O vice do fofo do século é uma confusão
cognitiva e uma máquina de gafes. Para os democratas, só resta tentar
escondê-lo
Ana Paula Henkel
Platitudes, frases feitas e o
politicamente correto como guia. Aquela velha e costumeira pitada da ajuda da
mídia e de gurus progressistas, que medem muito bem as palavras para encaixar o
personagem em questão na narrativa da justiça social do momento, e, voilà,
temos um candidato a presidente do Partido Democrata.
Esqueça políticas fiscais,
domésticas, muito menos políticas internacionais que precisem ser debatidas.
Expor emaranhados geopolíticos? Nem pensar. O antigo cenário da corrida
presidencial norte-americana com debates históricos entre democratas e
republicanos e suas políticas para os Estados Unidos e o mundo é parte do
passado. Enquanto alguns republicanos continuam inertes diante das falácias
plantadas contra a atual administração, a retórica de quem atualmente segue os
trilhos da reverência de movimentos coletivistas continua sendo tocada como um
disco arranhado. Disco que elegeu Barack Obama como presidente dos Estados
Unidos por dois mandatos e agora quer eleger seu vice, Joe Biden [foto].
Para aqueles com autonomia na
leitura da política americana, não é difícil perceber que o governo de Barack
Obama passou muito longe da convincente oratória e do quase hipnotizante
carisma do 44º presidente norte-americano. Obama, em sua figura presidenciável,
até hoje consegue esconder as falhas e os vazios números de sua pífia
administração. O legado de Barack foi uma América mais dividida, mais pobre,
mais acorrentada às mãos do Estado, que cresceu como nunca, e de joelhos para
alguns países em questões internacionais, inclusive inimigos históricos.
O negócio é surfar
na onda do ex-presidente fofo e na aura de bom moço de Barack. E ficar quieto
Mas nada disso importa, Barack
é fofo. E é exatamente nessa fofura e carisma que seu vice, Joe Biden, tenta
pegar carona para se eleger presidente nas eleições de novembro deste ano.
Esqueça as políticas econômicas ou sociais de real crescimento ou recuperação
depois de uma pandemia histórica, o importante agora é pagar o santo pedágio
ideológico de cada dia, surfar na onda do ex-presidente fofo e na aura de bom
moço de Barack. E ficar quieto. Muito quieto. Em época da cultura do
“cancelamento”, é melhor permanecer na névoa segura da imagem de um presidente
popular e no silêncio dos covardes.
Enquanto o malvadão do século,
Donald Trump, segue com foco nas políticas domésticas, principalmente diante do
estrago econômico causado pela histórica pandemia, Biden pede a bênção da nova
ordem e adota um discurso mais global, ressaltando questões como mudanças
climáticas, macroeconomia e conflitos sociais e raciais, trazendo à tona o
famoso “nós versus eles” e um caminhão de blá-blá-blás sem
fim. Receita perfeita para o momento. Assim o caminho é garantido e nada pode
dar errado, certo? Bem, falta combinar com Biden.
O vice do fofo do século é uma
máquina de gafes. Biden pode ter se tornado famoso como vice-presidente do
primeiro presidente negro da história americana, e, enquanto seu passado pode
ajudá-lo, seu presente não está colaborando para o sonho de sair da sombra de
Barack e tornar-se presidente. Joe, em sua atual campanha presidencial, vem
dando declarações bizarras e fazendo inúmeros comentários inadequados. Disse,
por exemplo, a um popular apresentador negro de rádio que, “se você tem algum
problema para descobrir se vota em mim ou no Trump, então não é negro”. Claro
que você não viu grandes manchetes ou repercussões sobre o episódio. Biden faz
parte da turma do Beautiful People com selo de perdão de gafes e botão anticancelamento
para comentários racistas, polêmicos, homofóbicos e até totalmente incorretos.
