segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Pintando o Se7e - A Quaresma de sete anos

José Carlos Bolognese
Na terra dos tolos, onde só o que não falta é circo, o sete que começa a pintar no horizonte dos variguianos não é nada carnavalesco. Com cara de Quarta-feira de Cinzas, é uma estranha Quaresma chegando aos sete anos de idade. Desfilando um enredo que não se presta a um festejo momesco – a não ser pelos milhares de palhaços no salão – o tema é mais para uma ópera trágica em andamento. Como a cortina não desce nem a pau, vão caindo uma a uma as tristes personagens diante de uma plateia de indiferentes Dilmas, Lulas, Adams et caterva, multiplicados graças ao fermento da ignorância e da arrogância e misturados a altas doses de injustiça.
Mas nós, os palhaços do salão, cometemos o erro de fazer tudo certo... no lugar errado! Na terra da ficha limpa, são os fichas muito sujas que mandam. E talvez eles precisem mesmo de poder... porque só ele (os) absolve. Que seria deles sem o exército de aspones a correr para apagar os traços obscuros dos lançamentos de nulidades ao espaço generoso do comando do país e das senhas dos cofres? Ou sem a imprensa amestrada pelas gordíssimas verbas da publicidade oficial?
Aos palhaços do salão – sem mensalão – cabe aceitar que uma câmara de gás pode funcionar legalmente e matar...desde que o alvará esteja em dia. E que poucos dias depois se venha com a esfarrapada desculpa de sequestrar os bens dos culpados pela tragédia para ressarcir as vítimas e suas famílias. O que até seria justo se não fosse impossível e não passasse de maldosa desculpa para quem compartilha responsabilidade em alto grau, tanto ou mais do que os irresponsáveis que causaram tanto mal. Porque será que sempre, em casos como esse – e do Aerus também – aparecem os cretinos a dizer que não cabe à sociedade arcar com o prejuízo? Porque, convenhamos, é a fórmula perfeita: Levam-se anos para condenar alguém e fazer cumprir a sentença – haja recursos.
Enquanto isso o estado, com o envolvimento devidamente provado ainda que só pela lógica, vai fazendo os tolos acreditarem que quando se executarem as sentenças dos culpados ainda vai sobrar dinheiro deles para pagar alguma coisa. E o estado vai tirando o dele da reta pelo passar do tempo, esquecimento, carnaval, Copa, Olimpíada e etc. Isto só não é claro para quem não sabe a diferença entre uma fatia de mortadela e um carro de fórmula 1.
A uma sociedade contemplada com o direito sagrado do voto também cabe o benefício ou o ônus da escolha. Não adianta esquecer em quem votou ou não gostar de política. Os eleitos porém, gostam da política de que não gostamos, mas são os primeiros a esquecer o que disseram para ganhar os votos. No entanto são eles que nomeiam, indicam e etc., os elementos que vão ou não fazer funcionar a máquina do estado. Que vai, com poucas exceções funcionar bem, mas invariavelmente, furtivamente, enquanto não revelado por escândalos e tragédias, vai operar muito mal e contra quem dela depende e paga a conta.
Se pagar é inevitável – até porque o compromisso começa na hora de votar – a cobrança devia ser parte da natureza de quem vota... e paga! E somar a essa cobrança a inteligência de não aceitar as versões oficiais para tudo. Até porque se sociedade deve ser preservada de arcar com gastos indevidos, isto deveria começar pelos erros de má governança, ocupações de cargos importantes por interesses políticos em detrimento da eficiência e respeito ao eleitor/contribuinte e, mais que por tudo isto, pela corrupção. Mas também não isentar o eleitor que votou mal.
Eu continuo esperando solução para o Aerus, porque é a única saída para mim e para muitos como eu. E ainda que pudesse voltar no tempo e fazer as coisas que “dão certo”, como fazem muitos políticos & corruptos, talvez fosse apenas mais cauteloso ou ia embora daqui, mas basicamente faria as mesmas que não me arrependo de ter feito.
N.R. “Político & corrupto” na mesma frase está virando lugar-comum. Que se esforcem os bons políticos para reverter este quase estigma.
Título e Texto: José Carlos Bolognese, 18-02-2013

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