terça-feira, 30 de abril de 2013

Hora de mudar o ECA

Myrian Macedo
Fernando Haddad afirmou que é contra a redução da maioridade penal e que acha difícil que o tema avance no Congresso Nacional, respaldando a sua tese no fato de que temos uma população carcerária das maiores do mundo em condições impróprias. Talvez, então, não devamos “mexer” no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), deixando os menores infratores soltos nas ruas, já que ninguém providenciou lugar próprio para eles. Ora, senhor Haddad, o que o senhor deveria fazer é apoiar a iniciativa de Geraldo Alckmin, que propôs a revisão deste estatuto. Do jeito que está não pode ficar, algo tem de ser feito, e com a máxima urgência! O prefeito de São Paulo também mencionou a “tese” de que essa questão necessita ser debatida profundamente, pois a população, em momento de comoção, tem a tendência de aprovar, em outras palavras, qualquer coisa. Momentos de comoção estamos vivendo há muitos anos, pois é um crime hediondo atrás do outro. E tempo já houve para que olhassem para esse tema, o que não houve foi “boa vontade” nem senso de responsabilidade e competência por praticamente nenhum de nossos representantes. No último sábado, estive na passeata na Avenida Paulista, onde número enorme de famílias esteve presente para exigir mudanças nas leis penais e no ECA. Aconselho o senhor Haddad a ir à próxima passeata para tomar conhecimento de que não se trata há muito de um caso isolado aqui, outro ali. Para se inteirar de que vivemos uma guerra no nosso dia a dia, tentando sobreviver a este governo que não se movimenta em direção da sociedade, para protegê-la de bandidos cruéis e sem respeito à vida. Para entender que hoje se mata por divertimento, com prazer. Para viver de perto o drama de famílias destroçadas, incapazes de superar o descaso de nossas autoridades, pois seus filhos ou amigos perderam sua vida tragicamente, e estão lutando para proteger seus outros filhos e os filhos de todos nós. Para ver as lágrimas vertidas em pronunciamentos de quem tem uma dor que nunca será curada! O senhor prefeito precisa tomar conhecimento das estatísticas para, no mínimo, não dizer que é uma comoção simplesmente: é, além de tristeza dolorida, um pedido desesperado de socorro! A vida, senhor prefeito, pede passagem. Pede, não, exige!
Título e Texto: Myrian Macedo, São Paulo, 30-04-2013
Foto: Marcelo Camargo/ABr

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