Empresária que desabafou nas redes sociais
ao relatar a abordagem de fiscais recebeu ligação de Bolsonaro
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Jardim Botânico de Curitiba
(PR), foto: Sérgio Castro/Estadão Conteúdo
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Branca Nunes
Não são apenas as lojas
abertas que passaram a receber a visita de fiscais interessados em saber se as
regras impostas pelos governos para tentar conter a pandemia de coronavírus
estão sendo cumpridas. Em Curitiba, os agentes da prefeitura começaram a
visitar também aquelas que permanecem com as portas fechadas.
Nesta quinta-feira, 9, num
vídeo que viralizou nas redes sociais, a empresária Elisa Ruppenthal contou a
abordagem que sofreu quando trabalhava, sozinha, dentro de uma de suas três
lojas de calçados.
“Hoje aconteceu algo
inusitado”, contou Elisa. “Mesmo com a porta fechada, bateram. Eram dois
fiscais e três guardas municipais”.
Ao atender, ela foi informada
de que os comunicados que tinha do lado de fora da loja com o telefone de
contato deveriam ser retirados, porque ela não tinha permissão para trabalhar
com delivery, entregas ou atendimento por redes sociais. Ao perguntar se
poderia manter a vitrine aberta durante o dia, ouviu que isso não seria
permitido, uma vez que “instigaria as pessoas a comprarem”.
“No começo dessa pandemia eu
tinha 12 colaboradores”, disse Elisa no vídeo. “Hoje só tenho seis. E
provavelmente amanhã não terei nenhum”.
Nesta sexta-feira, 10, depois de assistir ao vídeo de Elisa, Jair Bolsonaro ligou para a empresária. “Espero que a gente resolva a sua situação e a de todo mundo no Brasil para que a gente volte à normalidade o mais rápido possível”, disse o presidente num trecho do telefonema. “Estou te ligando para dizer que estou solidário e pedir desculpas pela minha impotência”.
Rafael Greca, prefeito de
Curitiba, respondeu às criticas de Elisa: “A senhora estava com a loja aberta,
a vitrine exposta, e estava atendendo dentro da loja”, afirmou, segundo o
jornal Tribuna do Paraná. “A senhora alegou ter e-commerce e foi
orientada pela equipe a manter a loja fechada e vender só por e-commerce. Nem
sequer foi notificada”. A empresária nega.
Guilherme Fiuza, colunista de Oeste,
comentou o episódio no Twitter. “A ação ditatorial de Rafael Greca, prefeito de
Curitiba, impedindo a dona de uma loja de calçados de lutar contra a falência
com telefone de delivery na vitrine (!) deixa a pergunta: até quando o Brasil
vai tolerar essas covardias demagógicas que não salvam a vida de ninguém?” É
uma boa questão.
Título e Texto: Branca
Nunes, revista Oeste, 11-7-2020, 10h08
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