sábado, 9 de abril de 2011

Quem é o maior (único?) inimigo de Sócrates?



O engenheiro José Sócrates assumiu pela primeira vez como primeiro-ministro em março de 2005, com ampla maioria, maioria absoluta. Noutras palavras, um governo majoritário, com a certeza de ver aprovadas todas as suas propostas. Quatro anos depois, em 2009, é reeleito, sem maioria absoluta. Portanto, já lá vão seis anos!
Pois bem, você, generoso leitor, brasileiro, português, lusófono, ou de outra nacionalidade, antenado na atualidade nacional e internacional, é claro que sabe como está a situação econômica em Portugal.
Se brasileiro, saberá do blá-blá-blá sobre o Brasil emprestar dinheiro a Portugal, comprar a dívida soberana e outras mumunhas. Terá lido até alguns comentários em blogues ou em sítios de jornais, de brasileiros protestando, com razão, desse “empréstimo” pois o Brasil ainda tem necessidades básicas que demandam investimentos e apoios prioritários. Um ex-companheiro lembrou até “pô! Vai emprestar dinheiro para Portugal e para os ex-trabalhadores da Varig nada!” A este companheiro respondi “não se apoquente, amigão, é só blá-blá-blá para ocupar jornalistas.”
Agora, 1) se você é português e acha que o país está a viver uma prosperidade que dá gosto, que nunca antes este país teve um governo tão responsável, tão dedicado, tão competente, tão abnegado, tão sacrificado, tão defensor dos pobres e oprimidos, receba os meus parabéns e a minha inveja;
2) se você é português e acha tudo isso que está aqui em cima e que a crise (a EME) da qual ouviu falar, ou leu algo por aí, é culpa dos mercados internacionais (seja lá o que isso quer dizer), do maior partido de oposição… enfim, de tudo e de todos MENOS do senhor engenheiro José Sócrates que, coitado!, foi obrigado a assinar oficialmente, representando Portugal, o pedido de ajuda externa;
não continue a leitura destas linhas. Ignore-as e mantenha-se em Matosinhos.
Biblioteca Municipal Florbela Espanca e à direita o Palacete de Trevões, Matosinhos.
Mas, se você vive em Portugal e sabe que o país está à rasca mesmo, com o futuro comprometido com reduções salariais, cortes de benefícios laborais, pensões congeladas, subsídios sociais reduzidos, aumento de IVA de 21 para 23% e outras medidas mais que, você, leitor, mais esclarecido do que este escriba, saberá elencar – ou porque atingido ou tem familiares ou amigos atingidos por elas, ou simplesmente por solidariedade com aqueles compatriotas que estão passando por sérias dificuldades;
e se, como o ministro sueco das Finanças, Anders Borg, que afirmou “que o Governo (de Portugal) 'tem uma grande responsabilidade' pela situação atual, criticando o Executivo de José Sócrates por não ter agido antes” (ver aqui),  está de saco cheio do senhor engenheiro, das suas mentiras e recusa a tentativa de manipulação através dos seus (dele) gritos acusatórios;
e se, como eu, também ouviu o discurso desse engenheiro, ontem, em Matosinhos (discurso “ventriloquado” por outros dirigentes que lhe sucederam ao microfone), e detesta todos aqueles que gostam de tirar o c… deles da reta e colocar os dos outros, mesmo aqueles que nada têm a ver com as calças, então, vamos conversar!

