À decisão de Celso
de Mello, que formou a maioria a outros cinco, admitindo os embargos
infringentes, seguiu-se um silêncio sepulcral. Escrevi na manhã de ontem um post um tanto
movido pela pena da galhofa, em que afirmava “Não é pelos R$ 170 milhões”,
parodiando, com ironia, o “não é pelos 20 centavos”. Alguns idiotas de tão
vendidos e vendidos de tão idiotas afirmaram que eu estaria a convocar as
“multidões”. A única multidão que eu convoco é a de letras. Cinco atrizes
decidiram postar uma foto na
Internet em que aparecem vestidas de negro. Foram demonizadas, espezinhadas,
xingadas, linchadas. Escrevi aqui sobre o ataque vil de
que foram vítimas. E volto ao assunto para tratar de um outro aspecto
importante.
No que respeita à
política, poucos lugares são hoje em dia tão patrulhados e avessos à liberdade
como as redes sociais e os ambientes virtuais de maneira geral. Infelizmente,
práticas persecutórias acabam, muitas vezes, estendendo suas franjas até mesmo
aos sites dos grandes veículos de comunicação. Quem ameaça a liberdade de
expressão na rede não é a NSA, a agência de segurança dos EUA, mas a Al Qaeda
eletrônica comandada pelo PT. Não estou aqui a denunciar uma rede de
conspiração ou coisa parecida. Estou tratando de algo muito concreto, palpável,
com endereço certo.
Escrevi aqui em
abril do ano passado um post sobre um
troço chamado “MAV”: Mobilização em Ambientes Virtuais. Trata-se de um grupo
criado pelo PT em 2010 para policiar a Internet. O núcleo de São Paulo
confessou com todas as letras (em vermelho):
“(…) um grupo de militantes de diversas regiões de SP se uniram e fizeram um trabalho de defesa principalmente da nossa Presidenta Dilma e do nosso então candidato a Governador Mercadante, vítimas de mentiras e armações da oposição. Diversas ações foram realizadas pelos militantes virtuais no twitter, facebook, Orkut, e-mails, sites e blogs. Este grupo cada vez mais unido decidiu se organizar de forma a defender o nosso Partido, a levar informações aos usuários das redes sociais, e mostrar a força da militância Virtual”.
“(…) um grupo de militantes de diversas regiões de SP se uniram e fizeram um trabalho de defesa principalmente da nossa Presidenta Dilma e do nosso então candidato a Governador Mercadante, vítimas de mentiras e armações da oposição. Diversas ações foram realizadas pelos militantes virtuais no twitter, facebook, Orkut, e-mails, sites e blogs. Este grupo cada vez mais unido decidiu se organizar de forma a defender o nosso Partido, a levar informações aos usuários das redes sociais, e mostrar a força da militância Virtual”.
Assim, meu caro
internauta, você pensa estar falando com um indivíduo e, na verdade, está sendo
vítima do assédio de uma legião, como os demônios.
Isso explica, como
escrevi em abril do ano passado, por que os defensores do PT e do governo estão
em todos os portais, sites noticiosos, blogs e redes sociais. Seu interesse,
obviamente, não é levar informação a ninguém. Como deixa claro a sua carta de
intenções, o objetivo é combater “as mentiras e armações da oposição”.
Entenda-se: “mentiras e armações” são todas as informações e opiniões de que eles
não gostam. Já as coisas de que gostam são, naturalmente, “verdades e
revelações”.
A oposição é apenas
um de seus alvos. O outro é o jornalismo independente. Desde que chegou ao
poder, o PT encetou várias ações para tentar censurar a imprensa. Duas delas
foram mais descaradas: a proposta de criação do Conselho Federal de Jornalismo
e a introdução de mecanismos de restrição à liberdade de pensamento no Plano
Nacional de Direitos Humanos. A sociedade rejeitou as duas coisas. Isso não
quer dizer que o partido tenha se dado por satisfeito e se conformado em viver
num país em que informação e opinião são livres.
Na Internet, no
jornalismo impresso e também na TV, ex-jornalistas tiveram a pena alugada pelo
petismo para agredir lideranças da oposição e, ainda com mais energia, a
imprensa. Tentam desacreditá-la para dar, então, relevo às verdades do partido.
Alguém poderia dizer: “Até aí, Reinaldo, tudo bem! Eles estão fazendo a guerra
de opinião”. Não está tudo bem, não! Esse trabalho é financiado com dinheiro
público — sejam verbas do governo federal e de governos estaduais ou municipais
do partido, sejam verbas de estatais. Vale dizer: é o dinheiro público que
financia uma campanha suja que é de interesse de uma legenda.
Essas publicações —
blogs, sites e revistas sustentados com dinheiro dos cidadãos — formam uma
espécie de central de produção de difamações que a tal “MAV” vai espalhar pela
rede. O núcleo mais forte está em São Paulo, mas o próprio partido anuncia que
está criando outros país afora. Assim, meus caros, já não se pense mais no PT
como o partido que aparelha apenas sindicatos, movimentos sociais, ONGs,
autarquias, estatais, fundos de pensão e, obviamente, o estado brasileiro. Não!
Os petistas decidiram aparelhar também a Internet.
Por isso Carol
Castro, Rosamaria Murtinho, Nathalia Timberg, Suzana Vieira e Bárbara Paz foram
alvos de tanta vilania e com tanta rapidez. Foi uma ação grotesca para
intimidá-las e a outras personalidades públicas eventualmente descontentes com
a patuscada da impunidade que se tenta armar no Supremo. Essa gente conseguiu
fazer de um espaço vocacionado para a liberdade o território privilegiado do
assédio moral e do autoritarismo político.
Título e Texto: Reinaldo Azevedo, 21-9-2013
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