terça-feira, 24 de setembro de 2013

RIO: um exemplo para desfazer o discurso dos políticos que demonizam a imprensa!


Cesar Maia       
1. É rotina os políticos atribuírem à imprensa os seus problemas, a sua popularidade, as suas derrotas. O PT é exemplo disso. Quase que semanalmente volta ao tema do controle dos meios de comunicação. Elaboram projetos de lei, vazam, fazem circular pela internet, dão exemplos comparados… e por aí vai. As críticas que fizeram à imprensa em 2005 no caso do mensalão deveriam ser revistas depois dos resultados eleitorais de 2006.
       
2. Mas no Rio de Janeiro é que os demonizadores deveriam focalizar mais as suas críticas e chegar à conclusão que todos os seus discursos são justificativas para os problemas reais que enfrentam e a carga sobre a imprensa é apenas nuvem de fumaça.
       
3. No Rio, uma torcida enorme para que a curva positiva, que começou em 1989, fosse cristalizada como um novo momento levou a imprensa a focalizar tudo de positivo que acontecia, a minimizar os problemas e a – de certa forma – blindar o governador e o prefeito da capital às críticas.
       
4. Não faltaram manchetes continuadas exaltando as medidas na segurança pública, a terceirização da educação e da saúde públicas, as medidas repressivas relativas à ordem urbana, projetos viários, investimentos para os eventos, etc. Uma torcida que uniu todos os cariocas cuja característica é renovar energia a todo o momento.
       
5. É verdade que as fotos/vídeos de um jantar do governador em Paris não ajudaram a imagem dele. Mas, apesar dos guardanapos, essa imagem de boa vida, de amigo de grandes empresários, do Lula, de viagens, de fotos com artistas, de presença em eventos, falas de valentão, etc., foi sempre a imagem que ele escolheu.
       
6. Mas nada disso faz desaparecer os erros de gestão. Da mesma forma o prefeito da capital, que trocou as medidas de fundo por fotos acordando cedo e dormindo tarde, de responsável pelas privatizações de serviços públicos essenciais, de líder do novo higienismo, de apoio à especulação imobiliária, linha burra de ônibus biarticulados, de deboche em relação às críticas. Ambos – além da torcida da imprensa – gastaram centenas de milhões de reais em publicidade.
       
7. Mas toda essa torcida, de todos os lados, não foi (e não poderia ser) suficiente para fazer desaparecer os erros graves em matéria urbana, transportes, educação pública, saúde pública, custos de obras, desperdícios, contratações sem licitação, etc. E, de repente, e não mais que de repente vingou a história infantil: o rei está nu. A greve dos professores voltou depois de 23 anos. E outras estão a caminho.
       
8. Paradoxalmente, o empreiteiro vizinho em Mangaratiba circulou com tranquilidade pelo Rock in Rio, mas governador e prefeito ficaram em casa e o governador foi “agraciado” com um forte coro refundador.
       
9. A imprensa cumpre seu papel de interpretar os fatos, aplaudindo e criticando. Se esse papel não coincide com o que políticos demonizadores pensam, pior para estes. Uma vez, Perón no exilio, respondendo a um repórter, disse: As batalhas políticas se enfrentam com armas (pelos impacientes), ou com o TEMPO (pelos experimentados).
Título e Texto: Cesar Maia, 24-9-2013

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