quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Porque Dilma vai perder a eleição

Cesar Maia          
1. O mensalão (2005) produziu mudanças importantes no PT e em Lula. O partido que vinha sendo dirigido pela esquerda – dita revolucionária – passou a ser dirigido pelos sindicalistas da CUT que, por estarem dentro das multinacionais, são sistêmicos. As medidas adotadas pós-crise de 2008 mostram isso. Lula também mudou. Despiu-se do macacão de líder sindical, colocou o chapéu de palha de migrante nordestino e passou a usar uma comunicação religiosa com o povo como entidade. O PT eleitoral deixou de ser um partido urbano universitário-sindical e passou a ser o partido do interior pobre, especialmente do Nordeste.
           
2. Qualquer mapa georreferenciado mostra isso. Nem Lula em 2006, nem Dilma na garupa de Lula em 2010, se elegeriam sem o interior pobre somado à periferia social urbana. Mas numa democracia de público, o personagem é decisivo num processo eleitoral. Nesse sentido, ele deve representar, em sua coreografia, o eleitor que dá base à sua vitória.
           
3. Em 2010 Lula foi o candidato (disfarçado de Dilma), a ponto de pesquisas identificarem percepções do eleitor que Dilma era a esposa de Lula. A democracia de bens de consumo e o crescimento do PIB pintaram o cenário eleitoral.
           
4. O ponto de inflexão agora é que, depois de 4 anos, Dilma não tem mais como vestir-se de Lula. Sendo ela um quadro político urbano de esquerda, firmou essa imagem, que procura aprofundar. Por isso vende tanto uma postura anti-ianque no episódio da espionagem. Reforça a imagem do ex-PT e do ex-Lula, exatamente onde o PT e Lula não têm mais hegemonia eleitoral. Reforça o passado.
           
5. As pesquisas atuais, uma vez georreferenciadas, mostram que os 35% de Dilma ainda sobrevivem pelas regiões do PT e de Lula pós-mensalão-2005. Mas assim mesmo numa curva declinante. Lula, Lula e Dilma, tiveram no primeiro turno 43% dos votos (2002, 2006, 2010). Esses 35% de intenções de voto um ano antes da eleição, sem que os adversários tenham sua visibilidade, com uma economia trôpega e com uma imagem outra vez urbana serão seu teto numa campanha eleitoral.
           
6. Mas ainda darão para chegar – mancando – no segundo turno. E – uma vez aí – qualquer um dos candidatos que passe para o segundo turno a vencerá, provavelmente com facilidade.  Quem duvidar que teste em pesquisa trabalhando cenários e não o passado.
Título e Texto: Cesar Maia, 25-9-2013

Um comentário:

  1. Ótima análise tomara que esteja correta mas, o que não entendo é por qual razão FHC e o PSDB sempre levantam a bola para o PT cortar. FHC está gaga ou foi comprado ou é porra louca? É difícil acreditar que um político tão incompetente quanto Dilma consiga sobreviver. Como isso é possível? A única política do PT é comprar o apoio de todos com dinheiro público e não há um puto em Brasilia que os derrube?

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