Oi!
Cheguei a Portugal em fevereiro de 2010.
De lá pra cá venho acompanhando, nas TVs e nos jornais, notícias e comentários sobre uma crise instalada em Portugal.
O Governo apresentou três PECs (Programa de Estabilidade e Crescimento), cada um mais austero e recessivo do que o anterior.
Então, comecei a perceber que Portugal estava em grave crise. Comecei a perceber também o caráter (ou a falta dele) do senhor engenheiro e alguns próceres como Francisco Assis, José Lello, Ricardo Rodrigues (o dos gravadores), Pedro Silva Pereira, Santos Silva (ministro da Defesa!) – não sei por que mas me vem à mente a Cobra Cuspideira que conheci, de longe, em Luanda – comecei a perceber, dizia eu, quando esta malta começou a satanizar a possível (e prevista por muitos) chegada do FMI (eles sabiam que, mais cedo ou mais tarde, ele iria chegar) e chama a oposição para o bacanal. De início, o maior partido de oposição (que por ser maior era este que interessava aos socialistas) até participou em alguns “swings”. A cada “swing” em que participava mostrava “responsabilidade”, dizia o Governo do PS- o melhor Governo que este país já teve desde a Batalha de São Mamede (1128). Mas, quando o PSD e os demais partidos de oposição se cansaram de swings e de dançar o tango com o senhor engenheiro, e reprovaram o PEC IV (o quarto, apresentado no Parlamento em 21 de março e reprovado dois dias depois, em 23 de março, por TODOS os partidos de oposição), pronto! Os socialistas prontamente esqueceram (e querem que nós esqueçamos também) São Mamede e nos dizem agora que a História de Portugal recomeça, claro!, em 24 de março de 2011. É a partir desta data que, se dificuldades os portugueses estão passando, se devem à “irresponsabilidade” e à “sofreguidão do poder” do PSD! (NB: o PS está no Governo há seis anos, só por sacerdócio). E é em cima e para cima do PSD que o senhor engenheiro e outros próceres jogam todas as pedras, pedregulhos e calhaus. É o PSD culpado e responsável por todos os males que afligem os portugueses. E mais, o PSD e o seu líder, especialmente este, viram alvos da extraordinária premonição do senhor engenheiro e sequazes. Pressagiam estes que o Sr. Passos Coelho (que nunca governou) vai privatizar, vai privatizar, vai implantar escolas para pobres (públicas), escolas para ricos (privadas), vai privatizar o Serviço Nacional de Saúde, vai vender o Centro Comercial Colombo aos venezuelanos, vai privatizar (toda) a Caixa Geral de Depósitos, vai privatizar as empresas de transportes públicos, vai demitir milhões de funcionários públicos, vai mandar colocar todas as criancinhas que nascerem a partir do dia 6 de junho de 2011 e até 23 de julho de 2014 em cestos de vime e jogá-los no Rio Tejo, vai aumentar o IVA para 30%, vai cancelar os subsídios de férias e de Natal, vai vender o Museu Nacional dos Coches para a General Motors, etc., etc. e, cúmulo dos cúmulos, vai ficar com o cão de Sócrates. Enfim, a se concretizar a premonição do senhor engenheiro e outros respeitáveis oráculos, quando o PS perder as próximas eleições, será o caos em Portugal. Quero vivê-lo.
Jim Pereira

"Para bem de Portugal preferimos não falar todos os dias com dirigentes portugueses na praça pública", diz Olli Rehn (aqui)

Ana Gomes afirma que “o PS não é o PC chinês”

Durante a sua visita ao Brasil em Maio de 2010 José Sócrates encontrou-se com Chico Buarque. Segundo o gabinete do primeiro-ministro este encontro realizou-se a pedido do cantor, que desejaria conhecer Sócrates. Chico Buarque desmentiu esta versão, dizendo que foi Sócrates quem o quis conhecer, mostrando-se indignado com a versão da história contada pelo staff de Sócrates.
Também na visita ao Rio de Janeiro foi marcado, um jantar no consulado português com 35 personalidades da vida cultural da cidade. Sócrates faltou ao jantar, tendo-se deslocado a um restaurante italiano da moda (também em Ipanema) e causou um embaraço ao cônsul português obrigado a desconvidar personalidades como a actriz Marília Pera, o ex-campeão do mundo de futebol Zico e, sobretudo, o ex-ministro e músico Gilberto Gil.

José Sócrates e o ex-presidente do Brasil, Lula da Silva, Brasília, 9 de agosto de 2006. Foto: Ricardo Stuckert/PR
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Ó Sócrates, lê isto aqui! (2): 
[O cão do Sócrates] Sondagens ou a arte de bem subir a descer
[Portugal] Campanha eleitoral: o que vem por aí.

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