segunda-feira, 28 de julho de 2025

Mistério na Imigração Apontam para um Lawfare*


Claudio Dantas

Artigo original de @MaryAnastasiaOG, publicado no Wall Street Journal, sobre os registros fraudulentos da entrada de Filipe Martins na Florida. Leiam:

Mistério na Imigração Apontam para um Lawfare

Algo parece estar podre no escritório do U.S. Customs and Border Protection (CBP) em Orlando, Flórida, onde um documento falso de entrada nos EUA em nome de um assessor do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro foi publicado em seu site oficial não apenas uma, mas duas vezes desde 2024.

Dados de celular, comprovantes de cartão de crédito e o manifesto de passageiros de um voo comercial que Filipe Martins tomou no Brasil em 31 de dezembro de 2022 provam que ele não poderia ter entrado nos EUA na noite de 30 de dezembro de 2022, como o CBP de Orlando alegou inicialmente em março de 2024.

Quando esses fatos foram apresentados ao Departamento de Segurança Interna (DHS), a agência concordou que Martins não poderia estar em dois lugares ao mesmo tempo. Em junho de 2024, o registro falso foi retirado do ar. Mas neste mês, ele reapareceu subitamente no site do CBP em Orlando.

A verdade importa para Martins porque ele está sendo investigado no Brasil pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes por supostamente ter participado de uma conspiração de Bolsonaro para derrubar o presidente Luiz Inácio “Lula” da Silva.

Como não há registro oficial de saída de Martins do Brasil — conforme exigido por lei —, Moraes sustenta que a alegada entrada nos EUA, conforme registrado pelo CBP, indicaria que ele saiu clandestinamente do país e poderia fazê-lo novamente.

Martins foi preso em fevereiro de 2024. Desde março, Moraes tem usado a alegação falsa do CBP para classificá-lo como risco de fuga. Naturalmente, os advogados de Martins querem que o registro seja corrigido. Também querem saber quem criou as entradas fantasmas e quando. O CBP se recusa a divulgar essas informações. Por razões de segurança nacional dos EUA, o DHS também deveria querer saber.

Não há uma motivação americana evidente para inventar uma viagem de Martins que nunca aconteceu. Mas alguém dentro do CBP, agindo a serviço de interesses políticos brasileiros contrários a Bolsonaro, teria um motivo.

Com poucas provas para sustentar sua tese de que Bolsonaro planejava um golpe de Estado contra Lula, Moraes tem se apoiado em delações premiadas para construir seu caso. Mas as coisas não vão bem. Em áudio vazado em março, a principal testemunha da acusação afirma que foi coagida a prestar depoimento contra Bolsonaro. Em audiência preliminar na quinta-feira, Martins declarou ao tribunal que acredita que sua detenção, por vezes em condições desumanas, busca obter resultados semelhantes.

Quando é acusado por críticos de atuar de forma autoritária, Moraes diz estar defendendo a democracia brasileira.

O registro legal da entrada de qualquer viajante nos EUA é o formulário eletrônico I-94. A advogada de Martins, Ana Bárbara Schaffert, contou que, ao tentar libertar seu cliente em abril de 2024, enviou um e-mail ao CBP de Orlando pedindo o I-94 correspondente à suposta viagem. O CBP respondeu que não havia registro de entrada de Martins naquela data e que sua última entrada registrada nos EUA tinha ocorrido no Aeroporto Kennedy, em Nova York, em setembro de 2022.

Como essa viagem havia sido devidamente comunicada às autoridades brasileiras, ela considerou a situação resolvida. Duas semanas depois, Martins ainda não havia sido libertado. Schaffert então ligou para o CBP do aeroporto Kennedy para obter uma cópia do I-94 de setembro de 2022. Um funcionário a surpreendeu ao informar que o sistema agora mostrava um I-94 de 30 de dezembro de 2022, em Orlando.

O nome de Martins estava escrito com erro ortográfico e o número do documento correspondia a um passaporte declarado como perdido em 2021. Martins permaneceu preso por 183 dias, muito depois de o I-94 fraudulento ter sido removido do site do CBP e a correção ter sido enviada ao tribunal brasileiro.

Em agosto de 2024, foi libertado da prisão, mas permanece em prisão domiciliar em Ponta Grossa, no Paraná. Moraes não reconheceu a falsidade da narrativa de viagem. Continua a se basear na página de “histórico de viagens” do CBP — que não tem valor legal — para justificar a detenção de Martins. Ele não pode deixar sua cidade, usa tornozeleira eletrônica e está proibido de falar com a imprensa ou usar redes sociais.

A advogada de Martins não obteve resposta à denúncia enviada ao inspetor-geral do DHS. Ela também apresentou dois pedidos via Freedom of Information Act para obter os registros que indicariam quem criou as entradas e quando. Recebeu uma “resposta genérica” dizendo que “não havia informações disponíveis para responder”. Em janeiro, ela processou o DHS e o CBP na Flórida para obter os registros do I-94.

Como parte de uma tentativa de acordo, as autoridades forneceram os registros, mas com o nome da pessoa que os criou e as datas em que foram criados completamente ocultos. O DHS afirmou na semana passada que não poderia comentar por se tratar de “litígio em andamento”. Neste mês, o CBP deu nova ajuda aos promotores brasileiros ao republicar em seu site o I-94 falso de Martins, com o mesmo erro no prenome e o número do passaporte perdido.

O que é pior? O crime ou a tentativa de encobri-lo?

Assista:

Título, Imagem e Vídeo: Claudio Dantas, 27-7-2025

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