Nas relações internacionais, a razão da força tem cedido à força da razão. Até em situações que muitos consideravam irreversíveis, como no caso da anexação de Timor-Leste pela Indonésia à margem dos mais elementares princípios do direito internacional. No Sara Ocidental - antiga colónia espanhola no Magrebe, único território continental africano que ficou à margem dos processos de independência -, Marrocos voltou ontem a abusar da força, procurando calar os activistas que lutam pela independência do território, há 35 anos anexado pela coroa de Rabat.
Aminatu Haidar |
A causa sarauí ganhou um nome e um rosto desde o ano passado: Aminatu Haidar, cuja greve de fome comoveu pessoas em todas as latitudes, chamando a atenção da comunidade internacional para uma causa em tudo semelhante à de Timor. Não admira, por isso, que, na entrevista que concede à edição de hoje do DN, Aminatu estabeleça esse paralelo, sublinhando o "papel fundamental" que Portugal pode desempenhar na questão sarauí, tanto mais que a partir de Janeiro ocuparemos um lugar no Conselho de Segurança das Nações Unidas, máximo palco mundial para a resolução de todos os conflitos.
Num prazo imediato, urge pôr fim à violência provocada por milícias pró-marroquinas no Sara Ocidental. A resolução do conflito passará inevitavelmente por um recenseamento sério da população - incluindo a que hoje se encontra em campos de refugiados - seguido de um referendo genuíno sobre a autodeterminação do território, que pessoas como Aminatu Haidar consideram a sua única e verdadeira pátria.
Editorial, Diário de Notícias, 09-11-2010
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