quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Financial Times: Brasil é visto como grande perdedor em Davos

Publicação destaca que "não foi fácil ouvir alguma notícia positiva sobre o País”

Flávio Morgenstern
Artigo publicado pelo jornal Financial Times nesta terça-feira afirma que o Brasil foi o grande perdedor do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça. Segundo a publicação, o País deixou uma percepção de falta de investimentos em infraestrutura e a sensação de que “muito do crescimento foi proveniente do consumo”. O artigo completa que “não foi fácil ouvir alguma notícia positiva sobre o País”.
A publicação destaca uma frase do economista-chefe do Itaú-Unibanco, Ilan Goldfajn, que afirmou que “os investidores estão olhando para os países com uma economia sustentável e estável” e completou dizendo que “o Brasil não é”.
O jornal ressalta que a presidente Dilma Rousseff foi para Davos logo após inaugurar um estádio para a Copa do Mundo e não vem fazendo nada para mudar o estado de espírito pessimista que envolve o Brasil.

 FT destaca o México
O jornal destacou a participação do México em Davos colocando o país como número um na lista de participantes. O fato de o México anunciar a chegada de grande empresas, como a Nestlé, que promete investir US$ 1 bilhão no país, e a Pepsico, que promete investimento de US$ 5,3 bilhões, foi lembrado pelo jornal.
Países africanos como Nigéria, Tanzânia, Quênia e Uganda também foram vistos com bons olhos pelo Financial Times, que afirmou que eles convenceram os participantes do fórum de que coisas boas vão acontecer em 2014.

Há uma explicação simples para o Brasil ser comparado a economias da África subsaariana em suas eternas ditaduras e guerras tribais e ainda sair perdendo.
O mais importante para a economia é a liberdade: chegamos ao mundo nus e fracos, precisamos caçar alimento e descobrir sem grandes conhecimentos como vencer intempéries e ameaças. O estado natural do homem é a pobreza extrema, não a riqueza.

Alguns homens passam, então, a criar inventos com sua razão para melhorar a vida. Da pedra polida à irrigação, as cidades assentadas e o sistema jurídico, o desodorante e o avião, o papel higiênico macio e o iPhone. Todas obras de alguém que as inventou. Quem pretende ter usufruto de alguma dessas invenções passa a trocar alguma coisa com o criador daquilo. Trabalhar para ele – ou então para um terceiro, ou por conta – e troca os frutos de seu trabalho pelos frutos do trabalho deles.

Isso é mercado – são trocas livres, horizontais, espontâneas, sem nenhuma centralidade dirigindo o processo, nenhum planejamento de uma força maior, com poder maior, além da própria vontade das pessoas. Elas são o mercado, com suas exigências, desconfianças e vontades.

Ter essa liberdade permite que as pessoas criem inventos que melhoram a vida de outras pessoas, que não são obrigadas à força a pagar nada: trocam o que desejam livremente pelo que o criador de novas riquezas inventa livremente. Ambos saem enriquecidos no processo – é como um homem que fabrica pães negociando com um que fabrica manteiga. Ambos seriam mais pobres sem o mercado.

O mercado exige essa liberdade, porque é a liberdade das próprias pessoas. Mas, com a ascensão do Estado e das formas autoritárias de Estado – culminando com o inchadíssimo Estado moderno, que tem “participação no poder” para acalmar as massas, mas uma interferência na economia muitas vezes maior do que um faraó, xogum ou imperador da Antiguidade sonhou em ter – passa-se a haver um novo agente.

Enquanto um homem cria riqueza, e outro trabalha, talvez criando outras coisas, em troca daquela riqueza, o terceiro agente não cria nada, e toma uma parte da livre transação de ambos para si. Este terceiro elemento é o Estado, que faria bem em exigir algum pagamento em troca de seu sistema jurídico e da sua segurança, mas apenas subtrai riqueza, ao invés de aumentá-la, quando age além disso.

O Estado moderno, surgido e teorizado depois da abertura comercial do capitalismo, com intuitos cada vez mais duvidosos, passa a cobrar imposto até de comércio, fazendo com que os homens percam cada vez mais riqueza – tanto que criam quanto encarecendo as que desejam.
Teóricos econômicos que abraçaram essa mentalidade destruidora grassaram desde fins do séc. XVIII, acreditando que o mercado deixaria os ricos muito ricos e os pobres muito pobres (o que se provou o maior erro da História humana) e que a função do Estado era planificar cada vez mais as trocas humanas, buscando uma “igualdade” que parte de um poder central ao invés da liberdade de cada um tomar seus desejos e responsabilidades sobre seu destino para si, desde que não fira ninguém.

O dirigismo de Dilma, de Lula, do PT e de seus congêneres é esta forma destruidora de engessamento da economia: cada vez menos pessoas produzem, se vão perder essa riqueza para quem não a criou, e cada vez é mais caro para quem quer melhorar o seu conforto (ou mesmo meramente se alimentar) conseguir pagar pela riqueza alheia, já que também tem de pagar para o terceiro agente (e nossa ordem tributária dá conta de mais de 40% por ano, fazendo com que trabalhemos até maio apenas para financiar este moderno Leviatã).

