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Black Blocs, Campinas, SP |
Cesar Maia
1. Uma releitura do Sennet (O Declínio do Homem Público) nos lembra
que a exposição pessoal – em casa, no local de moradia, no trabalho... – estressa
e exige uma compensação de ocultamento. Paradoxalmente, quanto mais privados
são nossos contatos, menos ocultos são. O ocultamento que dá equilíbrio
psicossocial está nas ruas, nas multidões... onde só os famosos são
reconhecidos.
2. O ponto que vem sendo
analisado por psicólogos em relação às redes é que estas, mantendo as pessoas
conectadas muito tempo, reduzem ou minimizam o tempo de solidão, que é
fundamental para reflexão, relaxamento... e – da mesma forma – para o
equilíbrio psicossocial.
3. A ida das redes virtuais às
ruas é – nesses sentidos citados acima – um momento importante de equilíbrio,
de ocultamento, de solidão como parte da multidão. Essa dialética das redes
virtuais e essas mesmas redes indo às ruas é um elemento básico de seu
crescimento e de sua autossatisfação.
4. A contrario sensu, quem está mascarado, sendo fotografado, não está
oculto, está exposto. A máscara é o prazer de ser identificado. E mais ainda:
ao atrair para as manifestações fotos e vídeos, a identificação pela imprensa e
pela polícia está quebrando o momento mágico do ocultamento das redes na
multidão.
5. Por isso tudo o “Black
Bloc” – pensando estar tematizando seu protesto anárquico e violento contra as
instituições do capitalismo, numa espécie de propaganda armada – está, na
verdade, esvaziando as redes e a vontade de participação, que buscam o momento
mágico do ocultamento na multidão.
Título e Texto: Cesar Maia, 11-9-2013
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