“Hugo
Chávez, o líder diabolizado pelo Ocidente
Chávez acabava por ser um adversário cômodo, mais
que não fosse por permitir a políticos e intelectuais ocidentais mostrar boa
consciência, ao criticá-lo. Com ele desaparecido, pergunta este jornal
argentino, quem passará a ser o querido inimigo do Ocidente?”
O Sr. Eduardo Febbro escreve de Paris. Só se fosse
em Paris que os “intelectuais ocidentais” diabolizassem o falecido dirigente
venezuelano, pois não me consta que o fizessem em outras cidades… Muito
provavelmente, prezado Francisco, você pode nos ajudar: você conhece algum
“intelectual ocidental“ que comentasse em páginas de jornais e revistas, dia
sim dia não, sobre o santo Chávez? Você conhece algum “intelectual ocidental”
que perorasse, dia sim dia não, em canais de TV contra esse santo?
Hugo Chávez Frías foi um
personagem importante para o povo venezuelano, pois conseguiu, em menos de duas
décadas, empobrecer de forma severa seus concidadãos, desendustrializar seu
país, entregá-lo aos cubanos que estão infiltrados em todos os setores do
governo e da vida venezuelana, afugentar todos os capitais que eram empregados
no país para vizinhos mais confiáveis, como a Colômbia, o Chile, e até o
Brasil. Essa diáspora financeira levou no seu bojo os melhores cérebros e a mão
de obra especializada que era abundante na Venezuela antes de Chávez. A coisa
por lá está tão ruim que a própria PDVSA está com suas instalações em péssimas
condições pela falta de mão de obra necessária para a sua diuturna e
exigente manutenção.
O interessante foi notar que
os que mais falavam contra Chávez eram os que mais o temiam, pela proximidade,
como era caso da Colômbia, do Panamá, e do Peru. Brasil, Argentina, Equador e
Bolívia, também o temiam, mas a identidade ideológica de seus governantes
escondiam esse fato ao fazê-los posar de amigos e aliados. O Brasil, apesar dos
afagos e puxões de saco, teve o bom senso de manter-se a uma distância segura
do caudilho verborrágico e insultuoso, quando não se engajou no famigerado gasoduto que ligaria a Venezuela à Argentina, passando, em grande parte, pelo Brasil, bem como
acautelou-se e permaneceu distante da intenção do venezuelano de criar um Banco
da UNASUL, que absorveria o BNDES, logo a joia da coroa do petismo brasileiro.
A Argentina, que aceitou o dinheiro de Chávez para financiar as suas 'bondades
socialistas', está em queda livre e numa situação econômica e política (e pois
social) tão periclitante como jamais esteve no passado, até mesmo
durante a ditadura militar.
Os americanos, na
verdade, se limitaram a dar notícias do que ocorria na Venezuela sem
entrar em choque direto com Caracas. Não precisaram! O chavezismo se
encarregou de entrar em 'choque' com Washington, expulsar embaixadores, e
outras peripécias meramente decorativas, porque era do "império" que
vinha o grosso do dinheiro da venda do petróleo e a PDVSA, que ainda se dava ao
luxo de ter uma rede de exploração, refino, e distribuição de combustiveis
dentro dos EUA, coisa impensável de ocorrer no sentido contrário.
O antiamericanismo de Chávez
era para consumo interno. Da mesma forma que a petezada e a esquerda
carnavalesca faz aqui em Pindorama. Mas, no fundo, todos os sul-americanos amam
e admiram os estadunidenses, com exceção daqueles que cultivam um ódio que fede
a inveja, a "dor-de-cotovelo" pelas próprias incapacidades dos
"perfeitos idiotas latino-americanos".
Os chavezistas terão muito
trabalho em manter o culto à memória de seu "ídolo", mas isso só será
possível se continuarem no poder - o que não é muito difícil que ocorra - e
fazer com que o "socialismo del
siglo XXI" melhore o nível de vida dos venezuelanos - o que me
parece amplamente impossível.
Os que tinham medo de Chávez -
tanto os que o atacavam como os que o adulavam e o chamavam de aliado – estão,
na verdade, profundamente aliviados com o seu desaparecimento. Lá com seus
botões devem estar pensando: "bendita seja a porcaria da medicina
cubana". A imprensa, por sua vez – como é o caso do jornal argentino de
esquerda radical "Pagina 12" – vai continuar endeusando Chávez, por
sua tendência de apoiar o caudilhismo e as ditaduras socialistas, mas também
vai esquecer o gajo depressa, como farão os jornais mais conservadores, de
maior peso jornalístico e direcionados à elite 'pensante', mesmo porque de nada
adianta ficar 'chutando cachorro morto'. A bola da vez é o 'pelego
herdeiro de Chávez', que logo poderá estar caindo de 'maduro' (desculpe, mas
não resisti ao trocadilho)
O senhor Eduardo Febbro é mais
um dos jornalistas socialistas que pululam na festa gramsciana que não tem data
para acabar na América latina e o que ele eufemisa como "almas
bem-pensantes e democratas honestos", decerto se refere aos que pensam
como ele. Implicitamente, os demais são mentes mal-pensantes e
'democratas-desonestos', que é o que, não por coincidência, a maioria dos
brasileiros educados e trabalhadores pensam hoje dos esquerdistas.
Chávez, que o jornalista
vermelho classifica como modelo ideal da 'singularidade' latino-americana, na
verdade foi mais um caudilho populista e demagógico de uma coleção deles que
sempre flagelou os países da América abaixo da Linha do Equador. Só mesmo a
horda de ignorantes e aproveitadores seguem apoiando tal tipo de político
e é capaz de manter em seu país tamanho culto a essas personalidades,
mesmo experimentando na pele o empobrecimento progressivo. Tal é o caso de Lula
da Silva, no Brasil, de Juan Perón, na Argentina, e assim por diante.
Chávez, no fundo, era um
insignificante. Uma figura histriônica que estava sentado sobre um mar de
petróleo e, nem por isso, o povo venezuelano foi beneficiado por essa riqueza.
Pelo contrário. O país continua primitivo e extrativista e, por incrível que
pareça, começa agora a importar combustíveis fósseis e biológicos. Por isso –
respondendo às perguntas em epígrafe – não!
Não conheço nenhum intelectual –
e duvido que exista algum – que passe tanto tempo falando bem ou falando
mal de alguém que, no conjunto da obra, fez mais mal do que bem ao seu país.
Enquanto os países sul-americanos
não dispuserem de uma cidadania de melhor qualidade, com uma escolaridade
mínima de pelo menos de segundo grau completo, as urnas tenderão a eleger uma
sequência interminável desses representantes dos "perfeitos idiotas latino-americanos",
como diziam Carlos Alberto Montaner e Álvaro Vargas Llosa em seu Manual publicado em 1996.
Francisco Vianna, 02-04-2013
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