É o fim da liberdade de mercado. E essa liberdade é auferível. A imprescindível Heritage Foundation lança, todo ano, o Índice da Liberdade Econômica, com dados das mais sólidas organizações mundiais auferindo o quanto a liberdade econômica das pessoas está sendo assaltada – por impostos altos, corrupção, Estado-Babá, máquina pública etc.

Para quem acredita que o mercado é como um polvo chulhuóide e malvado que fica bravo e “especula” impiedosamente para roubar os pobres, e não percebe que o mercado são as pessoas, é de bom alvitre comparar a liberdade de mercado mundial com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de cada país. Não há como espantar todas as dúvidas de que o mercado enriquece os pobres (obviamente, porque cria riqueza que precisa ser distribuída em massa pelo menor custo possível, do contrário o seu criador não terá como enriquecer com seus inventos) e, bazinga, até aumenta a tão propalada “igualdade”.

A desgraça humanitária que foi a gestão de Barack Obama jogou a América três posições abaixo em 2014, saindo da zona “livre” para a “quase livre”. O Brasil, sexta maior economia do mundo e quinto país mais populoso, patina em 114º lugar (sic), na zona onde falta pouco para se dizer que não existe liberdade de mercado (40% para mais de carga tributária não podem conviver com “trocas livres”), com uma economia que deixa os frutos do trabalho das pessoas com as pessoas do mesmo jeito que Honduras (112º), Belize (115º), Butão (116º), a enroscadíssima Grécia (119º) ou futuras potências mundiais do porte de Guiana (121º), Iêmen (123º) ou Senegal (125º). São esses países que podem ser comparados economicamente ao Brasil. Não é preciso ser gênio ou vidente para imaginar o nosso futuro.

Se a aleivosia de que o mercado deixa os ricos mais ricos e os pobres mais pobres, como explicar que os países mais ricos do mundo (com os pobres mais ricos do mundo) são justamente os de economia mais aberta – já que não tungam sua população a cada vez que criam riqueza para financiar viagens caríssimas de seus políticos e implantar “distribuição de renda” e outras falsidades?

Nos primeiros lugares, vemos, em ordem, Hong Kong, Singapura, Austrália, Suíça, Nova Zelândia, Canadá, Chile (caindo rapidamente), Maurícia, Irlanda e Dinamarca. Se o mercado gera pobreza, onde estão os pobres desse país? Se a “distribuição de renda” tira os pobres da miséria, por que a concentração dirigista de poder e o controle dos mercados no Niger (127.º), Moçambique (128º), Bangladesh (131º) ou Egito (135º) não está enriquecendo essas populações, “salvas” do mercado?

Para quem acredita no mito do Estado de Bem-Estar Social nórdico, também é de bom tom questionar por que esses países, apesar de programas estatais em populações pequenas, estão disparados à frente na liberdade econômica. A Dinamarca está em 10º, na zona em que existe livre mercado, tendo apenas dois paraísos fiscais (Suíça e Maurícia) à sua frente. Ela é um “Estado de Bem-Estar Social” ou um paraíso fiscal?

A Finlândia está em 19º, perdendo uma posição para a Alemanha (o único grande país europeu de economia livre e que, por mera coincidência acidental, foi quem não sofreu com a crise, passando a emprestar dinheiro para os sofredores). Suécia fica logo depois, com Islândia em 23º (era o país mais pobre da Europa na década de 50, antes de abrir sua economia e ter milionários em cada esquina de Reykjavik – talvez pelo “imperialismo islandês”…) e Noruega em 32º. A maior parte dos paraísos fiscais é menos paraíso fiscal do que o “Estado de Bem Estar Social nórdico”.

Suas economias caminham juntas com o campeão das privatizações Japão (25º), o lar do capitalismo Reino Unido (14º), os paraísos fiscais Bahrain (13º), Luxemburgo (16º), Taiwan (17º), Botswana (27º), Emirados Árabes (28º), Qatar (30º) e com a musa do Estado mínimo ultra-mínimo Coréia do Sul (31º, apenas um ponto à frente do país escandinavo “menos livre”). Qual desses países citados, muitos deles paupérrimos há cerca de 40 anos, “empobreceu” ao adotar o livre comércio de fato? De fato, ao invés de privatizar duas ou três companhias falidas, o que até o Irã (173º) faz, e se chamar de “neoliberalismo”.

A realidade não é exatamente o inverso do que os formadores de opinião e os professores universitários mais cacarejam sem saber do que falam por aí?
Enquanto a mentalidade anticapitalista do brasileiro continuar achando que é o Estado que nos salva de nós mesmos (o mercado) não mudar, ainda aplaudiremos Dilma Rousseff fazendo nosso país ser comparado a ditaduras da África subsaariana – e ainda perder de Uganda (91º), Tanzânia (106º) e Quênia (111º).
Obrigado, Dilma.
Título e Texto: Flávio Morgenstern, Implicante, 29-01-2014

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