Telmo Azevedo Fernandes
A capa desta semana da revista
Visão entra diretamente para os lugares cimeiros das manchetes mais imbecis dos
últimos tempos. A primeira página é acompanhada ainda por um editorial
pateta da sua diretora, Mafalda Anjos.
Não é Mafalda que é pateta, é
o seu texto, como se comprova pelas coisas angélicas que escreve, como esta:
A pandemia, os números mostram-no, teve um efeito notável no clima
do planeta: as emissões de carbono reduziram-se com o abrandamento económico e
os aviões estacionados em terra, a poluição atmosférica recuou e, em muitas
zonas do planeta, a Natureza ganhou terreno face ao Homem.
Não duvido da pureza de intenções
da responsável pela publicação, mas com este binômio “capa-editorial” legitima
a interpretação de que, no fundo, entende que o Homem é secundário na Natureza
ou, dito de outro modo, Homem e Natureza são incompatíveis.
A delirante ideia de que
o homem está a mais na natureza é antiga e sobre ela já tratei no
Observador há tempos. A facilidade com que se dizem asneiras e se constroem
narrativas fantasiosas mesmo com a realidade à frente do nariz é não só algo
duradouro, como merecedor de registo pelo grau de alienação que consegue
atingir.
Mas, Visão e Anjos
inquietam-se com as gerações futuras e por isso o corolário dos disparatados
argumentos que dão à estampa, alicerçados na nova seita religiosa do cientismo
e dos especialistas em Clima, talvez seja o da defesa da extinção do homem
através da paragem das atividades econômicas. Nesta linha de raciocínio está
por exemplo a spin-off do Bloco de Esquerda comandada pelo
“genro” de Francisco Louçã (especialista em alterações climáticas e não
dirigente neomarxista partidário, obviamente) que “exige a intervenção
pública na TAP” para “planear uma redução drástica faseada e justa do
sistema de transporte aéreo“.
Deve ser isto: quando estivermos
todos mortos, o planeta será magnificamente verde!
Título e Texto: Telmo
Azevedo Fernandes, Blasfémias,
2-7-2020
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