José Carlos Bolognese
Na terra dos tolos, onde só o
que não falta é circo, o sete que começa a pintar no horizonte dos variguianos
não é nada carnavalesco. Com cara de Quarta-feira de Cinzas, é uma estranha
Quaresma chegando aos sete anos de idade. Desfilando um enredo que não se
presta a um festejo momesco – a não ser pelos milhares de palhaços no salão – o
tema é mais para uma ópera trágica em andamento. Como a cortina não desce nem a
pau, vão caindo uma a uma as tristes personagens diante de uma plateia de
indiferentes Dilmas, Lulas, Adams et caterva, multiplicados graças ao fermento
da ignorância e da arrogância e misturados a altas doses de injustiça.
Mas nós, os palhaços do salão,
cometemos o erro de fazer tudo certo... no lugar errado! Na terra da ficha
limpa, são os fichas muito sujas que mandam. E talvez eles precisem mesmo de
poder... porque só ele (os) absolve. Que seria deles sem o exército de aspones
a correr para apagar os traços obscuros dos lançamentos de nulidades ao espaço
generoso do comando do país e das senhas dos cofres? Ou sem a imprensa
amestrada pelas gordíssimas verbas da publicidade oficial?
Aos palhaços do salão – sem
mensalão – cabe aceitar que uma câmara de gás pode funcionar legalmente e
matar...desde que o alvará esteja em dia. E que poucos dias depois se venha com
a esfarrapada desculpa de sequestrar os bens dos culpados pela tragédia para
ressarcir as vítimas e suas famílias. O que até seria justo se não fosse
impossível e não passasse de maldosa desculpa para quem compartilha
responsabilidade em alto grau, tanto ou mais do que os irresponsáveis que
causaram tanto mal. Porque será que sempre, em casos como esse – e do Aerus
também – aparecem os cretinos a dizer que não cabe à sociedade arcar com o
prejuízo? Porque, convenhamos, é a fórmula perfeita: Levam-se anos para
condenar alguém e fazer cumprir a sentença – haja recursos.
Enquanto isso o estado, com o
envolvimento devidamente provado ainda que só pela lógica, vai fazendo os tolos
acreditarem que quando se executarem as sentenças dos culpados ainda vai sobrar
dinheiro deles para pagar alguma coisa. E o estado vai tirando o dele da reta
pelo passar do tempo, esquecimento, carnaval, Copa, Olimpíada e etc. Isto só
não é claro para quem não sabe a diferença entre uma fatia de mortadela e um
carro de fórmula 1.
A uma sociedade contemplada
com o direito sagrado do voto também cabe o benefício ou o ônus da escolha. Não
adianta esquecer em quem votou ou não gostar de política. Os eleitos porém,
gostam da política de que não gostamos, mas são os primeiros a esquecer o que
disseram para ganhar os votos. No entanto são eles que nomeiam, indicam e etc.,
os elementos que vão ou não fazer funcionar a máquina do estado. Que vai, com
poucas exceções funcionar bem, mas invariavelmente, furtivamente, enquanto não
revelado por escândalos e tragédias, vai operar muito mal e contra quem dela
depende e paga a conta.
Se pagar é inevitável – até
porque o compromisso começa na hora de votar – a cobrança devia ser parte da
natureza de quem vota... e paga! E somar a essa cobrança a inteligência de não
aceitar as versões oficiais para tudo. Até porque se sociedade deve ser
preservada de arcar com gastos indevidos, isto deveria começar pelos erros de
má governança, ocupações de cargos importantes por interesses políticos em
detrimento da eficiência e respeito ao eleitor/contribuinte e, mais que por
tudo isto, pela corrupção. Mas também não isentar o eleitor que votou mal.
Eu continuo esperando solução
para o Aerus, porque é a única saída para mim e para muitos como eu. E ainda
que pudesse voltar no tempo e fazer as coisas que “dão certo”, como fazem muitos
políticos & corruptos, talvez fosse apenas mais cauteloso ou ia embora
daqui, mas basicamente faria as mesmas que não me arrependo de ter feito.
N.R. “Político & corrupto”
na mesma frase está virando lugar-comum. Que se esforcem os bons políticos para
reverter este quase estigma.
Título e Texto: José Carlos Bolognese, 18-02-2013
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