Cesar Maia
1. O Hezbollah e seus aliados políticos conquistaram pouco mais da
metade dos assentos nas eleições parlamentares do Líbano, segundo resultados
extraoficiais, fortalecendo um movimento de base xiita apoiado pelo Irã que se
opõe intensamente a Israel e destacando a influência regional crescente de
Teerã. Se confirmados, os resultados preliminares citados por políticos e pela
mídia também podem aumentar os riscos enfrentados pelo Líbano, que depende de
ajuda militar dos Estados Unidos e espera obter bilhões de dólares de auxílio
internacional e empréstimos para reanimar sua economia estagnada.
2. Classificado pelos EUA como um grupo terrorista, o Hezbollah,
que tem braços político e militar, ganhou força desde que entrou na guerra da
Síria em apoio ao presidente sírio, Bashar al-Assad, em 2012. Sua posição forte
no Líbano reflete a ascendência do Irã, também de maioria xiita, em territórios
que se estendem do Iraque e da Síria a Beirute. O Hezbollah foi criado no
início dos anos 1980, com apoio iraniano, e teve papel vital para o fim da
ocupação israelense do Sul do Líbano, que durou de 1982 a 2000.
3. 'A presença parlamentar nossa e de nossos aliados garante a
proteção da resistência' – afirmou em discurso na TV o líder do Hezbollah, Sayyed
Hassan Nasrallah, referindo-se àquele período.
4. Contagem extraoficial da primeira votação parlamentar em nove
anos indicou grandes perdas para o primeiro-ministro Saad al-Hariri, que tem
apoio do Ocidente. Ele anunciou que seu partido, o Movimento Futuro, perdeu um
terço de suas vagas no Parlamento: 21 assentos, ante 33 na legislatura
anterior. Ainda assim, ele deve emergir como o líder muçulmano sunita com o
maior bloco no Parlamento de 128 cadeiras, o que o tornará o favorito para
formar o próximo governo. O premier libanês precisa ser um sunita em respeito
ao sistema de partilha de poder sectário do país. O novo governo, como o que se
encerra, deve incluir todos os grandes partidos, e já se acredita que as
conversas para decidir os ocupantes do gabinete exigirão tempo.
5. O Líbano tem recebido muita ajuda estrangeira para lidar com a
acolhida de um milhão de refugiados que fugiram do conflito na vizinha Síria, o
equivalente a um quarto de sua população.
6. A eleição foi realizada de acordo com uma nova lei complexa, que
reformulou a distribuição do eleitorado e alterou o sistema eleitoral adotando
um critério de proporcionalidade, ao invés do esquema "o vencedor leva
tudo". O ministro do Interior disse que os resultados oficiais serão
declarados nesta terça-feira.
7. As Forças Libanesas, um partido cristão ferrenhamente
anti-Hezbollah, parecem ter emergido também vencedoras, já que passarão de 8
para 15 parlamentares, segundo indicações iniciais.
8. O Hezbollah, assim como grupos e indivíduos aliados, obteve ao
menos 67 assentos, de acordo com um cálculo da Reuters baseado em resultados
preliminares de quase todas as vagas obtidos de políticos e campanhas e
noticiados pela mídia libanesa. Os aliados do Hezbollah incluem os xiitas do
Movimento Amal, liderado pelo porta-voz do Parlamento, Nabih Berri e os
cristãos da Frente Patriótica Nacional (FPN) criada pelo presidente Michel
Aoun, parceiro do Hezbollah desde 2006 que diz que as armas do grupo são
necessárias para defender o Líbano.
9. Os muçulmanos sunitas, com apoio do Hezbollah, tiveram bons resultados
em Beirute, Trípoli e Sidon, bastiões do Movimento Futuro, de Hariri, indicaram
os resultados. O jornal pró-Hezbolah "al-Akhbar" publicou em sua capa
que a eleição foi um "tapa" em Hariri.
10. O Líbano deveria ter realizado uma eleição parlamentar em 2013,
mas seus legisladores votaram para estender o próprio mandato diante de um
impasse para concordar com uma nova lei de eleição parlamentar.
11. Uma aliança anti-Hezbollah conduzida por Hariri e apoiada pela
Arábia Saudita, chamada de "março 14", ganhou a maioria parlamentar
em 2009. O grupo se desintegrou e a Arábia Saudita desviou atenção e recursos
para confrontar o Irã em outras partes da região, sobretudo no Irã.
12. Samir Geagea, líder das Forças Libanesas, disseram que os
resultados mostram que há "apoio popular" que sustenta a março 14 e
que dá "força e impulso para consertar o caminho bem mais do que éramos
capazes no passado". Ele é um dos principais opositores cristãos no
Líbano, e conduziu seu grupo político nos anos da guerra civil como adversário
de Aoun.
Título e Texto: Cesar Maia, 8-5-2018
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