sexta-feira, 5 de julho de 2019

Coitadinho do ministro!

Telmo Azevedo Fernandes

Verti uma lágrima de comoção ao ler a parte da entrevista do ministro Siza Vieira ao Observador [foto] em que o dito cujo revela que foram para ele “situações pessoalmente, muito penosas” as polémicas em que se viu envolvido em torno das suas incompatibilidades. Diz ele que “isso desencoraja muita gente de poder corresponder a um impulso de serviço público“. Eis um verdadeiro altruísta!

Conhecendo-se tudo o que se conhece sobre António Costa, a sua falta de vergonha na cara, a relação muito difícil que tem com a verdade e uma ética não exatamente de padrão comum a gente digna, bastava ao ministro Pedro aceitar integrar este governo para ficarmos apreensivos, atentos à sua conduta e sujeita-lo a escrutínio.

Mas Siza afirma que a culpa disto tudo é da sua mulher. Com um convite para o executivo em cima da mesa, foi ela que o pressionou a “arrumar 30 anos de vida profissional” em dois dias. Não sei se isto é atitude de um machista ou de uma vítima de violência doméstica. Fica à melhor interpretação dos leitores.

Algo que o ministro não explica é absoluta e inadiável necessidade de, para esse efeito de arrumação, ser obrigado a formar uma empresa com a mulher na véspera de tomar posse. Não poderia fazê-lo dois dias depois, por exemplo? E em que medida “preservar estas coisas” (o patrimônio familiar) numa empresa fica mais salvaguardado do que a título pessoal?

Mas, independentemente da bondade das intenções do Dr. Vieira, o que é facto é que ele está condicionado como qualquer cidadão a cumprir a lei e os regulamentos, pelo que conforme foi à época aqui assinalado resulta obtuso que se considere para o momento de renúncia à gerência da sociedade com a esposa a data que consta de uma carta e não a definida por Lei para cumprimento efetivo da obrigação.

O Observador não confrontou Pedro Siza Vieira com outras situações polêmicas e este aproveitou para passar por cima do caso inédito de um ministro da Economia pedir escusa de decisões que envolvam matérias relacionadas com a indústria hoteleira nacional, cujo respectivo lobby corporativo é dirigido pela sua esposa.

Já antes PSV tinha pedido escusa de matérias respeitantes ao setor eléctrico, entre outros tema em que a firma Linklaters à qual pertencia teve um papel negocial e de representação de interesses, antes de Siza Vieira transitar para o Governo liderado pelo seu amigo pessoal António Costa.

Enfim, com tanta escusa era escusado ser ministro e escusado tomar-nos por lorpas.
Título, Imagem e Texto: Telmo Azevedo Fernandes, Blasfémias, 5-7-2019

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