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Dilma e coraçãozinho: até
quando? Pânico chega ao Planalto
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Nunca um clichê foi tão
oportuno: depois de anos semeando vento — até anteontem, com os rolezinhos (já
chego lá) —, o PT agora está desesperado, com medo da tempestade. Pois é… A
baderna violenta havida em São Paulo no sábado já levou o pânico para as hostes
do governo. Já chego ao ponto. Antes, algumas considerações.
Já há gente no governo federal
querendo culpar a Polícia Militar de São Paulo pela elevação da tensão. Aliás,
a imprensa paulistana faz a mesma coisa. A gente lê os relatos e tem a
impressão de que, não fossem os PMs, tudo teria se dado da melhor forma
possível. Nem parece que os policiais só entraram em ação porque vândalos
incendiaram um carro, depredaram ônibus, bancos, lojas… “Ah, mas os policiais
do choque estavam sem identificação”. Que se apure e se tomem as devidas
providências. Atenção para o que vem agora — não justifica, mas explica e
aponta para um problema sério, que terá de ter uma resposta da polícia e da
sociedade. Conversei com um policial dia desses. Ele me disse que muitos
retiram a identificação porque não querem ver seus respectivos nomes circulando
em filmetes feitos por provocadores. Nas suas palavras: “O nome da gente fica
na Internet e é visto por todo mundo, inclusive pelos bandidos”. É um problema?
É, sim. Ou há alguma forma de um policial — que está cumprindo um dever
desagradável — se sair bem reprimindo “manifestantes”? Acho que não. Bem, de
junho pra cá, escrevi dezenas de textos abordando os riscos decorrentes desse
processo de demonização das PMs Brasil afora. Sigamos.
É simplesmente mentira que é a
reação da PM que açula esses trogloditas. “Como você sabe?” Porque tenho a
história a meu favor. Voltem a junho: os três primeiros protestos — 6, 7 e 11 —
em São Paulo foram notavelmente violentos, e a PM havia atuado apenas na
contenção. Um policial foi praticamente linchado. A polícia só reagiu — de
modo, então, meio atrapalhado — no dia 13. E aí foi o que se viu. Assim, ainda
que fosse verdade que a “repressão” estimula o vandalismo, resta evidente que a
não repressão também. Ou a PM fez algo de errado enquanto a manifestação seguia
pacífica?
Essas coisas — ATÉ PORQUE
TRATADAS COM SIMPATIA PELA IMPRENSA — têm um forte efeito imitação. Podem
escrever: haverá outros protestos, e a disposição dos mascarados é partir para
a briga; é enfrentar a PM. Há grupos achando que existem as precondições para
reeditar junho, e isso deixa Dilma em pânico. No momento, ela está lá se
divertindo no presídio mantido por Fidel e Raúl Castro. Quando voltar, quer
fazer uma reunião com seus ministros para debater a questão. “Que resposta
dar?”
Pois é… Até agora, a
presidente só se referiu a esses episódios com a boca entortada pelo uso do
cachimbo petista. É claro que governante que vai à TV choramingar por causa de
protestos só excita a fúria de seus algozes. O ponto não é esse, não! Tem de
falar de “autoridade” — de autoridade democrática. E, se for o caso, deixar
claro que as leis disponíveis serão aplicadas para coibir a desordem.
Ao longo de sua história, mais
do que tolerar, o PT é um estimulador de “movimentos” que só existem porque
transgridem as leis por princípio, com incrível determinação. É o caso do MST.
É o caso dos movimentos de sem-teto, em São Paulo, que agora estão nos
calcanhares dos próprios petistas. É o caso da sublevação de índios em vários
pontos do país — com a colaboração da Secretaria-Geral da Presidência, de
Gilberto Carvalho. No caso dos rolezinhos, como apontei aqui muitas vezes, o
PT, de novo, apelou ao perigo e passou a acusar severas maquinações racistas.
