Vasco da Gama conviveu com muita instabilidade no ano e irá iniciar a próxima temporada com mais perguntas que respostas sobre o Clube
Altair Alves
Foto: Marcello Zambrana/AGIF |
O Vasco teve Alexandre Mattos e a Família Díaz somados a um grande investimento no futebol. Mais um técnico português que não vingou em São Januário, saída da 777 Partners do comando da SAF para a chegada de Pedrinho, recuperação no Brasileirão e classificação para uma competição internacional pela primeira vez desde 2020.
Expectativa era de 2024
melhor
Apesar de ter brigado para escapar do rebaixamento, o torcedor do Vasco tinha a expectativa de que 2024 poderia ser melhor. Isso porque o time competia sob o comando de Ramón Díaz e terminara a temporada 2023 com espinha dorsal sólida.
Além disso, Lúcio Barbosa, CEO
da SAF na época, prometeu que o Cruz-Maltino faria grandes investimentos. Nas
palavras do ex-dirigente, os jogadores que chegariam seriam do tamanho do
Vasco.
Alexandre Mattos e
contratações de valores impactantes
Alexandre Mattos, conhecido como “tubarão no mercado”, substituiu Paulo Bracks e teve a missão de começar a construção do elenco para 2024. Ao todo, o diretor de futebol contratou nove jogadores e gastou R$ 120 milhões.
A chegada de João Victor, por
exemplo, aumentou o nível de exigência da torcida. Afinal, o zagueiro chegou em
definitivo junto ao Benfica, por R$ 32 milhões. Com a permanência na Série A, o
Vasco terá que pagar mais R$ 6,3 milhões ao clube português. O valor pode se
repetir caso o Cruzmaltino se mantenha na elite do futebol brasileiro em 2025.
O Vasco também investiu alto
nas chegadas de Adson, Sforza e Clayton. O último destes três nomes foi
contratado para ser sombra para Vegetti. O atacante, que deixou o Casa Pia, de
Portugal, teve passagem apagada com a camisa cruzmaltina e custou quase R$ 20
milhões.
Clayton esteve em campo em
apenas oito partidas. O atacante foi emprestado ao Rio Ave, também de Portugal,
onde é artilheiro do clube na temporada, com 10 gols.
Mesmo contratando praticamente
um time inteiro, o elenco seguiu com lacunas. Nenhum reforço supriu as
ausências de Jair e Paulinho, que perderam quase toda a temporada, com graves
lesões de joelho.
Eliminação vexatória no
Carioca e saída de Mattos
A eliminação do Vasco na
semifinal do Campeonato Carioca, diante do Nova Iguaçu, culminou com a demissão
de Alexandre Mattos. Os dois jogos ligaram o alerta no clube para a disputa do
Brasileirão. Porém, somente Hugo Moura foi contratado.
Início melancólico no
Brasileirão e saída da Família Díaz
O Vasco começou o Campeonato
Brasileiro melancolicamente. Tudo se encaminhava para mais um ano brigando
contra o rebaixamento. A goleada sofrida, em São Januário, por 4 a 0, para o
Criciúma, colocou um ponto final na passagem de Ramón e Emiliano Díaz no Cruz-Maltino.
No entanto, o término da
relação foi litigioso e ainda é alvo de polêmica até os dias atuais. Após a
partida contra o Criciúma, o Vasco publicou um comunicado revelando a saída da
Família Díaz.
Ramón e Emiliano foram a
público falar que foram demitidos pelo Twitter. O Vasco, por sua vez, afirma
que a Família Díaz pediu demissão. A briga está longe de terminar na Justiça.
Ação contra 777; Pedrinho
comanda o futebol
A Justiça do Rio acatou o
pedido do Vasco e tirou a SAF do controle da 777 Partners. Fiscalizar e cobrar
a empresa eram as principais promessas da campanha de Pedrinho.
No dia 26 de março, Pedrinho
deu entrevista coletiva, na qual estava claramente desconfortável por não poder
expor situações. A entrevista viralizou pelo fato de o dirigente citar nove
vezes a frase “não posso falar”.
O Departamento Jurídico do
Vasco se movimentou em meio às denúncias da Leadenheall, um fundo inglês, na
Justiça dos Estados Unidos contra a 777 Partners. A empresa acusa a ex-dona da
SAF vascaína de ser um “castelo de cartas” controlado pela A-CAP.
Álvaro Pacheco, o boina
Com a saída de Ramón Díaz,
Álvaro Pacheco foi o nome escolhido ainda sob a gestão da 777 Partners, bem
como Pedro Martins, substituto de Alexandre Mattos. O técnico português chegou
no início da turbulência entre o clube associativo e a empresa norte-americana.
A estreia de Álvaro Pacheco no
comando foi vergonhosa. O Vasco foi goleado para o Flamengo, por 6 a 1, no
Maracanã. Pedrinho e a diretoria se mostraram incomodados com o português e os
jogadores.
No dia posterior ao clássico,
o presidente do Vasco anunciou Felipe como diretor-técnico. Naquele momento, a
medida se mostrou ineficaz.
Interferência no futebol
incomodava agentes da SAF
Lúcio Barbosa se sentiu
incomodado com a interferência de Pedrinho e Felipe no Vasco. Isso fez com que
o CEO pedisse demissão. Outro que se sentia desconfortável era o diretor de
futebol, Pedro Martins, que também deixou o cargo, após a saída de Álvaro Pacheco.
