terça-feira, 2 de abril de 2013

Um insignificante

Leio na revista mensal “Courrier Internacional” uma transcrição da matéria de Eduardo Febbro, articulista do jornal argentino “Página 12” (o mesmo de Horacio Verbitsky, o difamador do novo Papa):
Hugo Chávez, o líder diabolizado pelo Ocidente
Chávez acabava por ser um adversário cômodo, mais que não fosse por permitir a políticos e intelectuais ocidentais mostrar boa consciência, ao criticá-lo. Com ele desaparecido, pergunta este jornal argentino, quem passará a ser o querido inimigo do Ocidente?
O Sr. Eduardo Febbro escreve de Paris. Só se fosse em Paris que os “intelectuais ocidentais” diabolizassem o falecido dirigente venezuelano, pois não me consta que o fizessem em outras cidades… Muito provavelmente, prezado Francisco, você pode nos ajudar: você conhece algum “intelectual ocidental“ que comentasse em páginas de jornais e revistas, dia sim dia não, sobre o santo Chávez? Você conhece algum “intelectual ocidental” que perorasse, dia sim dia não, em canais de TV contra esse santo?


Hugo Chávez Frías foi um personagem importante para o povo venezuelano, pois conseguiu, em menos de duas décadas, empobrecer de forma severa seus concidadãos, desendustrializar seu país, entregá-lo aos cubanos que estão infiltrados em todos os setores do governo e da vida venezuelana, afugentar todos os capitais que eram empregados no país para vizinhos mais confiáveis, como a Colômbia, o Chile, e até o Brasil. Essa diáspora financeira levou no seu bojo os melhores cérebros e a mão de obra especializada que era abundante na Venezuela antes de Chávez. A coisa por lá está tão ruim que a própria PDVSA está com suas instalações em péssimas condições pela falta de mão de obra necessária para a sua diuturna e exigente manutenção.
O interessante foi notar que os que mais falavam contra Chávez eram os que mais o temiam, pela proximidade, como era caso da Colômbia, do Panamá, e do Peru. Brasil, Argentina, Equador e Bolívia, também o temiam, mas a identidade ideológica de seus governantes escondiam esse fato ao fazê-los posar de amigos e aliados. O Brasil, apesar dos afagos e puxões de saco, teve o bom senso de manter-se a uma distância segura do caudilho verborrágico e insultuoso, quando não se engajou no famigerado gasoduto que ligaria a Venezuela à Argentina, passando, em grande parte, pelo Brasil, bem como acautelou-se e permaneceu distante da intenção do venezuelano de criar um Banco da UNASUL, que absorveria o BNDES, logo a joia da coroa do petismo brasileiro. A Argentina, que aceitou o dinheiro de Chávez para financiar as suas 'bondades socialistas', está em queda livre e numa situação econômica e política (e pois social) tão periclitante como jamais esteve no passado, até mesmo durante a ditadura militar.
Os americanos, na verdade, se limitaram a dar notícias do que ocorria na Venezuela sem entrar em choque direto com Caracas. Não precisaram! O chavezismo se encarregou de entrar em 'choque' com Washington, expulsar embaixadores, e outras peripécias meramente decorativas, porque era do "império" que vinha o grosso do dinheiro da venda do petróleo e a PDVSA, que ainda se dava ao luxo de ter uma rede de exploração, refino, e distribuição de combustiveis dentro dos EUA, coisa impensável de ocorrer no sentido contrário.
O antiamericanismo de Chávez era para consumo interno. Da mesma forma que a petezada e a esquerda carnavalesca faz aqui em Pindorama. Mas, no fundo, todos os sul-americanos amam e admiram os estadunidenses, com exceção daqueles que cultivam um ódio que fede a inveja, a "dor-de-cotovelo" pelas próprias incapacidades dos "perfeitos idiotas latino-americanos".
Os chavezistas terão muito trabalho em manter o culto à memória de seu "ídolo", mas isso só será possível se continuarem no poder - o que não é muito difícil que ocorra - e fazer com que o "socialismo del siglo XXI" melhore o nível de vida dos venezuelanos - o que me parece amplamente impossível.
Os que tinham medo de Chávez - tanto os que o atacavam como os que o adulavam e o chamavam de aliado – estão, na verdade, profundamente aliviados com o seu desaparecimento. Lá com seus botões devem estar pensando: "bendita seja a porcaria da medicina cubana". A imprensa, por sua vez – como é o caso do jornal argentino de esquerda radical "Pagina 12" – vai continuar endeusando Chávez, por sua tendência de apoiar o caudilhismo e as ditaduras socialistas, mas também vai esquecer o gajo depressa, como farão os jornais mais conservadores, de maior peso jornalístico e direcionados à elite 'pensante', mesmo porque de nada adianta ficar 'chutando cachorro morto'. A bola da vez é o 'pelego herdeiro de Chávez', que logo poderá estar caindo de 'maduro' (desculpe, mas não resisti ao trocadilho)
O senhor Eduardo Febbro é mais um dos jornalistas socialistas que pululam na festa gramsciana que não tem data para acabar na América latina e o que ele eufemisa como "almas bem-pensantes e democratas honestos", decerto se refere aos que pensam como ele. Implicitamente, os demais são mentes mal-pensantes e 'democratas-desonestos', que é o que, não por coincidência, a maioria dos brasileiros educados e trabalhadores pensam hoje dos esquerdistas.
Chávez, que o jornalista vermelho classifica como modelo ideal da 'singularidade' latino-americana, na verdade foi mais um caudilho populista e demagógico de uma coleção deles que sempre flagelou os países da América abaixo da Linha do Equador. Só mesmo a horda de ignorantes e aproveitadores seguem apoiando tal tipo de político e é capaz de manter em seu país tamanho culto a essas personalidades, mesmo experimentando na pele o empobrecimento progressivo. Tal é o caso de Lula da Silva, no Brasil, de Juan Perón, na Argentina, e assim por diante.
Chávez, no fundo, era um insignificante. Uma figura histriônica que estava sentado sobre um mar de petróleo e, nem por isso, o povo venezuelano foi beneficiado por essa riqueza. Pelo contrário. O país continua primitivo e extrativista e, por incrível que pareça, começa agora a importar combustíveis fósseis e biológicos. Por isso – respondendo às perguntas em epígrafe – não! Não conheço nenhum intelectual – e duvido que exista algum – que passe tanto tempo falando bem ou falando mal de alguém que, no conjunto da obra, fez mais mal do que bem ao seu país.
Enquanto os países sul-americanos não dispuserem de uma cidadania de melhor qualidade, com uma escolaridade mínima de pelo menos de segundo grau completo, as urnas tenderão a eleger uma sequência interminável desses representantes dos "perfeitos idiotas latino-americanos", como diziam  Carlos Alberto MontanerÁlvaro Vargas Llosa em seu Manual publicado em 1996.
Francisco Vianna, 02-04-2013

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