Parece que em alguns meios da
opinião publicada, Rui Rio foi erigido, repentinamente, como o novo messias da
política portuguesa. Lamento desapontar-vos, mas Rui Rio, por enquanto, terá,
forçosamente, de ficar recluído à espera de que piores dias venham.
Sim, é certo que o PSD perdeu
espaço político, ao deixar escapar de forma clamorosa algumas das principais
edilidades do país, sem esquecer a verdadeira débâcle eleitoral sofrida na
região do soba Jardim.
Sim, é certo, também, que a
partidocracia nacional sofreu um forte abalo, que não se limitou, note-se, ao
PSD de Passos. Contudo, fazer destes resultados uma espécie de clamor
subterrâneo pela ascensão política de Rui Rio ao leme da nação, cheira
demasiado a bafio, a um bafio que eu julgava já extinto. A culpa não é,
certamente, de Rui Rio, aliás, o ainda presidente da Câmara Municipal do Porto
tem estado, diga-se a abono da verdade, bastante silente, porém, há certos
papagaios regimentais que não aguentam, por mais que a realidade lhes dite o
contrário, a legitimidade das urnas. Que Deus lhes perdoe as manigâncias.
Entretanto, eppur si muove, o CDS, brilhantemente
guiado por Paulo Portas, obteve um excelente score eleitoral, tendo em conta
que, antes destas eleições, o partido era o parente pobre do poder local. Os
centristas conquistaram 5 câmaras, ganhando, com isso, um alargamento da sua
influência política nos municípios portugueses.
O PS de Seguro, que Manuel
Alegre, num acesso de "a mim ninguém me cala", qualificou como o grande vencedor da noite, foi, na verdade, um vencedor muito frouxo, aliás,
frouxíssimo, o que, em bom rigor, é plenamente explicado pela perda de fôlego
verificada nos últimos tramos da corrida às principais praças eleitorais.
Quanto ao Bloco, comprovou-se,
se dúvidas existissem, que, hoje em dia, o partido do caviar e do iPad para
menininhos rebeldes, é uma inexistência política, que só sobrevive graças aos
merdiocratas frequentadores das noitadas do Bairro Alto.
Já o Partido Comunista, cujos
resultados foram, infelizmente, demasiado risonhos, pode agradecer ao seu tão
odiado Deus tamanha dádiva, pois, aqueles 7 a 8% de portugueses desguarnecidos
de inteligência voltaram a dar, sabe-se lá como, ao partido da foice, do
martelo, e do genocídio apoiado fora de portas, o comando de alguns centros
urbanos de relativa importância.
Os resultados eleitorais,
analisados à primeira vista, oferecem, vistas bem as coisas, uma catadupa de
leituras, mas o que importa relevar é que os portugueses, com algumas
reticências pelo meio, manifestaram um profundo desagrado para com a
partidocracia reinante. Para bom entendedor meia palavra basta. O que sairá
daqui só o futuro o dirá.
Título e Texto: João Pinto Bastos, Estado Sentido, 30-9-2013
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