quinta-feira, 2 de julho de 2020

Visão de Anjos

Telmo Azevedo Fernandes

A capa desta semana da revista Visão entra diretamente para os lugares cimeiros das manchetes mais imbecis dos últimos tempos. A primeira página é acompanhada ainda por um editorial pateta da sua diretora, Mafalda Anjos.


Não é Mafalda que é pateta, é o seu texto, como se comprova pelas coisas angélicas que escreve, como esta:

A pandemia, os números mostram-no, teve um efeito notável no clima do planeta: as emissões de carbono reduziram-se com o abrandamento económico e os aviões estacionados em terra, a poluição atmosférica recuou e, em muitas zonas do planeta, a Natureza ganhou terreno face ao Homem.

Não duvido da pureza de intenções da responsável pela publicação, mas com este binômio “capa-editorial” legitima a interpretação de que, no fundo, entende que o Homem é secundário na Natureza ou, dito de outro modo, Homem e Natureza são incompatíveis.

A delirante ideia de que o homem está a mais na natureza é antiga e sobre ela já tratei no Observador há tempos. A facilidade com que se dizem asneiras e se constroem narrativas fantasiosas mesmo com a realidade à frente do nariz é não só algo duradouro, como merecedor de registo pelo grau de alienação que consegue atingir.

Mas, Visão e Anjos inquietam-se com as gerações futuras e por isso o corolário dos disparatados argumentos que dão à estampa, alicerçados na nova seita religiosa do cientismo e dos especialistas em Clima, talvez seja o da defesa da extinção do homem através da paragem das atividades econômicas. Nesta linha de raciocínio está por exemplo a spin-off do Bloco de Esquerda comandada pelo “genro” de Francisco Louçã (especialista em alterações climáticas e não dirigente neomarxista partidário, obviamente) que “exige a intervenção pública na TAP” para “planear uma redução drástica faseada e justa do sistema de transporte aéreo“.

Deve ser isto: quando estivermos todos mortos, o planeta será magnificamente verde!

Título e Texto: Telmo Azevedo Fernandes, Blasfémias, 2-7-2020

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