José António Rodrigues Carmo
Uma das razões pelas quais não
sou de esquerda, deve-se à desonestidade intelectual que detecto em muitos dos
seus prosélitos, uma tendência a tudo torcerem, incluindo a lógica e a razão,
aos seus desejos, crenças e objectivos. Nada que me surpreenda… afinal, Gramsci
explicou muito bem o que são e para que servem os "intelectuais
orgânicos".
Na sequência destas eleições
legislativas, um dos espantosos argumentos da nossa esquerda é o de que os
"62% dos portugueses rejeitaram a Coligação PAF" e que, portanto, não
pode tentar formar governo. (E ei-los como passaram, de repente e porque lhes
dá jeito, a estar-se nas tintas para a sacrossanta CRP).
Ora, as eleições não são
rejeições. As pessoas não votam para rejeitar, mas sim para eleger.
Apliquemos o delirante
argumento ao resto do espectro político-partidário:
92 % dos portugueses
rejeitaram a CDU.
90% dos portugueses rejeitaram
o BE
68% dos portugueses rejeitaram
o PS.
Chega esta redução ao absurdo,
para provar a patetice e a desonestidade intelectual?
Vamos à Grécia?
É que, pelo mesmo absurdo, 65%
dos gregos rejeitaram o Syriza. E esta, hein?
Título e Texto: José António Rodrigues Carmo, Facebook, 7-10-2015
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