País reconsidera auxílio a desempregados, estudantes e idosos para
lidar com a crise
Suzanne Daley
Tudo começou como um
experimento para provar que dificuldades e pobreza ainda faziam parte da
Dinamarca, aquele país rico e distante, mas o experimento deu errado. Visite
uma mãe solteira de dois filhos vivendo sob os cuidados da seguridade social,
propôs um membro liberal do Parlamento a um adversário político cético, e veja
por si mesmo o quão difícil é viver assim.
![]() |
Robert Nielsen vive de benefícios desde 2001: não quer "trabalhos degradantes" e comprou até apartamento |
Eles descobriram que a vida
sob o bem-estar não era tão difícil assim. A mãe solteira de 36 anos de idade,
que recebeu o pseudônimo de "Carina" na mídia, tinha mais dinheiro
para gastar do que muitos dos trabalhadores período integral do país. Ao todo,
ela recebia cerca de US$ 2.700 mensais (cerca de R$ 5,5 mil), e estava no
bem-estar social desde que tinha 16 anos de idade.
Nos últimos meses, os
dinamarqueses não prestaram mais tanta atenção ao caso, e acreditam que apesar
de tudo a situação de Carina é lamentável. Mas mesmo antes de sua história
chegar às manchetes, há um ano e meio, eles estavam profundamente envolvidos em
um debate sobre se o estado do bem-estar social do país, talvez o mais generoso
da Europa, havia se tornado generoso demais, o que prejudica a ética de
trabalho do país. Carina ajudou a desequilibrar essa balança.
Com pouco barulho ou protesto
político – ou aviso no exterior – a Dinamarca resolveu rever os direitos,
tentando pedir para que os dinamarqueses trabalhassem mais ou durante mais
tempo ou ambos. Enquanto grande parte do sul da Europa foi atinginda por greves
e protestos à medida que seus credores forçam medidas de austeridade, a
Dinamarca ainda tem classificação de risco AAA.
Mas as perspectivas de longo
prazo para o país são preocupantes. A população está envelhecendo e, em muitas
regiões, as pessoas sem emprego agora superam o número de empregadas.
Algumas dessas pessoas são
resultado de uma economia deprimida, mas muitos especialistas disseram que um
problema mais básico é que uma grande proporção de dinamarqueses não estão
participando da força de trabalho – sejam eles estudantes universitários,
jovens pensionistas ou beneficiários do bem-estar social como Carina, que depende
do apoio do governo por simples comodismo.
"Antes da crise, havia
uma sensação de que sempre teríamos cada vez mais e mais riquezas", disse
Bjarke Moller, o editor-chefe de publicações para Mandag Morgen, um grupo de
pesquisa em Copenhague. "Isso não é mais verdade. Hoje, há uma série de
pressões sobre nós. Precisamos ser uma sociedade ágil para sobreviver.”
O modelo dinamarquês de governo
é praticamente uma religião no país, e produziu uma população que reivindica
regularmente estar entre a mais feliz do mundo. Até mesmo políticos
conservadores do país não estão sugerindo livrar-se dele.
A Dinamarca tem um dos mais
altos impostos sobre a renda do mundo, com a alíquota mais alta, de 56,5%,
atingindo quem ganha acima de US$ 80 mil (cerca de R$ 160 mil) por ano. Em
troca, os dinamarqueses recebem uma rede de segurança "do berço ao
túmulo", que inclui sistema gratuito de saúde e educação (inclusive
universitária), além de indenizações robustas mesmo para os mais ricos.
Pais de qualquer faixa
salarial, a propósito, ganham cheques trimestrais do governo para ajudar no
cuidado com as crianças. Os idosos ganham empregada grátis caso precisem, mesmo
se forem ricos.
Mas, atualmente, poucos
especialistas no país acreditam que a Dinamarca pode pagar pelas regalias que
oferece. Por isso, a Dinamarca está planejando reequipar-se e mexer com as
taxas de imposto, tendo em vista os novos investimentos do setor público e, a
longo prazo, tentando incentivar cada vez mais pessoas – jovens e idosas – para
viverem sem os benefícios do governo.
"Antigamente as pessoas
nunca pediam ajuda a não ser que precisassem”, disse Karen Haekkerup, ministra
dos assuntos sociais e de integração, que foi honesta a respeito do assunto.
“Foi oferecida uma pensão para a minha avó e ela se sentiu ofendida. Ela não
precisa.”
(…)
Leia aqui
a íntegra da matéria
Título e Texto: Suzanne Daley, The New York Times
Tradução: iG Economia
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-