
Não dá nem para arriscar um
jornalzinho noturno, pois o número de escândalos diários em todas as esferas
governamentais é simplesmente de arrepiar.
No início do mês explodiu o escândalo do Ministério do Trabalho, com fraudes estimadas em 400 milhões.
Na semana passada mais um
escândalo no sistema de fundos de pensões, que são instituições fiscalizadas
pelo governo, fraudados em 300 milhões.
É praticamente um por semana, e
começo a pensar se este povo já não está começando a se acostumar com tantos
escândalos e não liga mais.
Deve ser isso, porque ninguém reage
nem a uma greve de bancos que inferniza a sua vida, o seu cotidiano. É como se tudo
isso fosse normal. E bota normal nisso, pois as fraudes são enormes e sempre
acima de 100 milhões. Abaixo disso, deve ser para ladrões de galinha.
Se bem que os ladrões de
galinha, atuais donos da mídia e que foram "liberados" pelo pessoal
das capas negras, roubaram bilhões e também não aconteceu nada com eles.
Normal.

Agora mesmo, acabei de ler na
internet, que aviões da Transbrasil, aeronaves de última geração, como os B-767,
estão sendo retalhados e vendidos como sucata pela suave quantia de R$ 1,75 o
quilo. Isso, num país decente faz qualquer um chorar. Aqui não, é comum.
Sobre os aviões da Varig e que
eu voei nem vou escrever, pois somente num país
baixaria se faz o que fizeram.
Enquanto isso, os hospitais,
as escolas, as universidades públicas, são matéria impublicável, todos os dias.
Em compensação foram gastos
até agosto deste ano, nada mais do que 17 bilhões de dólares no turismo
externo. Com muito gosto.
Ora, se fizermos o câmbio, vamos
chegar fácil a 35 bilhões de reais. Normal. A indústria estraçalhada e o
comércio competindo deslealmente com Miami e Nova Iorque, começa a apresentar a
síndrome do ninho vazio.
Você encontra lojas fechadas
por todo o lado e passamos de uma economia crescente para uma falimentar.
Normal, porque o " Black-Friday " tem mais pegada e a muamba é boa e
certa.
Afinal, ninguém é de ferro e a
grana está aí para ser gasta e os pacotes turísticos são cada vez mais
apetitosos. Ano passado, a minha faxineira disse que ia fazer um cruzeiro
marítimo, e desapareceu do trabalho.
Nunca mais a vi. Deve estar
agora em Buenos Aires prestando homenagem ao túmulo da Evita.
Porque cultura é cultura e
isso não há o que pague.
E a baixaria do Aerus, hein? Praticamente
dois meses se passaram desde que nos enrolaram com papos de gabinete, nós vamos
isso, nós vamos aquilo, e mais uma black-friday
too black, sim, porque aqui no país da baixaria as sextas-feiras são
pretíssimas, se aproximam e… nada!
E agora, José? Não vamos fazer
nada? Igual à greve dos bancos? Nadica de nada?
Só tem uma coisa: nem saliva
eu estou dispensando mais, porque tudo o que podia ser cortado eu já cortei.
Agora e em agonia, o meu estômago
black-hungry começa também a reclamar,
e com essa demora em ter uma solução e eu está ficando cada vez mais e mais black-angry e não sei se vou poder me
controlar.
Ontem, também vi uma cena, sem
querer, é claro, em um bairro carioca, em que os policiais pulavam por cima do
lixo e subiam uma rua num morro atirando, enquanto uma mulher com a filha no
colo, descia essa mesma rua calmamente. Normal
A cena me chamou a atenção e
não canso de lembrar, pois a mistura de dois seres humanos em meio a um
tiroteio de policiais, mais o despreparo deles sem capacete protetor, era algo
surreal, digno de Buñuel.
Nada tão representativo de um
país baixaria, como o que estamos vivenciando.
Ora, desde o 1º de janeiro de
2003 quando começaram a fabricar as bolsas-tudo para todos, os nossos
amanheceres já não são mais como no resto do mundo.
A cada despertar a pergunta
que nos fazemos é: qual será a notícia menos ruim do dia e até quando vamos
poder suportar tamanha baixaria?
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