sábado, 11 de julho de 2020

Em Curitiba, prefeitura agora fiscaliza até as lojas que permanecem fechadas

Empresária que desabafou nas redes sociais ao relatar a abordagem de fiscais recebeu ligação de Bolsonaro

Jardim Botânico de Curitiba (PR), foto: Sérgio Castro/Estadão Conteúdo
Branca Nunes

Não são apenas as lojas abertas que passaram a receber a visita de fiscais interessados em saber se as regras impostas pelos governos para tentar conter a pandemia de coronavírus estão sendo cumpridas. Em Curitiba, os agentes da prefeitura começaram a visitar também aquelas que permanecem com as portas fechadas.

Nesta quinta-feira, 9, num vídeo que viralizou nas redes sociais, a empresária Elisa Ruppenthal contou a abordagem que sofreu quando trabalhava, sozinha, dentro de uma de suas três lojas de calçados.

“Hoje aconteceu algo inusitado”, contou Elisa. “Mesmo com a porta fechada, bateram. Eram dois fiscais e três guardas municipais”.

Ao atender, ela foi informada de que os comunicados que tinha do lado de fora da loja com o telefone de contato deveriam ser retirados, porque ela não tinha permissão para trabalhar com delivery, entregas ou atendimento por redes sociais. Ao perguntar se poderia manter a vitrine aberta durante o dia, ouviu que isso não seria permitido, uma vez que “instigaria as pessoas a comprarem”.

“No começo dessa pandemia eu tinha 12 colaboradores”, disse Elisa no vídeo. “Hoje só tenho seis. E provavelmente amanhã não terei nenhum”.


Nesta sexta-feira, 10, depois de assistir ao vídeo de Elisa, Jair Bolsonaro ligou para a empresária. “Espero que a gente resolva a sua situação e a de todo mundo no Brasil para que a gente volte à normalidade o mais rápido possível”, disse o presidente num trecho do telefonema. “Estou te ligando para dizer que estou solidário e pedir desculpas pela minha impotência”.


Rafael Greca, prefeito de Curitiba, respondeu às criticas de Elisa: “A senhora estava com a loja aberta, a vitrine exposta, e estava atendendo dentro da loja”, afirmou, segundo o jornal Tribuna do Paraná. “A senhora alegou ter e-commerce e foi orientada pela equipe a manter a loja fechada e vender só por e-commerce. Nem sequer foi notificada”. A empresária nega.

Guilherme Fiuza, colunista de Oeste, comentou o episódio no Twitter. “A ação ditatorial de Rafael Greca, prefeito de Curitiba, impedindo a dona de uma loja de calçados de lutar contra a falência com telefone de delivery na vitrine (!) deixa a pergunta: até quando o Brasil vai tolerar essas covardias demagógicas que não salvam a vida de ninguém?” É uma boa questão.


Título e Texto: Branca Nunes, revista Oeste, 11-7-2020, 10h08

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