sábado, 20 de novembro de 2010

A professora de Português (da série "Páginas de vida: que me ensinaram...")

Capítulo anterior:

Cartão postal, escaneado por JP

Quando ingressei na Escola Industrial de Luanda contei com a gentileza de um vizinho que recortou uma coroa na minha cabeça. Explico melhor: era praxe naquela escola e naqueles tempos os veteranos fazerem uma coroa nas cabeças dos calouros. Algumas coroas eram terríveis, iam de orelha a orelha.  Daí o cuidado e a precaução em pedir ao vizinho veterano que me fizesse uma, bem pequenina. E assim foi. Quando cheguei à Escola, no primeiro dia, já ia com a coroa. Sem chance para o azar.
A praxe consistia ainda nos veteranos ao avistarem um calouro ordenavam: “Baixa, calouro!” E ao calouro de baixar a cabeça. A maioria dos veteranos se dava por satisfeita. Uma minoria, dava um tapinha na coroa. E uma minoria da minoria dava um tapão.
A minha professora de português era um doce, em ambos sentidos. A propósito, eu era um excelente aluno em português. A ponto do “excesso” da nota em Português servir, sempre, para colmatar a negativa em Matemática. Quer dizer, por exemplo, naquele trimestre a minha média em Português era 17 (sobre 20), e a de Matemática, 7 ou 8… Aí, tiravam um ou dois valores da média de Português e acrescentavam à média da Matemática. Se assim não fosse, não me imagino passar do quinto ano de escolaridade…
Voltando à professora de Português, julgo que os mil alunos da Escola Industrial de Luanda, em 1961, 62, 63, estavam apaixonados por aquela professorinha. Eu também.
Próximo capítulo:
A vida que levei me levou a não gostar de nacionalismos

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