Aparecido Raimundo de Souza
O fato é que ninguém compareceu ou mesmo se prestou a me dar um telefonema, ou enviar uma porra de uma mensagem via whatsApp, perguntando se eu estava bem ou se já havia partido para os quintos da puta que me pariu. Esta simples atitude advinda de generosa bondade que todos vocês possuem, lhaneza atrelada a um regozijo que vem sem intermediário de dentro do âmago de cada um, me trouxe, em paralelo, um sentimento pérido (1) como, mesmo saco de gatos latindo, engatado numa realidade assíncome (2) e de braços dados com uma nostalgia infinita que considerei desumana e sem precedentes.
Apesar da falta de decoro que os meus prezados e caríssimos gostam de alimentar, parti para os caminhos da reflexão. Pois bem, meus queridos, amados e prestimosos irmãos, usque filhos, filhas, netos e netas (exceto uma), quero que saibam, apesar da ausência, do esquecimento, da falta de atenção, do desprezo e também e principalmente da carência de hombridade, continua viva aqui dentro do meu ser o amor, o carinho e o aconchego, de mãos dadas com a valorização incondicional e imorredoura, afeições e querenças, a bem da verdade, que carrego num oculto guardado dentro do meu “eu” para cada um de vocês, em particular.
O mais importante. Alimento a certeza ílica (3) e imutável, inabalável, sólida e pétrea de que todos vocês, apesar de desatenciosos e grosseiros, metidos e metidas a “peidarem com seus rabos disfarçados”, todos têm em minha vida uma cadeira cativa. Espero que, em futuros Natais, vocês não se esqueçam que a vida é breve e passageira. Como o peido acima, desses assanhados que fumegam em hora errada. Por aqui (seja você rico, pobre, fodido ou abastado), não importa o seu estado de saúde poderá mudar de uma hora para outra.
Se você se acha o tal, o intocável, por exemplo, o seu tempo de existência não vai além de um sopro (voltando ao peido – um desses inoportunos que ao se verem soltos, fedem horrivelmente e somem sem deixar rastros). Sinceramente espero e confio, possamos estar juntos compartilhando em próximos vindouros, risadas e abraços ao redor de comes e bebes, contando histórias, rindo e jogando conversas fora, enfim, caríssimos e caríssimas, repaginando momentos familiares que tornam qualquer data medíocre numa algazarra de cunho especial.
Que a bondade e a Paz do Natal continuem a iluminar os seus dias e que possamos encontrar maneiras simples e corriqueiras de nos conectarmos, mesmo que à distância se faça traiçoeira e fatal. Que o ano de 2025 que se aproxima, traga novas oportunidades de estarmos celebrando em harmonia solidificada, a verdadeira sintonia em linha meridiana no sentido único de renovarmos os regalos e as exultações e restabelecermos o que conhecemos como tranquilidade.
Explicações necessárias:
Pérido o mesmo que vazio ou oco.
Assíncome, assustadora, ou malévola.
Ílica, outra maneira de dizer pujante.
Palavras do romance Tom Jones, de Henry Fielding – publicado pelo Círculo do Livro.
Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro, 25-12-2024
Anteriores:Pesadelos da noite de Natal
Pela fruta do pecado, o fatal se engrandeceu
A euforia de um barco regressando
[Aparecido rasga o verbo – Extra] Rir ainda é o melhor remédio para afastar os médicos e o avanço da velhice
Quando o feio se torna bonito
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-