Durante a minha vida conheci algumas pessoas vencedoras que, partindo do nada, ou praticamente nada, guardadas as devidas proporções, construíram verdadeiros impérios financeiros.
Gosto de me lembrar de algumas como Antonio Ermírio de Moraes, Domingos Ferreira de Medeiros, João Teixeira Filho, Delfina Santos Figueiredo e Laucídio Coelho. Alguns de seus descendentes compartilharam do mesmo tipo de raciocínio e, além de manter, alavancaram aquilo que receberam como herança.
Durante uma entrevista, perguntaram a Antonio Ermírio o que achava de seus filhos se divertirem, saírem à noite, e a resposta foi: “Penso que podem e devem desde que estejam prontos para trabalhar no mesmo horário que eu”, o que, para mim, já dizia o que precisava saber sobre como o maior industrial do país educava os seus filhos.
Afastei-me há muitos anos da terra onde nasci e vivia o segundo, Medeirão, motivo pelo qual acabei não sabendo de mais detalhes sobre como os seus descendentes deram continuidade a tudo o que ele deixou. Admirado por sua capacidade e tino comercial, às vezes fico sabendo sobre algum grande investimento que continuam fazendo, o que me leva a crer que estão mantendo e provavelmente aumentando o que receberam.
Do terceiro, Seu João, que de imigrante nordestino e arrendatário de terras no interior de São Paulo chegou a ser, juntamente com o irmão José, o maior produtor de algodão do país, e proprietário de inúmeras fazendas, me sobrou, além do exemplo, um grande amigo, seu filho, Newton.
Sobre Delfina não posso falar muito. Sou suspeito, tamanha a admiração que tinha e mantenho por minha avó que, apesar do império construído chegou aos seus últimos dias dirigindo o próprio veículo, de ano e modelo bem mais simples que os possuídos por todos os seus descendentes. Sei que ainda hoje, por qualquer local onde eu ande, pessoas comentam sobre ela com admiração.
Nos últimos trinta e dois anos resido no MS, onde tenho ouvido falar muito do Sr. Laucídio Coelho e pude, durante esse período, acompanhar muitos de seus descendentes, entre os quais, alguns que pude conviver em maior proximidade, como dois de seus filhos, o Dr. Hélio Martins Coelho e Lúdio Coelho e seu genro Antonio Barbosa de Souza.
Da geração dos netos também convivo bastante próximo de com alguns, mas até por bom senso, só gostaria de me referir aos que já não estão mais entre nós, como o José Pinto Costa Neto (Zé do Boi), Edmar Pinto Costa Filho, Kenneth Martin Coelho e José Barbosa de Souza Coelho. Nas três gerações, encontro uma característica comum: todos trabalhavam muito, gastavam bem menos do que ganhavam, e nunca tiveram qualquer tipo de ostentação, motivo pelo qual todos eles eram muito queridos.
Exatamente o que me dizia minha querida avó: “Nunca fui mais sabida do que ninguém, como dizem por aí, simplesmente cuidei para gastar menos do que ganhava.”
Entretanto é comum vermos pessoas que fizeram exatamente o inverso, sempre gastaram mais do que ganharam e agora não se conformam com o patrimônio alheio, chegando a comentar sobre isso, apontando o que fulano possui - como se isso fosse um crime -, sem possuir a coragem de assumir que, se já não tem o que possuía é porque gastou mais do que podia.
Conheço pessoas que já possuíram muitos bens-não por elas construídos, mas que até em sua morte dependerão de outros, pois não tiveram prudência sequer para adquirir o próprio túmulo. E a piedade virá exatamente daquelas que foram por elas criticadas por seu estilo de vida, mas que pouparam, e adquiriram o próprio túmulo.
Título, Imagem e Texto: João Bosco Leal
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