quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Deonísio da Silva: As algemas da submissão voluntária

Muitos intelectuais, dia sim, dia também, achavam o que dizer contra FHC, mas depois da assunção de Lula e de Dilma ao poder, passaram a presenteá-los com um silêncio obsequioso

Augusto Nunes

O que a História ainda está por mostrar é o par de algemas de submissão voluntária com que tantos intelectuais brasileiros — sim, existe a espécie, e a maioria lê muito pouco — prenderam a si mesmos.

Numerosos deles, dia sim, dia também, achavam o que dizer contra FHC, mas depois da assunção de Lula e de Dilma ao poder, passaram a presenteá-los com endossos irracionais e um silêncio obsequioso, que na Igreja é usado como punição. Como se o silêncio não fosse aquilo que se diz naquilo que se cala.

À beira dos 70, que faço daqui a dois anos, não publico minhas anotações, nem faço brotar minha memória ainda, pelo desgosto da náusea, pois esses intelectuais me enganaram mais e mais tempo do que Lula e Dilma. Só para exemplificar, lembro o cinismo da senadora Kátia Abreu, a quem coube formalizar a farsa do fatiamento do impeachment para que Dilma pudesse ganhar a sobrevivência “como professora”.

E o de José Dirceu pedindo clemência ao juiz Sérgio Moro para que pudesse sustentar a filha de seis anos ganhando a vida com o seu trabalho.

O ancião sequer se poupa de lançar sobre a própria menina, ainda na idade da inocência, a mácula desta infâmia, desta mentira, proferida diante de um juiz. A quem esse pessoal afinal respeita? A ninguém? Vamos em frente. 
Título e Texto: Augusto Nunes, VEJA, 25-10-2016 
Colaboração: José Moletta

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