domingo, 9 de janeiro de 2011

Morreu Vítor Alves, o capitão "diplomata" do 25 de Abril


O antigo capitão de Abril Vítor Alves morreu esta madrugada, no Hospital Militar, em Lisboa, aos 75 anos, vítima de cancro.
Membro da direcção permanente do Movimento das Forças Armadas, ao lado de Otelo Saraiva de Carvalho e de Vasco Lourenço, Vítor Alves é recordado como um diplomata.
“Foi um homem de extrema importância para o movimento”, lembrou ao PÚBLICO Otelo Saraiva de Carvalho. “Foi comigo até ao fim”.
Otelo Saraiva de Carvalho enaltece a grande capacidade de moderação de Vitor Matos, que trata como “um diplomata”: “Enquanto dirigente do MFA, durante o PREC e mesmo após o 25 de Novembro, foi um camarada de grande moderação. Procurava sempre pôr água na fervura quando alguém queria tomar atitudes repentinas. ‘Sejamos realistas!’. Era a frase dele. E os seus argumentos acabavam por nos convencer. Era um diplomata, um 'gentleman'”.
Vitor Alves, em 2004, foto: Miguel Silva
Otelo recorda que foi Vítor Alves o responsável por sugerir que a Junta de Salvação Nacional tivesse na linha da frente generais e não capitães: “Achava que ia parecer uma coisa terceiro-mundista, que não dava um sinal positivo ao país e ao mundo ocidental, que os generais passavam uma imagem de maior tranquilidade. E foi assim que surgiram os nomes de Spínola e Costa Gomes, entre outros. Foi sempre um homem de grande ponderação”.

Durante o PREC Otelo e Vítor Alves acabariam por divergir muitas vezes, como aconteceu na ocupação dos latifúndios no Alentejo, promovida por Otelo. “Mas nunca nos afastámos. Visitei-o a última vez a 31 de Dezembro. Já estava em vésperas de morte”.
Vítor Alves era membro da direcção permanente do MFA, ao lado de Vasco Lourenço e Otelo Saraiva de Carvalho e foi em sua casa que ocorreram muitas das reuniões que planearam o movimento que levou à queda da ditadura: “Foi na sua casa que a 22 de Março de 1974 Antunes apresentou o documento que seria o programa político do MFA”, lembrou Otelo Saraiva de Carvalho. “Ele foi um dos responsáveis pelo programa político”.
Maria João Seixas, amiga de Vitor Alves, adiantou à Lusa que o corpo irá para a Capela da Academia Militar.
Ana Machado, Público, 09-01-2011

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