Núcleo de estudos de conjuntura assinala a interrupção de “11
trimestres de crescimentos homólogos negativos” e revê em alta a previsão de
crescimento para 2014.
A economia portuguesa terá
crescido 1,3% durante o último trimestre de 2013, em comparação com o mesmo
período do ano anterior, de acordo com a estimativa avançada pelo núcleo de
estudos de conjuntura da economia portuguesa (NECEP) da Universidade Católica. O
mesmo documento calcula que a variação em relação ao terceiro trimestre terá
sido de 0,3%.
A Universidade Católica
sublinha que este desempenho interrompe “11 trimestres de crescimentos
homólogos negativos” e foi suportado pela “recuperação da procura interna,
incluindo o investimento”, além de reflectir um processo de consolidação
orçamental em 2013 “inferior ao previsto no início do ano”. Com base nestas
estimativas, o NECEP, dirigido pelo economista João Borges de Assunção, prevê
que a quebra média anual do produto interno bruto de Portugal terá sido de
1,5%, enquanto a taxa de desemprego terá ficado, também em termos médios, em
16,4%, com um valor de 15,9% no final do ano passado.
As novas projecções para 2014
revelam que os economistas do NECEP estão agora mais optimistas. O organismo
antecipa um crescimento de 0,8% contra uma previsão anterior que apontava para
a estagnação. “A dinâmica da economia portuguesa é agora consistente com uma
recuperação económica que será, porém, parcialmente travada pelo ajustamento
orçamental previsto para 2014”, adianta o documento da Universidade Católica.
Sobre o comportamento da
economia em 2014, o NECEP refere, ainda, que “há incerteza associada à
conclusão dos primeiros três anos do programa de ajustamento no final do
primeiro semestre com consequências a nível da viabilidade do financiamento
autónomo do Estado, bem como a nível do custo desse financiamento”. E
“persiste, ainda, a incerteza sobre a dimensão efetiva do ajustamento
orçamental em 2014 e a do seu impacto no crescimento de curto prazo”.
Apesar destes avisos e da
identificação das incertezas que rodeiam a conjuntura, o NECEP termina com um
tom positivo. “Pela primeira vez, o NECEP vislumbra a possibilidade de
recuperação cíclica invulgarmente robusta resultante também da invulgar
dimensão negativa do hiato do produto. Do lado externo, os riscos resultam da
gradual eliminação dos estímulos monetários nos EUA ao longo de 2014, da sua
repercussão na política monetária na zona euro, e da incerteza sobre a condução
do processo da União Bancária na UE ao longo deste ano”.
O NECEP adianta, também, a
primeira previsão para 2015, com a perspectiva de uma taxa de crescimento de
1,4%, ponto central de um intervalo que admite uma progressão de 0,3% no pior
cenário e um avanço de 2,5% na melhor das hipóteses. O gabinete alerta que esta
projecção apresenta dificuldades ligadas à “velocidade, dimensão e persistência
da recuperação cíclica e o seu condicionamento às restrições de endividamento e
financiamento que limitam a economia portuguesa”.
Título, Imagem e Texto: João Cândido da Silva, Jornal de Negócios, 22-01-2014, 14:08
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