Plinio Corrêa de Oliveira
Conta-se que um célebre
professor de escultura ateniense deu certa vez a seus alunos, para concurso, a
tarefa de esculpirem uma mulher que fosse um modelo consumado de beleza física.
Apresentados os trabalhos,
dois se salientaram dos demais pela habilidade de sua composição.
Um era de autoria de um persa
que concretizara no mármore o ideal de beleza de seus conterrâneos: uma formosa
e riquíssima mulher, adornada com fazendas maravilhosamente ricas, estofos
preciosos e joias sedutoras.
O grego apresentou uma obra
simples: dotada da serenidade clássica de seus traços helênicos, uma ateniense
majestosa no porte, altiva no olhar, formosa em todos os detalhes de sua beleza
impecável. Era seu traje apenas uma simples túnica que a cobria até os pés.
![]() |
Majestosa no porte, altiva no
olhar, formosa em todos os detalhes de sua beleza impecável. Era seu traje
apenas uma simples túnica que a cobria até os pés.
|
Depois de muito pensar, o
professor concedeu ao grego o prêmio da vitória. E ao persa, que lhe perguntara
indignado qual a causa da preferência, respondeu apontando-lhe sua obra: “Se
a esculpiste rica, é porque não a soubeste fazer bela”.
Em matéria de questões
doutrinárias, sigo integralmente o modo de ver do professor ateniense. Quando
procuramos envolver nossos argumentos na roupagem suntuosa de eloquentes
imagens, ou nos fazemos compreender mal ou alongamos sem necessidade um
trabalho que em menos tempo se leva com igual proveito.
É certo que há pessoas que só
leem artigos devidamente açucarados por meia dúzia de floreios de imaginação.
Não podem suportar a aridez de certas questões.
Estas pessoas lembram certos
meninos preguiçosos que, sem se darem ao trabalho de estudar, se julgam com
direito a todos os prêmios. Quem não tem a força de vontade de ler um artigo
árido sobre uma questão também árida, e recorre infalivelmente aos trabalhinhos
adocicados em que o sentimentalismo mutila os raciocínios, e a brevidade e
superficialidade da argumentação deformam as ideias, NÃO TEM O DIREITO DE
FORMAR OPINIÃO SOBRE ASSUNTOS COMPLEXOS. É quase uma questão de probidade
intelectual.
Trecho do artigo de Plinio
Corrêa de Oliveira em “O Legionário”, 8-3-1931, ABIM,
16-1-2018
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-