Valdemar Habitzreuter
Se soubermos penetrar no âmago
do significado desta frase estaremos nos dirigindo verdadeiramente a Deus. As
religiões se abstêm de ensinar aos fiéis o único Deus a ser adorado e cultuado:
o Deus do Nada.
A nós nos interessa o Deus do
Tudo. Quem já não pediu a este Deus tudo que gostaria para sua vida – a
garantia de uma vida feliz? Pedimos a Ele que nos livre de todo e qualquer mal;
pedimos saúde para podermos gozar a vida; pedimos que nos livre das dores que
nos afligem; pedimos proteção a nós e aos familiares; pedimos prosperidade nos
negócios, nos trabalhos, na profissão; pedimos que conceda paz a toda
humanidade; pedimos que nos conceda o céu após a morte e nos livre do inferno;
e por aí vai toda uma ladainha de petições sem fim.
Em paralelo a todas essas
nossas petições ainda rendemos-lhe glória por sua majestade e bondade;
exultamos pela vida, pela beleza do Universo que nos concede; exaltamos sua
onipotência que tudo pode, e, por isso mesmo, lhe pedimos que realize tudo o
que pedimos.
A frase acima mostra que
antropomorfizamos um Ser com vontade e desejos conforme nossas perspectivas e
ansiedades. Somos nós que nos projetamos nesse Ser – que seja nosso escudo e
garantia de tudo que nos interessa.
E quando nossas orações não
são atendidas? Ah bom, aí entramos em contradições e lamúrias. Julgamo-nos
pecadores e merecemos o castigo; admitimos que este Deus é um Deus misterioso e
só nos atende segundo seus critérios, não nos dando satisfação das misérias que
nos afligem. Mas mesmo assim continuamos nossas preces para que sejamos
aliviados das mazelas.
Um grande teólogo e filósofo
místico (santo) da Idade Média, Meister Eckart, percebeu que o cristianismo
tornara-se uma religião de culto a um Deus distorcido de como realmente deveria
ser cultuado. Daí sua prece: “peço-te, meu Deus, que me livres de Deus”.
O Deus deste místico é um Deus
do nada; isto é, a paz da alma só nos é concedida quando o tudo deste mundo não
seja perseguido com sofreguidão que a sufoca de sua verdadeira vocação que é:
estar no vazio de Deus. Mas, o vazio de Deus não é um vazio sem preenchimento
de algo; pelo contrário, é um preenchimento do nada total que, justamente, se
constitui na ausência de toda criaturidade, ou seja, de toda criatura –
materialidade - que possa nos prender como sendo primordial à nossa alma. A
prece de Meister Eckart é no sentido de se livrar de um Deus que satisfaça seus
desejos mundanos e mesmo o desejo de possuir Deus, o céu, a felicidade. Para
ele, Deus deve ser cultuado como um vazio de tudo que, no entanto, é o TODO
Absoluto. A prece de Eckart é o desejo de não ter desejo algum, nem mesmo de
Deus; e é isso que constitui, diz ele, paradoxalmente, estar na paz de Deus.
Mas como não temos inclinação
ao estado místico, fiquemos esperneando no nosso mundo de contradições, com
nossos desejos e labutas de uma vida feliz. Mas, façamos jus hoje ao dia do
trabalho, sem trabalho algum, ficando só no vazio da preguiça, e aplaudamos
Dilma de ela tomar a decisão de não trabalhar hoje; isto é, discursar para os
trabalhadores desta nação...
Título e Texto: Valdemar Habitzreuter, 1-5-2015
Tem certos tópicos que apenas reclamam, esbravejam a raiva, mas são simplesmente desabafos sociais sobre negligências específicas, geralmente contra as atitudes dos desgovernos frequentes, em nosso país.
ResponderExcluirEste tópico parece um ensaio muito plausível a ser construído.
Mestre Eckart, morreu antes de ser julgado pela inquisição.
Seus ensaios em maioria são verdadeiros paradoxos para um Frade dominicano, se não me engano.
Uma de suas frase combina bem com esse texto.
-" Pobres de espírito são aqueles que entregaram todas as coisas a Deus, assim como Ele as possuía quando ainda não éramos".
"A gente não precisa pensar tanto no que deve fazer; deve-se antes pensar no que se deve ser. Se alguém é bom, também boas serão suas obras... As obras não nos santificam. Nós é que santificamos as obras".
Finalmente, para tentar decifrar o que o mestre tentava passar às pessoas, ele dizia que entre rezar pela saúde do enfermo é muito melhor atender o enfermo em suas necessidades,
Espero que finalize, o começo está excelente.
Gosto muito quando tocam neste assunto amigos Waldemar e Rocha.
ResponderExcluirIa escrever algo, quando lembrai de outra pessoa que nos diz como
curtir essa presença de Deus em nós mesmos.
Abraço, Ivan Ditscheiner
Primeiro fique sozinho.
Primeiro comece a se divertir sozinho.
Primeiro amar a si mesmo.
Primeiro ser tão autenticamente feliz, que se ninguém vem, não importa; você está cheio, transbordando.
Se ninguém bate à sua porta, está tudo bem -
Você não está em falta.
Você não está esperando por alguém para vir e bater à porta.
Você está em casa.
Se alguém vier, bom, belo.
Se ninguém vier, também é bom e belo
Em seguida, você pode passar para um relacionamento.
Agora você se move como um mestre, não como um mendigo.
Agora você se move como um imperador, não como um mendigo.
E a pessoa que viveu em sua solidão será sempre atraídos para outra pessoa que também está vivendo sua solidão lindamente, porque o mesmo atrai o mesmo.
Quando dois mestres se encontram - mestres do seu ser, de sua solidão -felicidade não é apenas acrescentada: é multiplicada.
Torna-se uma tremendo fenômeno de celebração.
E eles não exploram um ao outro,, eles compartilham.
Eles não utilizam o outro.
Em vez disso, pelo contrário,
ambos tornam-se UM e
desfrutam da existência que os
rodeia.
_
Osho
Ops ... Como diz Rocha, mais material para Valdemar
ResponderExcluirObrigado, Ivan Ditscheiner