domingo, 7 de julho de 2013

O culpado

Rodrigo Constantino

Em artigo publicado hoje no Estadão, o jurista Miguel Reale Júnior apontou o verdadeiro culpado por "tudo isso que está aí": Lula! O advogado diz:
Lula, o Macunaíma, tergiversador, que ora se disse traído pelos mensaleiros, ora passou a mão na cabeça dos aloprados, é o responsável pelo clima deliquescente em que está imerso o Brasil. Fortalece-se, agora, a reação à esperteza como um valor: pede-se moralidade e as pesquisas eleitorais mostram dobrar o número de indecisos, começar a queda de Lula e surgir a figura de Joaquim Barbosa, homem probo, franco, alheio a malabarismos malandros.
O exemplo vem de cima. Após tanto tempo de salvo-conduto que Lula gozou com infindáveis escândalos vindo à tona, o clima de anomia se instalou no país. Esse tipo de coisa acaba se espalhando para a sociedade como um todo. Claro que Lula não inventou a corrupção, mas nunca antes da história deste país ela ficou tão escancarada com o líder máximo do governo totalmente blindado da sujeira. O efeito Teflon se esgotou. Reale diz:
Deve-se ao julgamento do mensalão e ao ressurgimento da inflação a disseminação da revolta diante da situação moral e econômica do País. Atos de protesto reúnem diversos descontentes, sem propósitos idênticos, próximos apenas no inconformismo. Há um estado de anomia, de negação de legitimidade dos Poderes instituídos que leva a atender à chamada ao protesto como forma de expressar a descrença nos canais formais de representação da vontade popular: partidos, Congresso e governo.

Outro fator importante foi o contraste entre a situação real, cada vez manos favorável, e o discurso ufanista, propagandista, enganoso do governo. Enquanto o povo sentia a dor da inflação crescente, do caos urbano, o governo repetia que tudo estava incrivelmente fantástico. Em algum momento a dissonância cognitiva cessa. Reale aborda a questão:
A anomia decorre da frustração em vista da impossibilidade de satisfação das expectativas criadas de realização pessoal. Prometeu-se o acesso ao consumo, pela concessão de crédito e graças ao aumento salarial, alimentando desejos já exasperados pela propaganda, mas a inflação e o endividamento desfazem a promessa. Prometeu-se democracia como probidade e surge o mensalão. Prometeram-se condições dignas de vida com eficiente atendimento no transporte, na saúde, na educação, mas a realidade revela só o descaso dos donos do poder.
A reação do governo até aqui tem sido errática, populista ou aproveitadora. Reale apresenta uma agenda alternativa:
A agenda imediata poderia ser: diminuição do número de ministérios, redução drástica dos cargos em comissão na administração direta e nas empresas estatais, nomeação de técnicos para diretores dessas empresas, desaparelhamento do Estado, registro dos cabos eleitorais remunerados, dotação de meios para a Justiça e o Ministério Público Eleitoral fiscalizarem e reprimirem o uso de caixa 2 nas campanhas, proibição de fornecedoras e prestadoras de serviço ao governo contribuírem para campanhas eleitorais, assegurar verbas fixas para emendas parlamentares sem troca de voto por liberação de meios. Quebram-se fontes da corrupção e pode vir a seriedade.

Mas sabemos que isso não vai acontecer. A presidente Dilma é criatura de Lula. Foi ele quem a colocou no poder, e atrelou o resultado de sua gestão ao seu próprio nome. O sucesso de Dilma seria o sucesso de Lula, e o fracasso dela seria seu fracasso. Tivemos o fracasso. E agora não adianta Lula se fingir de morto, fugir para a Europa, ficar calado: ele é o grande culpado disso tudo. Suas impressões digitais estão em todas as cenas do crime. Quem pariu Mateus, que o embale!
Título e Texto: Rodrigo Constantino, 06-07-2013

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