sábado, 11 de fevereiro de 2017

O horror, o horror!

Rodrigo Constantino

Qualquer pai percebe algo importante logo no começo da vida dos filhos: eles reagem a incentivos. Castigos importam justamente por isso: impõem um limite fundamental na formação das pessoas. O medo de ser punido é fator relevante na tomada de decisão, especialmente quando o guri pretende transgredir alguma regra.

Essa noção tão básica e evidente está por trás de premissas do conservadorismo e do liberalismo. Curiosamente, ela não faz parte dos manuais esquerdistas. E quanto maior for o currículo Lattes do “intelectual” de esquerda, maior a probabilidade de ele ignorar essa obviedade.

É preciso ler muito Rousseau ou a Escola de Frankfurt para conseguir concluir que o homem nasce um “bom selvagem”, e que é a sociedade e a propriedade que o corrompem. É necessária uma dose cavalar de alienação do mundo real, que só pensadores enfurnados em seus escritórios conseguem consumir. Bastava uma observação da vida cá fora para derrubar teses enormes de doutorado.

Acusar a instituição policial de “fascista” e pregar sua abolição ou “desmilitarização”, com base em teorias como a da “microfísica do poder”, é algo que só mesmo um profundo conhecedor de Foucault seria capaz de fazer, mas nunca um conhecedor da natureza humana. Esse sabe que sem uma PM bem armada, a bandidagem ficará mais ousada.

O socialista Marcelo Freixo pensa que basta iluminar praças para conter a criminalidade. Vamos combater marginais com postes!

O socialista Marcelo Freixo, adorado pela esquerda caviar carioca, pensa que basta iluminar praças para conter a criminalidade. Vamos combater marginais com postes! Pacifistas acreditam que com camisas brancas e pombas estampadas, cantando “Imagine”, vão mudar o mundo. E muitos aplaudem o desarmamento do cidadão de bem, como se a arma fosse a culpada pelo crime, não o bandido.

A prática dessas teses malucas foi observada no Espírito Santo. Se a polícia realmente sai de cena, o que temos não é uma roda de capoeira comunitária, mas o caos. E nenhum esquerdista foi lá acalmar o povo com discursos bonitos…

Se Rousseau influenciou inúmeros “intelectuais” vaidosos com suas bobagens românticas, Hobbes preferiu dizer a verdade nua e crua, concluindo que o homem é o lobo do homem em seu estado natural. Mas o pensador inglês não é tão influente nos meios intelectuais, pois sua retórica não é sensacionalista e não agrada quem vive apenas para a estética.

Joseph Conrad, em “O Coração das Trevas”, usa a colonização belga no Congo para retratar o resultado da suspensão da civilização e o que ela representa, com seus valores morais e limites institucionais: sobra apenas a barbárie. Ou, como diz um personagem do livro, “o horror, o horror! ”
Título e Texto: Rodrigo Constantino, IstoÉ, 10-2-2017

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