quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Os nossos “eus”


Jonathas Filho
Existem vários “eus” dentro de cada indivíduo, assim como existem várias facetas em pedras lapidadas, cada uma refletindo a luz que recebe. Dependendo do tipo da pedra, essa lapidação pode apresentar defeitos em alguma parte e refletir a luz de forma diferenciada. Mesmo uma gema de alto valor pode ter uma falha, uma jaça ou uma faceta que não dá o brilho na intensidade que seria esperada. Nós somos assim, pedras brutas que dependem muito do corte, da lapidação e do polimento.

Na “lapidação” de um ser humano, ele deve ter a atenção, o carinho e o respeito desde o “berço”, pois é isso que pode transformar um ser comum em um cidadão de valores especiais, não só pela educação oriunda dos pais, mas também pelos “cortes” impostos pelos familiares, em contraposição aos comportamentos e atitudes na infância e adolescência, pois ainda estarão com a personalidade em formação. Essa transformação agrega valor e aumenta considerávelmente o “brilho” do indivíduo, e se o contrário for praticado, reprimem o indivíduo ofuscando e prejudicando qualquer cintilação que pudesse advir dessa personalidade.

Existem várias etapas dentro desse processo, daí a criação dos “eus” de cada um de nós. Essas etapas também podem ser definidas como corte, pré-formação, formato e polimento; processo bem parecido com o que acontece com as pedras brutas nas etapas de transformação de pedras em gemas. Acredito que todos nós somos multifacetados e isso pode interferir direta ou indiretamente nas nossas relações humanas. Os nossos “eus”, na medida que desenvolvemos nossas personalidades vão se instalando em “gavetinhas” denominadas de id, ego e superego. Freud explicou mas... com muito mais detalhes.

O Id é a origem de toda energia psíquica e que dá características concernentes aos instintos. O Ego é a racionalização e controle dos instintos, é a consciência atuante.
O Superego é o resultado do aprendizado de valores e/ou exemplos recebidos diretamente, do que se experimenta desde o berço, do seio da família, da escola, do trabalho e da vida.

Na gaveta do Id é onde está o nosso nível mais interno e subjetivo que nos leva à atitude, na busca generalizada de qualquer prazer, conforto ou mesmo de alguma recompensa, embora tenha sempre uma ligação com a tensão e o stress quando não há o atendimento a essas necessidades e/ou vontades. Alguns “eus” se comportam como ansiosos, expressando físicamente o resultado dessa tensão. Por exemplo, o choro de um bebê expressa sua fome. Quando chegamos à vida, nascemos como Id e nada mais.
                                                                                                                                                  
A gaveta do Ego é distinta, pois é claramente a que designa a expressão do ser, ora sentindo e refletindo (ou não) os efeitos do Id ou do Superego. O Ego é o seu “EU” maior e o que se apresenta em primeiro lugar... é o que lhe identifica e lhe diferencia de outras formas de personalidades. A gaveta mais externa é a do Superego cuja formação se dá culturalmente pelo que se aprendeu na vida pelas experiências adquiridas. Não se nasce com Superego. O Superego age lhe “dizendo” o que o mundo ao seu redor espera de você; se você deve ser assim ou “assado” ou se comportar de um jeito ou de outro, adequando-o de conformidade com as ocasiões. O Superego impõe que tudo o que a vida lhe ensinou deva ser praticado para se ser socialmente ou políticamente correto.

E nisso tudo, com combinações e variações juntas e misturadas, firmam nossas personalidades que, podem num determinado momento, fazer-nos agir por impulsos enviados pelo Id ou nos mantém dentro dos limites estabelecidos pelo Superego aceitando tudo como escravos dessa nossa personalidade.

E dentro disso, vários “eus” pululam e se apresentam nas mais diversas facetas que temos quando sentimos o MEDO, a ALEGRIA, a HUMILHAÇÃO, o AMOR, o DESAMOR, a UNIÃO, a TRAIÇÃO, o BEM-ESTAR, o ABANDONO, etc... enfim, milhares de situações que experimentamos nesse tempo que chamamos de VIDA.

Em algumas situações, apresenta-se também, em determinadas personalidades, a chamada SUPERFICIALIDADE onde não se demonstra exatamente o que se é realmente e “alguns” passam a usar máscaras providas pelo Id e que lhes são convenientes para determinadas ocasiões.

Ter EQUILÍBRIO é saber dosar os atendimentos em níveis conscientes, entendendo que existem momentos apropriados para se atender o Id assim como há momentos certos para não aceitar as imposições do Superego. 
Esse equilíbrio, evita que se exagere em dar “asas” a todos os nossos desejos, evitando neuroses do tipo arrependimento (“eu devia ter feito assim e não fiz”...). Da mesma forma, atender ao Superego em todas as instâncias, nos cerceando ou limitando as nossas vontades, se torna prejudicial criando o que eu chamo de subserviência existencial.

Com tantas figuras psíquicas dando palpites nas nossas atitudes, felizes daquele que tem um Grilo Falante como sábio companheiro da consciência, para orientar acertadamente os seus vários “eus”.
O certo é que todos temos de viver nossas vidas com os nossos “EUS” sempre empenhados em produzir o máximo de felicidade para nós e para o mundo.
Título e Texto: Jonathas Filho, 30-01-2014




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