O técnico português não
resistiu e deixou o Vasco após três derrotas e um empate em quatro jogos.
Naquele período, a equipe marcou apenas um gol.
Ascensão de Rafael Paiva
A briga contra o rebaixamento
bateu na porta, e o cenário era de terra arrasada. Antes de a bola rolar na 11ª
rodada do Brasileirão, o Vasco estava sem técnico, sem diretor de futebol e sem
CEO.
No entanto, tudo começou a
mudar com soluções caseiras. Rafael Paiva comandou o Vasco interinamente e
mudou os rumos na temporada. Na primeira partida, vitória de virada, por 4 a 1,
sobre o São Paulo, e saída do Z4. A goleada contou com show dos crias da base
Estrella, JP e Leandrinho.
Rafael Paiva não só
rejuvenesceu a equipe com os garotos revelados pelo Vasco, como também cedeu
espaço para reforços pouco utilizados. Foram os casos de João Victor e Adson.
Com isso, o Cruzmaltino chegou a vencer quatro jogos consecutivos no
Brasileirão, algo que não acontecia desde 2012.
Rafael Paiva quebrou escritas.
Uma delas foi fazer o Vasco vencer o Internacional no Beira-Rio, o que não
acontecia desde 2019. O Cruzmaltino também voltou a derrotar o Corinthians
depois de 14 anos.
Retorno de Coutinho ao
Vasco
O retorno de Philippe Coutinho
foi um dos pontos mais empolgantes do Vasco em 2024. O torcedor viveu um sonho:
time na parte de cima da tabela, almejando voos mais altos, e a volta de um
jogador revelado pelo clube, que fez sucesso no futebol europeu e na Seleção
Brasileira.
Coutinho vestiu a camisa 11 e
foi apresentado diante de um São Januário lotado. A música “A Barreira Vai
Virar Baile” não saiu da cabeça dos torcedores.
Apesar disso, Philippe
Coutinho não viveu um mar de rosas. O início da trajetória foi delicado. O
Vasco só venceu com Coutinho em campo no dia 24 de outubro, quando superou o
Cuiabá, em São Januário. O meia tinha estreado no dia 21 de julho, na derrota
para o Atlético-MG, pela 18ª rodada do Brasileirão. Foram seis empates e seis
derrotas em 12 jogos, antes do primeiro triunfo.
Janela do Vasco sem
contratar a prioridade
A chegada de Philippe Coutinho
foi o marco na janela de transferências feita por Pedrinho e Marcelo Sant’Ana.
Porém, os vascaínos se frustraram. A prioridade do Vasco, que era um zagueiro,
não foi contratada. Diversos nomes foram tentados, mas a missão fracassou.
Ao todo foram contratados seis
jogadores. Além de Coutinho, Alex Teixeira e Souza voltaram ao clube, e Emerson
Rodríguez, Jean David e Maxime Domínguez chegaram.
Da euforia à desilusão na Copa
do Brasil
Vencer a Copa do Brasil e um título relevante após 13 anos era obsessão para os
vascaínos. A trajetória foi heroica. Árduas classificações contra Água Santa,
Fortaleza e Atlético-GO. Dura batalha contra o Athletico-PR. Isso sem contar a
vitória sobre o Marcílio Dias na primeira fase.
Queda de Paiva e final de
ano com lições
O Vasco ensaiou dar a resposta
depois da eliminação na Copa do Brasil. Duas vitórias sobre Cuiabá e Bahia
fizeram com que o sonho de disputar a Libertadores em 2025 parecesse viável.
No entanto, mesmo com as
vitórias, o Vasco saiu dos trilhos. Rafael Paiva foi um dos responsáveis, uma
vez que abraçou convicções, que fizeram com que o técnico terminasse demitido.
Após as lesões de Adson e David, o esquema com pontas abertos se tornou ineficaz.
Com a demissão de Rafael
Paiva, Felipe assumiu o Vasco interinamente. Jogadores foram barrados ou
liberados, como Galdames, Rojas e Rossi, e o esquema tático acabou modificado.
Resultado: o Cruzmaltino empatou com o Atlético-GO e venceu o Atlético Mineiro
e o Cuiabá. Terminou 2024 na 10ª colocação do Campeonato Brasileiro e
classificado para a Copa Sul-Americana 2025.
Chegada de Carille,
reforços e 2025 com pendências
Pedrinho terminou 2024
cumprindo o que falou após a demissão de Rafael Paiva: Felipe só comandaria os
últimos três jogos e depois voltaria a ser diretor-técnico. O Vasco termina o
ano já com um nome para comandar a equipe em 2025. Trata-se de Fábio Carille. O
Cruzmaltino também tem reforços encaminhados: o goleiro Daniel Fuzato, os
zagueiros Lucas Freitas e Lucas Oliveira, e o volante Tchê Tchê.
Por outro lado, o Vasco
termina 2024 com pendências. O clube tenta se reestruturar financeiramente no
mesmo passo que busca um novo investidor para a SAF.
Ainda há na Justiça o processo
com a 777 Partners, que será julgado. Paralelamente, o Vasco vai para a
arbitragem na Fundação Getúlio Vargas (FGV) com a empresa norte-americana.
As obras no CT Moacyr Barbosa
e a tão sonhada reforma de São Januário também devem sair do papel em 2025. A
modernização do estádio do Vasco, inclusive, já conta com a venda de fatias do
potencial construtivo encaminhadas.
Fonte: Lance!
Título: Altair Alves, Vasco
Notícias, 30-12-2024
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-