Deputados discutem medidas para limitar o excesso de títulos e medalhas concedidos pela Assembleia Legislativa do Rio. Câmara do Rio também tem fábrica de homenagens
Quintino Gomes Freire
Foto: Cleomir Tavares/Diário do Rio |
“Ambiente descontraído” e
“melhor tempero da cidade”:
A justificativa do projeto, de
autoria do deputado Renan Jordy (PL), que elogiava o “ambiente
descontraído” e o “melhor tempero da cidade” do bar, gerou risos e ironia entre
os deputados. Carlos Minc (PSB) brincou: “Se o
critério é ser descontraído e próximo da praia, até os motéis poderiam ser”.
O caso levou à discussão sobre
o excesso de homenagens concedidas pela Alerj. O deputado Renan Jordy, por
exemplo, já protocolou 26 projetos de reconhecimento apenas este ano. A
deputada Verônica Lima (PT) já apresentou 44 projetos, entre
medalhas, prêmios e declarações de patrimônio.
Banalização das honrarias:
O presidente da CCJ, Rodrigo
Amorim (União), criticou a banalização das homenagens, que muitas
vezes se transformam em um jogo político de “fazer média” com eleitores e
aliados. “Vejamos o exemplo da Medalha Tiradentes, há deputados que
concederam 40 em um só ano. Isso banaliza a premiação”, afirmou.
Código de Honrarias:
Para coibir os excessos, Amorim anunciou que está elaborando um Código de Honrarias para reunir todos os tipos de homenagens concedidas pela Alerj e estabelecer limites e critérios para sua concessão. A proposta será avaliada pela CCJ e, se aprovada, poderá restringir o número de homenagens por parlamentar e definir critérios mais rigorosos para a concessão de títulos e medalhas.
Objetivo:
O objetivo da iniciativa é
preservar o valor das honrarias e evitar que elas percam seu significado,
garantindo que o reconhecimento seja concedido apenas a pessoas e instituições
que realmente o mereçam.
Fábrica
na Câmara dos Vereadores
Stivanelli também chama
atenção como, também, a Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro se transformou
em uma verdadeira “fábrica de homenagens” na reta final do mandato. Em uma
única edição do Diário Oficial, publicada em 27 de novembro, foram registrados
quase 50 pedidos de medalhas e títulos, muitos deles de autoria de vereadores
não reeleitos.
Marcelo Arar: o “campeão”
das homenagens:
O vereador Marcelo
Arar (Agir) se destacou na sessão do dia 28 de novembro ao conceder o
título de Mérito Esportivo Mestre Hélio Gracie — uma homenagem criada para
reconhecer serviços relevantes ao esporte — para políticos, como o deputado
federal Pedro Paulo (PSD) e o deputado estadual Claudio
Caiado (PSD), irmão do presidente da Câmara, Carlo Caiado (PSD).
Banalização das homenagens:
A proliferação de homenagens e
medalhas na Câmara do Rio tem gerado críticas sobre a banalização dessas
honrarias. Muitos vereadores aproveitam os últimos dias de mandato para bajular
políticos de maior projeção, amigos e até vizinhos, na tentativa de garantir
apoio político ou simplesmente “fazer média”.
Calendário lotado:
Com tantas homenagens
concentradas no fim do ano, o calendário da Câmara ficou lotado, e a maioria
das cerimônias de entrega deve ocorrer apenas em 2025. No caso dos vereadores
não reeleitos, a entrega das homenagens dependerá da boa vontade dos colegas que
permaneceram na Câmara.
Falta de quórum para
debates:
Enquanto a Câmara se destaca
pela “produção” de homenagens, sessões importantes têm sido canceladas por
falta de quórum, o que demonstra a falta de prioridade de alguns vereadores em
discutir e votar projetos relevantes para a cidade.
Reflexo do “toma lá, dá
cá”?
A distribuição excessiva de
homenagens e medalhas na Câmara do Rio pode ser vista como um reflexo da
cultura do “toma lá, dá cá” na política, onde o reconhecimento é usado como
moeda de troca para favores e alianças políticas.
A banalização das honrarias
desvaloriza o significado dessas condecorações, que deveriam ser reservadas
para reconhecer pessoas e instituições que prestaram serviços relevantes à
sociedade.
Título e Texto: Quintino Gomes Freire, Diário do Rio, 8-12-2024
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