segunda-feira, 15 de abril de 2013

Renegociar ou Reajustar não é uma questão de Semântica

Maurício Barra
Sabe-se o que os partidos querem.
O PC e o BE (e Mário Soares) querem pura e simplesmente rasgar o acordo com os nossos credores e sair do euro. Querem o caos, portanto.
O PS quer renegociá-lo.
O Governo quer reajustar os seus termos.
Renegociar é entendido, tanto pelo PS como pelas instituições europeias, como não cumprir o acordo existente de estabilidade orçamental e financeira e renegociar as suas condições. E mesmo assim continuarem no euro. Ou seja, querem a quadratura do círculo: não querem cumprir as obrigações mas querem as mesmas condições como se as estivessem a cumprir. Esta posição não é aceite pelos nossos credores e só é possível porque o PS não está no Governo: na primeira reunião que tivessem com o BCE, FMI e EU, metiam o rabo entre as pernas e voltavam de mansinho a dar o dito pelo não dito, tal como Hollande fez em França. Porque ele percebeu que os interesses nacionais não se defendem com retórica e a dar murros no peito.
Reajustar, por seu lado, é entendido tanto pelo Governo, assim como pelo Ecofin e pela troika, como a possibilidade de renegociar as condições acordadas porque este Governo provou que tem a credibilidade de cumprir os compromissos que assinou. Por isso este reajustamento engloba o mesmo tipo de alteração de medidas que seriam matéria de uma renegociação de um novo acordo (como a recente prorrogação de prazo para pagamento da dívida para sete anos é já um bom exemplo). Mas sem quebrar a credibilidade adquirida de quem está a cumprir o programa de ajustamento orçamental. E agora com poder negocial e razões suficientes para obrigar os nossos credores a aceitar que a tipologia e intensidade do programa em curso peca, tanto por excesso na medidas de austeridade, como de insuficiência nas acções para motivarem o crescimento económico e a criação de emprego, obstaculizando a que se atinjam os objectivos económicos e financeiros que fundamentam o referido programa. Como muito bem diz Guilherme de Oliveira Martins, colocar justiça sem perder a disciplina.
E assim, só assim, podermos continuar no primeiro mundo que a Europa nos proporciona.
Título e Texto: Maurício Barra, Forte Apache, 15-04-2013

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