Biden parece viver
em um estado mental muito confuso e chega a ser perturbador assisti-lo
Mas não para por aí. Biden,
frequentemente, parece não conseguir terminar uma frase. Os nomes são vagos, as
datas não batem e os números, muitas vezes, estratosfericamente errados. Biden
parece viver em um estado mental muito confuso e chega a ser perturbador
assisti-lo. Não é mais surpreendente quando o ex-vice-presidente diz algo indelicado
ou comete uma terrível gafe que na boca de Trump seria, certamente, passível de
um processo de impeachment. Em um dos debates das primárias
democratas neste ano, por exemplo, para atacar Bernie Sanders e criticar as
legislações sobre flexibilização no porte e posse de armas, Biden disse que 150
milhões de pessoas haviam morrido no país desde 2007, quando o oponente, como
senador, ajudou a passar tais leis. Metade da população norte-americana
dizimada desde 2007. Uau. Mas não ria apenas com um exemplo como este. Basta
uma rápida visita ao Google para encontrar uma lista quase infinita de gafes e
absurdos falados por Joe Biden de fazer inveja até a Dilma Rousseff.
Para Biden, só resta a
inserção de respostas memorizadas em perguntas ensaiadas. Mas há problemas em
esconder o candidato e deixá-lo apenas repetindo os enlatados para a turba
progressista — mesmo quando ele, aparentemente, anda à frente de Trump nas
recentes pesquisas eleitorais. Apesar do novo e agitado mundo virtual, em que a
sociedade passa boa parte do tempo, os eleitores ainda votam em pessoas e
propostas para a vida real. Uma campanha virtual para um candidato presidencial
virtual vai atingir seu prazo de validade. Biden subiu nas pesquisas, é
verdade, mas muito porque o público não tem a oportunidade de vê-lo ou ouvi-lo.
Até Obama, o fofo, em um momento impopular do Partido Democrata em 2016, tentou
desaparecer, mas teve de emergir da dura vida nos campos de golfe e se render
aos holofotes da mídia. Ele descobriu que, quanto mais se afastava dos olhos do
público, mais o público gostava da velha ideia. O modelo “fantasma” também
poderia funcionar para Biden. Ele, até aqui, é um candidato virtual que não
está na linha de frente das análises incômodas e da guerra cultural que envolve
derrubadas de estátuas, protestos, policiais e coronavírus — não pode,
portanto, ser responsabilizado por coisa nenhuma.
Um fantoche, se
eleito, pode permitir uma passagem para um substituto da esquerda mais radical
para a Presidência
Os democratas sabiam que perderiam
com Elizabeth Warren, Kamala Harris ou Bernie Sanders se um deles fosse o
candidato a encarar Trump. As primárias democratas, pesadas nas retóricas das
políticas de extrema esquerda, ensinaram isso muito bem ao partido. A agenda da
ala radical democrata, que deixa qualquer membro do Psol orgulhoso, não chegou
a lugar algum — e não chegaria —, principalmente depois de a população
acompanhar durante semanas a fio os protestos com incêndios criminosos, saques
e muita violência em todo o país.
Esta talvez seja uma das
eleições mais importantes da história dos Estados Unidos, em que muitos valores
e princípios estão em jogo. Não se engane. Um fantoche, se eleito, pode
permitir uma passagem para um substituto da esquerda mais radical para a
Presidência. Uma versão virtual de Biden, ancorada nas narrativas fofas
progressistas de bem-estar social e preocupação com o meio ambiente, oferece o
perigoso verniz da “moderação” para políticas radicais que, se implantadas, sem
dúvida afetarão importantes pilares de sustentação não apenas dos Estados Unidos,
mas do mundo.
É óbvio que, para um candidato
à Presidência da maior potência mundial, a pandemia não deveria ter sido
impedimento para entrevistas, discursos e aparições na TV. Mas, cada ocasião,
por mais roteirizada, ensaiada e enlatada, só oferece mais provas diárias de
que Biden é cognitivamente incapaz de ser presidente ou de exercer qualquer
cargo. Para os democratas, só resta alimentar o caos, obstruir a recuperação
econômica e esconder Biden no porão até o dia das eleições.
Título e Texto: Ana Paula
Henkel, revista
Oeste, 17-7-2020, 9h30
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