No Diário de Notícias, 1º de novembro de 2010:
A eleição, ontem, no Brasil de Dilma Rousseff faz história: primeiro que tudo porque a candidata apoiada pelo Partido dos Trabalhadores é a primeira mulher a chegar à presidência do gigante lusófono. Como afirmava um cartaz no hotel de Brasília onde se preparava a sua festa da vitória, "O povo decidiu. O Brasil vai seguir mudando com Dilma, nossa primeira Presidenta"; mas faz história também porque o sucesso da era Lula, o metalúrgico que soube manter a prosperidade económica mesmo apostando forte na justiça social, foi reconhecido pela sociedade brasileira, que elegeu a sua delfim como continuadora do sonho de construção de um país mais justo; e como se não bastasse, fez-se também história porque contra Dilma se apresentava José Serra, o homem que Lula da Silva derrotou em 2002, um político social-democrata de grande nível intelectual e objectivamente também defensor de um Brasil próspero e solidário, ou não tivesse ele sido ministro da Saúde de Fernando Henrique Cardoso, o Presidente que preparou o terreno que permitiu o êxito de Lula.
Dilma obteve 56% dos votos, Serra 44%. Na primeira volta, a 3 de Outubro, além dos dois favoritos, saíra também realçada Marina Silva, tal como Dilma uma ex-ministra de Lula e, como dissidente, desta vez candidata dos verdes. Obteve 19% dos votos, quase 20 milhões de pessoas a votarem nela, o recorde absoluto mundial de um político da causa ecologista.
É curioso este Brasil de 2010, oitava potência económica mundial. Os seus políticos mais populares, sem dúvida também os mais prestigiados, vêm todos da esquerda, mesmo que de tons diversos. É sinal de que o combate às desigualdades, e a esse nível o país sul-americano está ainda entre os piores, continuará a ser uma prioridade para os brasileiros. Resta saber a quem governa seguir a fórmula de Lula: competência e solidariedade.
Editorial, Diário de Notícias, 01-11-2010
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