domingo, 29 de setembro de 2013

Minha prece

Angel Nunes
Primeiro gastei meus olhos de tanto olhar para o sol.
Um porvir risonho, se transformou em sal a me escorrer pela face até me craquelar a pele.
Depois, cortaram-me as asas e me subtraíram as paisagens, por onde eu me extasiava.
Me tramaram um ardil e caí incauta numa armadilha, por ser pura e acreditar na justiça.
Cravaram-me no peito a dor da perda de muita gente querida.
Passei por privação e desespero, sem socorro.

Houve acenos, palavras pretensamente bondosas e solidárias, que disso não passaram, e nada resolveram.
Vivi a humilhação de ter que interceder, como a um favor, pelo gozo do do que conquistei a duras penas, com muito esforço.
Meus olhos hoje, ainda não me permitem uma visão clara, mas se adaptaram a uma nova forma de visão.

Para sobreviver à dor e ao desterro imposto, aprendi a ter fé.
Sem poder voar, aprendi que posso caminhar até o topo da colina, e me abastecer com a contemplação, sentindo a brisa me acariciar.
E aqui me encontro, postada em prece, olhando para o infinito.
Não quero nada, que meu não seja.

Não quero o mal de ninguém pois não me interessa uma revanche. Acredito na lei de causa e efeito, então não praguejo, isso é absolutamente desnecessário e ao fazê-lo me enquadraria eu própria nesta lei, criando causas negativas.
Não me queixo, seria contraditório ter fé e viver se lamuriando.
Mas preciso de força para persistir, de sabedoria para perceber, e de sagacidade para reagir de maneira oportuna no momento certo.
Que haja uma conspiração celestial em favor da Justiça, e que essa se estabeleça de uma vez por todas.
Assim eu creio, assim determino e assim se cumpre.
Título e Texto: Angel Nunes, 29-9-2013

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-