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Foto: Público |
Olá, estimadíssimos leitora e leitor:
Não, não ignorei os últimos acontecimentos em Portugal! Tive compromissos pessoais e familiares que substituiram o tempo que costumo dedicar a este canto. Pois então, vamos começar pela capa do jornal "Diário de Notícias", do dia 07 de abril de 2011:
"Sócrates pede a ajuda que sempre recusou"
O dia começou com o Governo a negar o "Financial Times" de que já negociava com a UE. No entanto, ao fim da tarde, Teixeira dos Santos revelava a um jornal que Portugal ia recorrer ao resgate.
Duas horas depois, o primeiro-ministro falou aos portugueses. "É preciso dar este passo. Não tomar essa decisão acarretaria riscos que o País não deve correr", disse Sócrates na sua declaração.
O líder do PSD, Passos Coelho, reagiu a seguir: "Este pedido de ajuda faz-se para que os portugueses vivam com menos angústia", frisou.
A seguir transcrevo o texto de João Miguel Tavares, originariamente publicado no "Correio da Manhã", do dia 25 de março (o título da postagem é de JMT):
José Sócrates fez demasiado mal a Portugal, durante demasiado tempo. Os juros da dívida podem continuar a crescer, as futuras medidas do PEC podem ser iguais às que ele iria tomar, o FMI pode vir a assentar arraiais no Terreiro do Paço, o mundo como o conhecemos pode até acabar – ainda assim, a sua demissão não deixará nunca de ser uma excelente notícia.
José Sócrates não foi apenas um primeiro-ministro incompetente. Ele destruiu a confiança nas instituições, apagou por completo a linha que separa a verdade da mentira e atirou a política para as ruas da amargura, impondo a teoria do "eles são todos iguais". E se eles são todos iguais, porque não ficarmos então com Sócrates, que tem tanta energia e sabe mostrar quem manda?
O grande trabalho que os partidos têm de fazer a partir daqui é quebrar este círculo. Tão importante como apresentar uma estratégia alternativa e definir um rumo para o país é demonstrar aos portugueses que, apesar de tudo, os políticos não são todos iguais. Que na vida pública a linha que separa a verdade da mentira pode por vezes parecer difusa, mas existe. Que a actuação de José Sócrates ao longo dos últimos anos está muito para além das divergências entre esquerda e direita – ele foi efectivamente um tiranete da Beira, como bem lhe chamou Vasco Pulido Valente. Um tiranete que tivemos o supremo azar de ter como primeiro-ministro numa altura em que as exigências do mundo estavam muito para lá das suas pobres capacidades e de uma inteligência exclusivamente direccionada para a politiquice rasteira, para os jogos de poder e para a leitura do teleponto.
É verdade que Sócrates, por enquanto, vai continuar por aí. Mas votar nele nas próximas eleições seria o mesmo que votar Marcelo Caetano em 1974. Não é uma questão de ideologia. É uma questão de democracia.
João Miguel Tavares, Correio da Manhã, março 2011
A preocupação de José Sócrates com a imagem
Eis como o "Público" noticiou esta preocupação:
Telegenia preocupa José Sócrates antes de anunciar ajuda externa
“Ó Luís, vê lá na... como é que fico a olhar pròs...” O pedido de José Sócrates para que se avaliasse a sua telegenia, momentos antes da declaração que oficializou o pedido de ajuda externa, transmitida pelas televisões, está a ser partilhado com comentários jocosos e outros de indignação.
Os sapatos de Sócrates
Minutos antes de Sócrates anunciar ao País que capitulava, perguntou ao assessor que estava por perto se estava bem assim, à frente da câmara. Instantes como este há muitos, quase sempre irrelevantes. Com Sócrates, no entanto, aqueles breves segundos de vaidade lunática voltaram a denunciar um homem que vive em incesto com o próprio ego, um governante que no momento histórico em que vai assumir uma derrota política esmagadora ainda consegue preocupar-se com os acessórios de imagem - talvez até tenha meditado sobre a cor dos sapatos (estes ou aqueles?). Não há dúvida: é um desfecho pequenino para alguém que, há já muito tempo, teria merecido um epílogo menos caricatural. Mas foi nisso que Sócrates se transformou: numa caricatura dos seus defeitos. Até certa altura, fez todo o sentido que tivesse rejeitado o apoio (caro e recessivo) de Bruxelas. Havia, de facto, uma janela que se poderia abrir. A UE poderia apresentar um pacote mais preocupado com o crescimento e não apenas com a dívida. Desde Novembro ficou claro que não seria assim. Os juros que o País tem pago e o tempo desperdiçado (agora aceitamos tudo de joelhos) são a herança que Sócrates nos deixa. Espelho meu, espelho meu, haverá primeiro-ministro mais belo do que eu?
André Macedo, Diário de Notícias, 07-04-2011
Edição: JP
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