Sabe-se o que os partidos
querem.
O PC e o BE (e Mário Soares)
querem pura e simplesmente rasgar o acordo com os nossos credores e sair do
euro. Querem o caos, portanto.
O PS quer renegociá-lo.
O Governo quer reajustar os
seus termos.
Renegociar é entendido, tanto
pelo PS como pelas instituições europeias, como não cumprir o acordo existente
de estabilidade orçamental e financeira e renegociar as suas condições. E mesmo
assim continuarem no euro. Ou seja, querem a quadratura do círculo: não querem
cumprir as obrigações mas querem as mesmas condições como se as estivessem a
cumprir. Esta posição não é aceite pelos nossos credores e só é possível porque
o PS não está no Governo: na primeira reunião que tivessem com o BCE, FMI e EU,
metiam o rabo entre as pernas e voltavam de mansinho a dar o dito pelo não
dito, tal como Hollande fez em França. Porque ele percebeu que os interesses
nacionais não se defendem com retórica e a dar murros no peito.
Reajustar, por seu lado, é
entendido tanto pelo Governo, assim como pelo Ecofin e pela troika, como a
possibilidade de renegociar as condições acordadas porque este Governo provou
que tem a credibilidade de cumprir os compromissos que assinou. Por isso este
reajustamento engloba o mesmo tipo de alteração de medidas que seriam matéria
de uma renegociação de um novo acordo (como a recente prorrogação de prazo para
pagamento da dívida para sete anos é já um bom exemplo). Mas sem quebrar a
credibilidade adquirida de quem está a cumprir o programa de ajustamento
orçamental. E agora com poder negocial e razões suficientes para obrigar os
nossos credores a aceitar que a tipologia e intensidade do programa em curso
peca, tanto por excesso na medidas de austeridade, como de insuficiência nas
acções para motivarem o crescimento económico e a criação de emprego,
obstaculizando a que se atinjam os objectivos económicos e financeiros que
fundamentam o referido programa. Como muito bem diz Guilherme de Oliveira
Martins, colocar justiça sem perder a disciplina.
E assim, só assim, podermos
continuar no primeiro mundo que a Europa nos proporciona.
Título e Texto: Maurício Barra, Forte Apache,
15-04-2013
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