sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Conflitos chapa-branca e ongueiros em MS

Valfrido M. Chaves  
Avalie o leitor se, nesta República, já viu algo tão vergonhoso e nefasto à idéia de Nação integrada do que a postura do Ministério da Justiça e seu titular Ministro, somado ao ideologismo no Ministério Público Federal, face ao que a mídia denominou “conflito indígena”. Com a promoção desse "conflito", todo o abandono, marginalização e desprezo pelo desenvolvimento das comunidades indígenas que marca a atuação da Funai, são encobertos e esquecidos tanto pela mídia quanto pelos próprios índios.

Foto: Luiz Silveira/Agência CNJ
De um lado vemos indígenas com ou sem terras, cuja culpa maior é serem descendentes de nossos primeiros habitantes e, por isso, punidos pela União, inclusive nestes dois últimos governos, pela falta de educação, saúde, qualificação e incentivo para o trabalho, proteção contra a droga, o tráfico, cachaça. A cárie e a falta de dentes em nossos caros Terenas e as choupanas em que a maioria vive retratam a situação, diante a qual o Estado responde com um sacolão eleitoreiro e de segunda classe. Nas aldeias em Taunays, Aquidauana, seduzidas para invasões de propriedades tão legítimas quanto as aldeias, é incompreensível a extensão das áreas sem aproveitamento, sem cultura alguma. Em quase 300 mortes violentas de índios em MS, 92% delas resultam de richas entre eles próprios, enquanto entidades estatais e religiosas espalham mundo afora que tal carnificina se deve a “conflito por terras”. É um insulto a todos nós e à verdade, para encobrir o fracasso da União na promoção do progresso de nossos índios.

Ouvindo frases promovidas pelo Cimi e MPF, como “lei terena”, “retomada”, proprietários aterrorizados são escorraçados, sob ameaças explícitas de mais invasões, para desespero de quem cumpre as leis, trabalha, produz. Mas há gozo ideológico pelos “avanços” dos que manejam as cordas no aparelho estatal, nos altos escalões do governo Dilma e ONGs com fachada religiosa. Índios que trabalham e se sustentam estão proibidos de adentrarem na “Retomada Esperança”, pois “ajudam os fazendeiros”. Testemunhei veículo oficial baldeando, à noite, indios para “retomarem” a “Fazendinha”. A reintegração de posse em Buriti foi recebida por um esquema de guerrilha, claramente para matar policiais federais, levando a reações de consequências imprevisíveis.

Nas reuniões com presença do Ministro ou noutros momentos, seja por covardia pessoal ou compromisso ideológico, nem este ou qualquer autoridade do setor, inclusive do MPF, lembraram às partes postas em conflito pelas omissões do Estado, que vivemos num Estado Democrático e de Direito e quais as consequências disso nas ações de quem quer que seja. A prática de crimes e violações constitucionais estão factualmente liberadas e protegidas, inclusive, pasmem, pelo Judiciário. As lideranças rurais estão pouco mais que paralisadas, mas seria injustiça não nos referirmos às bravas atuações do Chico Maia, Deputado Mandetta, Senadores Delcídio e Figueiró, a ONG Recovê. Enfim, mediante explícita participação de setores do Estado brasileiro, tomado de ideologia que traz em seu ADN o “terror de Estado” que é a marca do marxismo-leninismo, com a benção estranhíssima de setores religiosos, todos vemos o ódio, o conflito, a violação de direitos se alastrarem, com método, propósito e verbas. O Senado está com data marcada para encarar essa vergonha partejada por setores do Estado brasileiro. Veremos o Senado invadido, “ocupado” e amedrontado pelos manipuladores de sempre, com chapa branca ou religiosa?
Título e Texto: Valfrido M. Chaves, Psicanalista, Pantaneiro, Pós-graduado em Politica e Estratégia Adesg/UCDB, 20-9-2013

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