Primeiro gastei meus olhos de
tanto olhar para o sol.
Um porvir risonho, se
transformou em sal a me escorrer pela face até me craquelar a pele.
Depois, cortaram-me as asas e
me subtraíram as paisagens, por onde eu me extasiava.
Me tramaram um ardil e caí
incauta numa armadilha, por ser pura e acreditar na justiça.
Cravaram-me no peito a dor da
perda de muita gente querida.
Passei por privação e
desespero, sem socorro.
Houve acenos, palavras
pretensamente bondosas e solidárias, que disso não passaram, e nada resolveram.
Vivi a humilhação de ter que
interceder, como a um favor, pelo gozo do do que conquistei a duras penas, com
muito esforço.
Meus olhos hoje, ainda não me
permitem uma visão clara, mas se adaptaram a uma nova forma de visão.
Sem poder voar, aprendi que
posso caminhar até o topo da colina, e me abastecer com a contemplação,
sentindo a brisa me acariciar.
E aqui me encontro, postada em
prece, olhando para o infinito.
Não quero nada, que meu não
seja.
Não quero o mal de ninguém
pois não me interessa uma revanche. Acredito na lei de causa e efeito, então
não praguejo, isso é absolutamente desnecessário e ao fazê-lo me enquadraria eu
própria nesta lei, criando causas negativas.
Não me queixo, seria
contraditório ter fé e viver se lamuriando.
Mas preciso de força para
persistir, de sabedoria para perceber, e de sagacidade para reagir de maneira
oportuna no momento certo.
Que haja uma conspiração
celestial em favor da Justiça, e que essa se estabeleça de uma vez por todas.
Assim eu creio, assim
determino e assim se cumpre.
Título e Texto: Angel Nunes, 29-9-2013
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