Rodrigo Constantino
Entendo a
revolta dos caminhoneiros e de todos em geral com a alta da gasolina. Afinal, o
brasileiro “malandro”, que grita “o petróleo é nosso” e condena a privatização
da Petrobras, paga o combustível mais caro do planeta. Eu posso abastecer meu
possante beberrão aqui em Weston pagando metade do preço por
litro pago pelo brasileiro, que ganha, na média, quatro a cinco vezes menos do
que um americano. Faça as complexas contas do custo extra em terras tupiniquins…
Mas
compreender a revolta é uma coisa, aceitar a forma de reagir é outra, bem
diferente. Novas greves? Paralisação? Estradas fechadas? O PT apoiando os
caminhoneiros, logo o PT, que não mediu esforços para retira-los das vias
quando era governo? Achar que a intervenção do governo é a solução para o
problema da alta dos preços? Aí não, gente. Tem um livrinho que fala do
fracasso das políticas de controle de preços há 40 séculos. Isso mesmo:
quarenta séculos! Ainda não aprendemos?
Em
sua coluna de hoje,
Alexandre Schwartsman fala dessa insistência no erro, e foca no efeito perverso
dessas medidas pontuais do governo, cedendo à pressão de grevistas: enfraquecer
nossas instituições, as regras do jogo, a confiança dos investidores. Diz ele:
Por fim, muito embora os R$ 5,7 bilhões/ano arrecadados pela Cide
representem parcela irrisória (cerca de 0,5%) da receita do governo federal, o
quadro fiscal é grave o suficiente para não justificar medidas de renúncia
tributária, ainda mais no caso da gasolina, que beneficiaria
desproporcionalmente a parcela mais rica da população.
Mesmo que essas propostas não se concretizem, essa discussão é
reveladora da fragilidade do ambiente institucional brasileiro.
Regras existem precisamente para dar previsibilidade, e não apenas
econômica, para quem vive em sociedade. Se formos discutir mudança de regras em
reação a cada evento que nos contrarie, não é difícil concluir que o quadro
institucional não é estável.
E ainda há quem procure a razão do baixo investimento no país…
O editorial do GLOBO
também condenou o caráter populista da reação do governo, chamando de
“insanidade” essa decisão de reduzir preços na marra para agradar grevistas:
O Brasil tem extensa experiência na administração de preços de
combustíveis, inexoravelmente dependentes do dólar, queiram ou não governantes,
dada a ligação do petróleo e de toda a indústria com a moeda. Não é novidade
que variações cambiais e da cotação internacional da matéria-prima podem se
refletir nos postos de combustíveis e nos botijões de gás na forma de aumento
ou redução de preços. Quando isso ocorre e encarece os produtos nas
proximidades de eleições, o nervosismo entre os políticos é maior. E a tentação
de intervir nos preços cresce.
É o que costuma acontecer.
Tudo já foi visto no Brasil neste campo. Na ditadura militar, havia a
“conta petróleo”, nada transparente, em que débitos e créditos à Petrobras eram
supostamente registrados à medida que câmbio e cotações internacionais do
barril oscilavam. Nunca se soube ao certo se a conta era mais superavitária ou
deficitária. Mas é muito provável que o contribuinte, representado pelo
Tesouro, tenha arcado com prejuízos, como sempre.
O rebuliço atual em torno dos aumentos dos combustíveis, causa de mais
um movimento ilegal de caminhoneiros por estradas e cidades do país, se deve à
aplicação de uma correta política de preços pela estatal, para acabar com
qualquer subsídio ao consumidor. Prática usada de tal forma no governo
lulopetista de Dilma Rousseff, para escamotear a inflação e servir de
plataforma eleitoral à sua reeleição, que abriu um rombo de R$ 40 bilhões nas
finanças da estatal. Junto com os efeitos da corrupção, via superfaturamento de
projetos de investimentos, a Petrobras, se fosse privada, teria sido levada a
buscar recuperação judicial, para evitar a falência.
Disse no
começo que pago a metade do preço, mas esqueci de dizer que esse preço, aqui,
oscila livremente ao sabor do mercado internacional. A grande diferença é que
não temos impostos tão altos nos Estados Unidos, e nada parecido com um
monopólio estatal. Não há uma PetroUSA, mas sim mais de 30 empresas privadas,
inclusive estrangeiras, disputando esse concorrido mercado. A livre
concorrência costuma fazer milagres mesmo, ao contrário do estado.
A alta do
preço incomoda? Sem dúvida! Mas a saída não é o populismo, o controle de preços
ou algo do tipo, e sim a abertura geral do setor, a privatização da Petrobras,
e a redução dos gastos públicos com reformas estruturais, para permitir a queda
dos impostos. Eis o caminho certo, mais eficiente, justo. O caminho liberal.
PS: O
mentiroso Guilherme Boulos, em entrevista em que
defende o “regime democrático” venezuelano, culpa a queda do preço do petróleo
por “problemas” na gestão de Maduro, inclusive a inflação (???). Mas e agora
que o preço do barril disparou? Será que a crise vai desaparecer? Claro que
não! Mas socialistas nunca tiveram qualquer apreço pela honestidade…
Parabenizo os caminhoneiros. Quebrarão o país com 1 semana de paralização. O governo precisava de uma chacoalhada a altura. Pior que isso só crise de hemorroidas. FUI!
ResponderExcluirO que reivindicam os seus parabenizados?
ExcluirQuem são os líderes?
ResponderExcluirQuem dera os aeronautas tivessem força igual. Amanhã não entregarão leite nas redes de supermercados e não haverá nem mesmo BIG MAC pra comer, remédios e por aí afora. Parabenizo os caminhoneiros pela complexidade do poder que mantém nas mãos.
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