Os fundos de pensão,
responsáveis por complementar as aposentadorias do INSS, querem adiar as regras
destinadas a aumentar o prazo médio das aplicações e o prazo para ajustarem o
patrimônio às responsabilidades assumidas com os participantes. Os pleitos se
justificam apenas em parte. Há, de fato, o risco de uma elevação exagerada do
passivo atuarial a descoberto de alguns fundos (os recursos que faltam para que
eles possam pagar a totalidade das aposentadorias contratadas). É um assunto
que pode afetar até as contas públicas, pois os principais fundos são
patrocinados por estatais.
Os fundos sofreram com as
oscilações do juro básico. No primeiro trimestre, tiveram prejuízo estimado
pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) em R$ 12,9
bilhões. Acredita-se que as carteiras dos fundos também tiveram prejuízo no
primeiro semestre.
Até dezembro de 2015, pela
Resolução 4.176 do Conselho Monetário Nacional, os fundos têm de elevar o prazo
médio das carteiras para cinco anos. Mas foram os papéis públicos de longo
prazo que mais perderam valor no primeiro semestre.
Com prejuízos, o patrimônio de
alguns fundos diminuiu e eles ficaram com mais passivos do que ativos. Devem
corrigir essa situação até 2018. Mas, como acabou a era dos ganhos fáceis (e
reais) com juros, o enquadramento não será fácil. A Previc baixou de 6% ao ano
acima da inflação para 4,5% ao ano a rentabilidade mínima que os fundos devem
alcançar. Com isso, o patrimônio que precisa ter para cobrir as
responsabilidades futuras tem de ser maior. Uma das soluções é o aumento das
contribuições das empresas que patrocinam os fundos; outra o aumento das
contribuições dos beneficiários, ou seja, dos empregados das empresas. Em
tempos de desaquecimento econômico, nenhuma das soluções é fácil.
O problema tem grandes
proporções. Os fundos detêm carteiras de R$ 640 bilhões, cujos titulares são
mais de 6 milhões de pessoas, entre participantes ativos, aposentados e
dependentes. Aplicam pesadamente em títulos públicos, ajudando a alongar a
dívida mobiliária interna, o que lhes causou, contudo, perda de flexibilidade
na gestão das carteiras. Essa, porém, é uma situação que pode ser corrigida.
A questão central é que
patrocinadoras e participantes têm de aumentar as contribuições, se quiserem
evitar uma redução de benefícios. Mas nisso o governo não tem como agir.
Editorial Econômico, O Estado de S. Paulo, 31-7-2013
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