicos, essa terra tornou-se uma colônia de Portugal.

Seria a hora de se promover o desenvolvimento dessa enorme Colônia, propiciando de imediato a Educação do povo? Creio que não se pensava assim... não mesmo!

A sociedade daquela época, muito ao contrário, em 1530 inicia a escravidão dos negros africanos traficados para o Brasil.

Foram criadas várias leis de caráter abolicionista durante o governo de D.Pedro II, como a Lei Eusébio de Queiróz de 1850 que proibia o tráfico de escravos para o Brasil mas somente trinta e oito anos depois, em 1888, a Lei Áurea deu fim à escravidão. Aos negros africanos e seus descendentes, aos índios e ao povo em geral, até então nada de Educação. Só religião!

Em 1549, com a chegada dos padres jesuítas, mais uma vez, a religião foi imposta “goela abaixo” por mais de 200 anos e ainda assim sem a promoção da alfabetização ou da transferência de conhecimentos através de escolas e professores.

O “ensino” (religioso) continuou assim, até à expulsão dos jesuítas executada pelo Marquês de Pombal. Com a fuga da Família Real de Portugal em 1808, devido à invasão das tropas de Napoleão Bonaparte, Dom João VI (1767-1826), “proporcionou” a abertura de Academias Militares, Escolas de Direito e Medicina, fundou a Biblioteca Real, o Jardim Botânico além da abertura dos portos brasileiros às nações amigas.

Em 16 de Dezembro de 1815, passamos a ser um Reino Unido a Portugal e Algarves, mas apesar de deixar de ser Colonia, a Educação do povo em geral, continuou sem qualquer olhar importante. Vale lembrar que sem a educação de base, o acesso ao conhecimento superior torna-se impossível.
Elementar, meu caro Watson, diria Sherlock...

Nesse tempo, nas colônias espanholas já existiam um bom número de Universidades sendo que em 1538 fundou-se a Universidad de San Domingo, em 1551 a Universidad de Mexico e também a de Lima (Perú).
A nossa primeira Universidade só surgiu no Amazonas e é herdeira da Escola Universitária Livre de Manáos, fundada em 17 de janeiro de 1909. Um atraso desconcertante ou um planejamento tático? 

Motivado por um um golpe militar em 1889, chefiado pelo Marechal Deodoro da Fonseca, Pindorama se tornou República. Em latim, res publica significa “coisa pública” cuja estrutura, segundo Cícero, compõe-se de três pilares: o povo, os interesses comuns e o consenso do Direito.
A partir de então, ficou estabelecido o direito ao voto mas apenas aos que tivessem determinado nível de renda, circunscrito aos homens alfabetizados, que naquela época era uma fração muitíssimo pequena. Foram tentadas várias modificações mas, baldados os esforços de uns poucos - se bem observado for - a educação aqui em Pindorama não evoluiu em termos significativos de tamanho ou qualidade. A Educação de Base continuava igual à época colonial.
   
A  Constituição atual, formulada em 1988, define o Brasil como uma República Federativa, formada pela união do Distrito Federal e dos 26 estados e seus respectivos municípios, sendo que no Artigo 205 do Capítulo III é previsto que “ A EDUCAÇÃO É DIREITO DE TODOS E DEVER DO ESTADO E DA FAMÍLIA...”

Entretanto, a Educação brasileira, continua assim, nos dias de hoje, tendo as mesmas características utilizadas anteriormente; sem um planejamento de modelo pedagógico moderno, sem um número ideal de escolas e universidades equipadas e aparelhadas, sem recursos humanos compatíveis com o ensino do corpo discente e das reais necessidades do corpo docente.

Continuam, os professores e mestres,sem o reconhecimento salarial justo e digno do magistério público e também de todos aqueles que se esforçam para, de fato, tornar realidade “aquele” futuro melhor, sempre prometido para o desenvolvimento social, científico, tecnológico e administrativo dessa pátria amada salve, salve. 

Sempre prometida, principalmente nos palanques eleitorais, a Educação é mencionada como alicerce do progresso e desenvolvimento de uma nação mas, na maioria das vezes, é posteriormente descartada de qualquer ação que agregue melhoria, sendo relegada a um plano cujo esquecimento “normalmente” acontece.

Nessa situação, o nosso atraso é cada vez maior quando comparado com países desenvolvidos ou em desenvolvimento. Com o crescimento demográfico exponencial, típico dos povos sem educação e sem um programa eficaz de estruturação da educação e da erradicação do analfabetismo, provávelmente num futuro próximo, seremos uma nação de ignorantes, iletrados e consequentemente... de miseráveis. 

Sabe-se que quanto maior o número de escolas e quanto melhor a qualidade do ensino, aumenta-se o número de empregos e reduz-se sobremaneira a criminalidade.
Sem ver a EDUCAÇÃO como todos gostariam, mas vendo os privilégios com que são tratados outros “segmentos” dessa nossa sociedade brazuca (e as de outras plagas também), com certeza perderemos o transporte para o conhecimento e desenvolvimento e ficaremos na plataforma da vida, vendo mas... sem entender porque o trem não parou para nós seguirmos com destino àquele futuro tão expressivamente discursado... ao longo da história da tão querida terra brasilis.
Título e Texto: Jonathas Filho, 12-03-2014

2 comentários:

  1. Paulo D.M.Contreiras12 de março de 2014 às 15:38

    Belo trabalho Jonathas Filho. Certamente o lema é : Não educar para poder manipular ! Abraços.

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  2. Obrigado Paulo Contreiras. É certo que é muito mais fácil "convencer" aqueles não tem conhecimento nem entendimento e por isso, é nosso dever ajudar aos menos favorecidos à entender como a política funciona e assim votar certo além de estimulá-los à estudar e aprender pois assim, mais tarde saberão não só os deveres mas também os direitos deles.Jonathas Filho

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