J. L. Braga
Embora o Brasil mantenha as
estruturas formais de uma democracia — eleições periódicas, um Congresso
eleito, e um Supremo Tribunal Federal ativo — a realidade revela um cenário
profundamente distorcido face ao ideal democrático. O que existe hoje é uma democracia
apenas de fachada, onde os princípios de separação de poderes, imparcialidade
da justiça e respeito pelas garantias fundamentais estão gravemente
comprometidos.
O epicentro desta distorção
encontra-se no Supremo Tribunal Federal, em especial na figura do ministro
Alexandre de Moraes, cuja atuação concentra poderes excecionais e sem
precedentes. Ele acumula as funções de investigador, acusador e juiz,
conduzindo inquéritos que, segundo diversos juristas, violam o devido processo
legal. A sua atuação tem resultado em prisões políticas, censura prévia,
bloqueios de redes sociais, suspensão de mandatos parlamentares e perseguições
contra jornalistas e opositores.
Um exemplo concreto desta
escalada autoritária é o caso da deputada Carla Zambelli, atualmente detida em
Itália na sequência de um mandado de captura internacional emitido por
Alexandre de Moraes, que hoje é visto por muitos — dentro e fora do Brasil — como
um ditador judicial. A ordem de detenção, de motivação política, ignora o facto
de Zambelli também possuir dupla nacionalidade italiana e não apresentar um
risco concreto que justifique uma medida tão extrema, ainda para mais num
cenário de grave desequilíbrio institucional do país de origem.
A situação agrava-se com o facto de que o Senado Federal, órgão constitucionalmente responsável por julgar ministros do STF por crimes de responsabilidade, não desempenha essa função. A explicação é política: muitos senadores têm pendências judiciais ou receio de serem alvo de investigações conduzidas ou autorizadas pelo próprio Moraes. Isto gera um clima de chantagem institucional silenciosa, em que o Senado se omite por autopreservação, tornando-se refém do Judiciário.
O cenário tornou-se ainda mais
grave após o Governo dos Estados Unidos aplicar sanções formais contra
Alexandre de Moraes, com base na Lei Global Magnitsky, utilizada para punir
indivíduos envolvidos em graves violações de direitos humanos. Esta sanção internacional,
inédita contra um ministro de corte constitucional num país democrático,
reforça a percepção externa de que o Brasil atravessa um momento de
autoritarismo judicial.
Quando o Judiciário se torna
intocável, o Legislativo se acovarda e a oposição é perseguida ou silenciada, a
democracia deixa de existir de facto, mesmo que continue a existir no papel. O
que o Brasil vive hoje é um regime de concentração de poder sob aparência
legal, em que as instituições servem para legitimar decisões arbitrárias, e não
para proteger liberdades.
Neste contexto, cidadãos como
Carla Zambelli, agora alvo de perseguição política internacionalmente visível,
têm motivos legítimos para temer pela sua liberdade e integridade caso sejam
forçados a regressar ao Brasil. A democracia brasileira, como antes concebida,
já não existe na prática — e o país vive hoje sob um sistema em que a vontade
de um único magistrado supera e subjuga o equilíbrio constitucional entre os
três poderes.
Título, Imagem e Texto: J. L. Braga, Facebook, 1-8-2025
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Parabéns, Lindinho!
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ResponderExcluirPensei que essa desgraça já estivesse no inferno. Não parece o capeta?
ResponderExcluirAparecido Raimundo de Souza
De Vila Velha ES
Sem tirar, nem por.
ResponderExcluirCarina
Ca
Em Vila Velha ES