Esta é a segunda vez que o nome do
presidente do STF é envolvido direta ou indiretamente em suspeitas de casos de
corrupção
Wilson Lima
O presidente do Supremo
Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli [foto], classificou como “fake news” a
informação de que teria recebido repasses da Odebrecht entre 2007 e 2009,
quando era Advogado-Geral da União, durante a gestão do ex-presidente Lula.
Na noite desta sexta-feira,
10, segundo reportagem do site VortexMedia, Marcelo Odebrecht afirmou durante
um depoimento prestado em maio aos procuradores da Força Tarefa da Lava Jato
que um diretor da empreiteira e um advogado ligado ao PT acertaram pagamentos
para Toffoli na reta final do governo Lula. Apesar disso, Odebrecht não soube
informar os detalhes operacionais dos pagamentos nem a sua finalidade.
A reportagem de Oeste confirmou
o teor do depoimento de Odebrecht e a informação de que o delator entregou
documentos aos integrantes do Ministério Público Federal. Entre eles, e-mails e
comunicações que, para o empreiteiro, confirmam a proximidade entre o
presidente do Supremo e integrantes da empresa. O caso está sob análise da
Procuradoria-Geral da República para abertura ou não de inquérito contra
Toffoli. Há suspeitas de que o presidente do Supremo cometeu crime de corrupção
passiva.
Durante a noite desta
sexta-feira e manhã deste sábado, Toffoli classificou a denúncia de Odebrecht
como “fake news” a colegas do Supremo e assessores judiciários. Para ele, não
há provas ou qualquer tipo de indício que o ligue a pagamentos ilegais por
parte da empreiteira. Ministros da Suprema Corte pediram maiores explicações a
Toffoli. Oeste apurou que o clima no STF é de total
constrangimento.
Esta é a segunda vez que o
nome de Toffoli é envolvido direta ou indiretamente em suspeitas de casos de
corrupção. Os assessores do STF lembraram que a nova revelação ratifica um
e-mail (anexado aos autos da Lava Jato) enviado por Odebrecht a dois colegas de
trabalho em 13 de julho de 2007 com a mensagem: “Afinal vocês fecharam com o
amigo do amigo do meu pai?”.
Na época, o advogado Adriano
Maia, um dos integrantes do corpo jurídico da Odebrecht, respondeu. “Em curso”.
A troca de e-mails estava relacionada a entraves jurídicos envolvendo as
hidrelétricas do Rio Madeira, de responsabilidade da Odebrecht. O amigo
do amigo do meu pai seria, teoricamente, o presidente do STF, Dias
Toffoli, quando atuava pela AGU.
Título e Texto: Wilson Lima,
revista Oeste, 11-7-2020, 12h04
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