J. R. Guzzo
A nova lei sobre o saneamento
básico, que acaba de ser aprovada e, nos seus aspectos essenciais, torna a
operação das redes de água e esgoto mais abertas aos investimentos da
iniciativa privada, está sob ataque. Onde? No Supremo Tribunal Federal, é
claro. Por quem? Pelos partidos de “esquerda”, é claro — PT, Psol, PCdoB, PSB,
PDT e os seus arredores. Eles querem que o STF declare que a lei é
“inconstitucional”. É o grande pé de cabra da safadeza política de hoje: quando
os inimigos do atual governo perdem alguma votação no Congresso, vão correndo à
“suprema corte” e exigem que a vontade da maioria seja anulada. Sabem que está
ali, hoje em dia, sua grande chance de mandar no Brasil sem ganhar eleição.
O sistema atual de saneamento
básico é uma calamidade absoluta: 50% da população brasileira, ou mais de 100
milhões de pessoas, continua sem nenhuma coleta de esgoto, e muito menos do seu
tratamento, em pleno ano de 2021 — uns 2.000 e tantos anos, mais ou menos,
depois que Roma teve a ideia de começar a sua rede. Há 30 milhões que ainda não
têm nem água encanada. Esse desastre se deve unicamente a um consórcio que
reúne políticos ladrões, sobretudo nas regiões mais pobres do país, partidos de
“esquerda” e os sindicatos de funcionários que controlam o setor. É tudo
estatal. Quem manda são empresas dos governos estaduais e municipais, que há
décadas arrancam verbas do Erário e constroem o mínimo de obras possível.
É o paraíso dos políticos que
empregam nessas empresas os seus parentes, amigos e amigos dos amigos; dos
empreiteiros que querem receber verbas para implantação de redes que não
implantam; e dos PTs da vida, que há décadas vivem como parasitas de estatais.
É claro que ninguém nessa turma quer mudar nada; a entrada a sério da
iniciativa privada na área vai acabar com muitas das suas bocas. É assim: eles
não fazem, mas não deixam que ninguém faça. Atender a população, no caso, é a
última coisa que pode lhes interessar. Querem cargos na diretoria, contratos de
obras e empregos nas estatais de saneamento. Não querem saber de esgoto nem de
água. Querem saber de si próprios, só isso. A população que se dane.
É por isso, e por nenhuma
outra razão, que 100 milhões de brasileiros vivem sem esgoto, sujeitos a todo o
tipo de dano à sua saúde, aos seus direitos e a sua dignidade. E é por isso que
quando o Congresso enfim faz uma lei para amenizar o problema — mesmo com as
deformações que foram impostas no seu texto para satisfazer interesses dos
deputados e senadores — o PT, o Psol etc. etc. correm para pedir socorro ao
STF. Não aceitam nem isso — e sabem que no momento o melhor lugar deste país
para fraudar os interesses e a vontade da maioria é o Supremo Tribunal Federal.
Título e Texto: J. R. Guzzo, Gazeta do Povo, 31-8-2020,
via revista Oeste, 1-9-2020, 19h35
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