O jornalista e defensor dos direitos humanos, Rafael Marques de Morais, será interrogado na próxima terça-feira, 23 de Julho, na Direcção Nacional de Investigação e Acção Penal (DNIAP) por um total recorde de 11 queixas-crimes apresentadas simultaneamente contra si.
A notificação, datada de 17 de Julho, refere-se aos processos
13 – DNIAP n°s 33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 41 e 58/2013. Este último
processo transitou da Direcção de Combate ao Crime Organizado da DNIC (Direcção
Nacional de Investigação Criminal) para o DNIAP. O processo 58/2013 é uma
queixa apresentada pelos sócios civis e gestores da Sociedade Mineira do Cuango
e da ITM-Mining, reportados no livro Diamantes de Sangue: Tortura e
Corrupção em Angola.
No entanto, a notificação do DNIAP sublinha que o autor do livro é arguido em 10 processos e no último (58/2013) é, simultaneamente, arguido e assistente.
Um professor de direito, que
pediu anonimato por temer represálias, explicou ser “‘esquizofrenia jurídica’ a
suposta acumulação, na mesma pessoa, das posições processuais de arguido e
assistente no mesmo processo”.
De acordo com o referido
académico, “o assistente é uma parte auxiliar do Ministério Público e que com
ele colabora na prossecução do arguido, pelo que é absurdo. Ninguém pode, ao
mesmo tempo, ser acusado de um crime e ser constituído como colaborador na sua
própria acusação.”
A 3 de Abril, Rafael Marques de Morais foi interrogado e constituído arguido no Departamento de Combate ao Crime Organizado, da DNIC, por suspeita de difamação pelo seu livro, publicado em Portugal, em 2011. O livro detalha dezenas de casos de homicídio, centenas de torturas, deslocamentos forçados e intimidação contra aldeães e garimpeiros nos municípios do Cuango e Xá-Muteba, na Lunda-Norte.
A 3 de Abril, Rafael Marques de Morais foi interrogado e constituído arguido no Departamento de Combate ao Crime Organizado, da DNIC, por suspeita de difamação pelo seu livro, publicado em Portugal, em 2011. O livro detalha dezenas de casos de homicídio, centenas de torturas, deslocamentos forçados e intimidação contra aldeães e garimpeiros nos municípios do Cuango e Xá-Muteba, na Lunda-Norte.
O interrogatório será dirigido
pela directora nacional do DNIAP, a sub-Procuradora Geral da República, Júlia
Rosa de Lacerda Gonçalves, responsável pelos processos.
A notificação não refere os
nomes dos queixosos nem o tipo de crime em causa. “A defesa não tem como se
preparar para o interrogatório porque não sabe ao que vai”, disse Rafael
Marques de Morais.
Em 2012, nove generais
apresentaram queixa contra o defensor dos direitos humanos, em Portugal.
O Ministério Público arquivou
a queixa em Fevereiro de 2013. Os generais recorreram da decisão e deduziram
acusação particular por calúnia e difamação contra o autor e a sua editora, Tinta da China, tendo reclamado uma indemnização de 300,000 euros (US $ 390,000).
A acusação está pendente de despacho judicial no Tribunal de Lisboa.
São queixosos os generais
Hélder Manuel Vieira Dias Júnior “Kopelipa”, Ministro de Estado e Chefe da Casa
de Segurança do Presidente da República;
Carlos Alberto Hendrick Vaal
da Silva, Inspector-Geral do Estado-Maior General das FAA;
António dos Santos França “Ndalu”, deputado do
MPLA e ex-chefe do Estado Maior-General das FAA;
Armando da Cruz Neto, deputado
do MPLA e ex-chefe do Estado Maior-General das FAA;
Adriano Makevela Mackenzie,
Chefe da Direcção Principal de Preparação de Tropas e Ensino das FAA;
João Baptista de Matos,
ex-chefe do Estado Maior-General das FAA;
Luís Pereira Faceira, ex-Chefe
do Estado-Maior do Exército das FAA;
António Pereira Faceira,
ex-Chefe da Divisão de Comandos das FAA;
e Paulo Pfluger Lara, ex-chefe
da Direcção Principal de Planeamento e Organização do Estado‑Maior General das
FAA.
Fonte: Maka Angola, 21-7-2013
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