Cesar Maia
1. Se excluirmos os últimos seis meses dos governos que já fazem
parte da campanha eleitoral, o mandato do prefeito Marcelo Crivella [foto], do Rio de Janeiro, já
ultrapassou 35% de seu tempo, ou quinze meses.
2. Há uma máxima atribuída a
Maquiavel que afirma que maldade se faz de uma vez e bondade aos pouquinhos. Se
vale esta máxima, a marca da gestão de Crivella tem sido do anti-maquiavelismo.
Se supõe que os governos eleitos definiram suas prioridades na campanha e
detalharam após a vitória eleitoral.
3. E que nas primeiras semanas de governo aplicam essas medidas
prioritárias. E especialmente aquelas que podem produzir desgaste de opinião
pública. Superada essa fase inicial, inicia-se –de fato – o governo. Mas o que
tem ocorrido na prefeitura do Rio é o contrário disso.
4. Os discursos criticando a "herança recebida", naturais
no início de qualquer governo, se estendem. Foram anunciadas
"maldades" justificadas – pelo prefeito – pela penúria das contas da
prefeitura que teria recebido. Desde janeiro, todo dia se anuncia alguma
"maldade". Mas, para valer – no início – apenas uma anunciada foi
aplicada: o aumento do IPTU, assim mesmo mitigada por emendas de vereadores
pelo parcelamento em duas vezes. E o resultado do pagamento antecipado mostrou um
crescimento de apenas uns 4% por conta do aumento do IPTU.
5. Os cortes permanentes de despesas que deveriam estar
concentrados nas primeiras semanas continuam quinze meses depois. E o desgaste
por eles é enorme. Agora, recentemente, baixou decreto terminando o abono
permanência quando o servidor opta por continuar trabalhando. Quem aconselhou
essa medida certamente foi um péssimo aluno de matemática desde o ensino
fundamental.
6. Simultaneamente – lembro, quinze meses após a posse – é
encaminhado à Câmara Municipal, projeto de lei taxando os aposentados e
pensionistas em 11%, nas faixas acima da isenção do imposto de renda. A
tramitação desse projeto de lei, independente da votação final, agravará o
desgaste de opinião pública do prefeito.
7. Os problemas de conservação dos bueiros que têm agravado as enchentes que se repetem, em vez de reativarem os programas anteriormente existentes, a proposta do prefeito é colocar sinais eletrônicos nos bueiros para acusar entupimento. Os servidores da prefeitura da área de conservação tomaram como piada.
8. Nos últimos dias, um programa criado há uns vinte anos – Ônibus
da Liberdade – em que crianças da rede escolar que moram na periferia da
periferia e têm que caminhar com as mães quase uns dois quilômetros para chegar
à via principal onde passam os ônibus que têm gratuidade, está sendo fortemente
reduzido. As crianças eram entregues pelas mães às assistentes sociais nos
micro-ônibus, na porta de suas casas e chegavam com segurança a suas escolas, o
que reduzia as faltas e aumentava a produtividade escolar. E facilitava o emprego
das mães.
9. Bem, fiquemos por aqui, pois é um rosário – dia a dia – de
maldades. Todas elas têm a mesma desculpa: os problemas financeiros da
prefeitura. Outro dia, uma professora municipal falava bem alto na porta da
escola, parafraseando Cicero (filósofo romano, 63 a.C.): Quousque tandem abutere, Catilina, patientia nostra? (Até quando,
Catilina, abusarás de nossa paciência?).
Título e Texto: Cesar Maia, 5-3-2018
Título e Texto: Cesar Maia, 5-3-2018
Como diria meu Mestre Wandick Londres da Nobrega: Aura et underpaid.
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