1. Em sua coluna na Folha de SP (20), Fernando Rodrigues analisa: “Agora, dois outros
levantamentos divulgados nesta semana (depois do Datafolha), mostram um grau de
deterioração similar. No caso de Dilma Rousseff, as pesquisas da CNT e do Ibope
indicam que a petista parece ter estacionado no patamar de 30% das intenções de
votos na disputa pelo Planalto em 2014.”
2. A formação de opinião
pública se dá de forma progressiva, em geral desde os setores médios,
consumidores de jornais e de internet, em direção aos demais. Nada disso tem a
ver com formadores de opinião, que hoje provocam muito pouco impacto. São ondas
que se espalham na sociedade através de fluxos dispersos, gerando conversas,
comentários, bate-papo... e construindo uma opinião pública estável por um novo
período.
3. O impacto das redes sociais
nas ruas aumentou a rejeição dos que governam. Uns mais, outros menos. Há
diversos níveis de profundidade. Claro que onde o impacto foi drástico, mais
rapidamente a onda se espalha – ou se espalhou – em toda a sociedade, o que
vale dizer, o tempo e a comunicação política para reversão – se for possíve – será
muito maior.
4. Em relação à Dilma, todas
as 3 pesquisas mostraram a mesma coisa. Mas essa média de 30% de intenção de
voto não é o mais importante. Lula tinha isso de ótimo+bom em dezembro de 2005,
pós-mensalão. O mensalão produziu um desgaste via cobertura da imprensa, mas as
ruas e as redes sociais estavam ausentes. Quando se avaliou um processo de
impedimento de Lula, FHC discordou, pois isso geraria um estressamento político
com os movimentos sociais nas ruas, em defesa de Lula. Isso além de não existir
mais oito anos depois, ainda o processo nas ruas foi invertido, com sindicatos
e associações fora.
5. O mais importante é que nos
níveis de renda mais alta, Dilma naufragou, e sua recuperação é inviável em um
ano e meio. O desgaste foi muito fundo. Não há mais recuperação. Mas nos níveis
de renda menor, Dilma quase ganharia no primeiro turno estando acima dos 40%.
6. Mas a onda vai se
espalhando e vai chegar lá. Não se trata de ficar inventando novos programas e
novos subsídios, que serão percebidos como mais do mesmo, mas de desenhar uma
política de comunicação e mobilização de opinião, que permitam minimizar a
força do espalhamento em direção à área popular.
7. Mas o jogo é jogado por
vários atores, políticos, sociais, econômicos e culturais. Os críticos,
opositores ou demais candidatos a presidente, terão que fazer o mesmo, mas em
sentido contrário: acelerar a onda de espalhamento e focalizar os setores de
menor renda em suas políticas de comunicação e em sua mobilização de
opinião.
Título e Texto: Cesar Maia, 22-7-2013
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