Entenderam o ponto? Embora
seja um partido da ordem; embora seja uma legenda do establishment; embora
esteja obrigado a se mover no espaço da legalidade, o PT não resiste à tentação
de flertar com o perigo. Foram as esquerdas petistas e petizadas que tentaram
conferir um rosto político aos rolezinhos — prática desmoralizada, creio, pela
pesquisa Datafolha.
No caso da reedição — vamos
ver se apenas episódica — das manifestações violentas contra a Copa, petistas
entram em pânico, mas não dão a cara à tapa de jeito nenhum! Alimentam, com seu
discurso, a prática do vale-tudo. Na verdade, é o partido que carrega o DNA da
mobilização não apenas contra a ditadura — que esta já acabou faz tempo —, mas
também contra a ordem democrática. Alguma vez o partido hesitou em jogar seus
“movimentos” — aqueles que Gilberto Carvalho chama “tradicionais” — contra as
instituições, muito especialmente quando se trata de atacar um adversário
político?
Existem os fatos, cada um
deles com sua gênese, com sua cadeia de causalidades e suas consequências, e
existe o tempo em que eles se dão. E esse tempo tem um espírito. E o espírito
deste tempo é atropelar a legalidade — A DEMOCRÁTICA — para fazer justiça. Mas
qual justiça? Ora, aquela que os donos da causa decidirem que é. Fim de papo.
Então os índios fazem a justiça dos índios; os sem-terra fazem a justiça dos
sem-terra; os sem-teto, a dos sem-teto; os rolezeiros, a dos rolezeiros, e os
black blocs, a dos black blocs. Em todos os casos, a violência passou a ser a
linguagem aceitável.
É claro que há alguma coisa
muito errada quando a polícia está apanhando feito cão danado nos jornais de
hoje, depois daquilo a que se assistiu no Centro de São Paulo. Calma lá!
Aqueles facinorosos meteram fogo num carro com uma família de quatro pessoais
ainda dentro. E daí? “Ah, mas não estamos defendendo isso; apenas atacando o
despreparo da polícia, que entrou num hotel…” Aqueles que se acoitaram no
estabelecimento tinham acabado de depredar uma concessionária de veículos. Há
relatos de hóspedes que ficaram acuados em seus respectivos quartos, com gente
dando porrada do outro lado da porta. Aí dizem os “especialistas” nos jornais:
“A polícia jamais deveria ter entrado…”. Afirmar isso a frio, com o traseiro
tranquilamente posto no sofá e depois do fato, é fácil. O problema é a resposta
da hora, quando vândalos que estão quebrando tudo invadem um espaço onde
trabalham e se hospedam pessoas.
Olhem aqui: a história informa
— e não o chute ou esfera de sensações — que a não repressão não torna menos
violentos esses que vão para as ruas com a determinação de quebrar e incendiar.
Isso é bobagem. O que não se tem, aí sim, é uma lei eficaz para coibir e punir
esse tipo de banditismo — a não ser uma: a de Segurança Nacional, que está em
vigor. Mas aí o viés ideológico não deixa. Logo alguém diz: “Imaginem usar isso
juto os 50 anos do golpe”…
E é claro que pode ficar pior.
Vai que os PMs se cansem dessa brincadeira e façam como uma porta-voz da
corporação no Rio que explicou por que havia um monte de jovens bandidos
assaltando pessoas no Centro da cidade, sem interferência dos policiais.
Segundo ela, aquele não era um caso de segurança, mas social e de saúde. Quem
se dá mal com aqueles marginais nas ruas? Os pobres honestos que circulam por
lá e são roubados todos os dias. Imaginem se a PM de São Paulo decide que
protestos contra a Copa são políticos — e, pois, fora de sua alçada…
A Copa está chegando. Falta
muito pouco. Dilma precisa decidir se investe na ordem ou se ela própria e seus
ministros, muito especialmente Gilberto Carvalho, continuarão a dar piscadelas
para a baderna.
Uma coisa é certa: os heróis
da porrada, adorados pela imprensa — por causa de seu viés esquerdista, não o
contrário —, estão de volta. Vento aqui, vento lá, vento acolá… Se planta,
tende a colher.
Título, Imagem e Texto: Reinaldo Azevedo, 27-01-2014
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