Cesar Maia
A.1. O tiroteio entre Freixo e Crivella na TV, em seus comerciais e
programas, diariamente, está assustando o eleitor. No debate na RedeTV, nesta
semana, as agressões foram intensificadas, só que agora cara a cara, como num
duelo de pistoleiros nos filmes de faroeste.
A.2. Nas redes sociais tem crescido muito o número dos que reagem a
esse tiroteio afirmando que “deste jeito não voto em nenhum dos dois”. As
pesquisas eleitorais começam a sinalizar essa possível tendência.
A.3. A quem beneficia o aumento do “não voto”? Para responder a
esta pergunta, os institutos de pesquisa deveriam fazer os cruzamentos de
sempre identificando o perfil deles e avaliando se este perfil se aproxima mais
de um ou de outro candidato. E, a partir de agora, comparar a primeira e
segunda pesquisas no segundo turno com as novas pesquisas do Ibope e do
DataFolha a partir desta semana. Pode ser que -para um ou para outro- o tiro
esteja saindo pela culatra.
B. (Globo Online, 18)
B.1. No próximo dia 30, os cariocas vão às urnas decidir quem
governará a cidade do Rio pelos próximos quatro anos. Pelos dados dos
institutos de pesquisas, o senador Marcelo Crivella (PRB) tem hoje a maior
proporção de intenções de votos, desbancando o seu concorrente neste segundo
turno, Marcelo Freixo (PSOL). Segundo o último DataFolha, divulgado na
sexta-feira, o candidato do PRB tem cerca de 48% das intenções de voto contra
25% de Freixo. (Conversamos com o diretor do DataFolha, Mauro Paulino, veja
mais abaixo)
B.2. O que a sondagem do DataFolha revelou também é a grande
proporção de cariocas que afirmam que votarão em Branco/Nulo/Nenhum: 19%. Mesmo
a poucos dias da votação no segundo turno e após o início da campanha na TV,
esse contingente de eleitores manteve a posição de não votar em nenhum dos dois
candidatos. O percentual chama atenção porque, em tese, a proximidade do dia da
eleição tende a reduzir os percentuais de Indecisos/Brancos e Nulos. Desta vez,
não. A projeção da alta taxa de Brancos/Nulos repete o registrado no primeiro
turno nas urnas, quando chegou 18,2% na capital fluminense.
B.3. A taxa de Brancos/Nulo em 2016, segundo a pesquisa DataFolha,
é duas vezes maior que a realizada pelo instituto em 2012, quando Eduardo Paes
(PMDB) foi eleito ainda no primeiro turno. A diferença é semelhante também à
sondagem feita neste mesmo período do segundo turno de 2008, quando Paes
concorreu com Fernando Gabeira (PV). Em 2008, aliás, o Rio assistiu a uma das
mais disputadas eleições municipais, com a vitória de Paes por uma diferença de
apenas 1,6% dos votos. Naquele pleito, os Brancos/Nulos atingiram 8,5% nas
urnas (314 mil eleitores). Agora, se mantida proporção de abstenções do
primeiro turno no Rio (24%), a soma dos Brancos/Nulos chegaria a mais de 700
mil eleitores. Ou seja, um punhado expressivo de cariocas que não se
identificam com nenhum dos candidatos.
B.4. Inúmeras explicações, como a descrença na política e nos
políticos, podem ser apresentadas para o volume de "não-votos"
registrados nesta eleição, mas certamente, todas se misturam a um segundo e
central fator: o perfil dos candidatos que disputam ou disputaram a prefeitura
do Rio. No primeiro turno, esses agentes foram incapazes de apresentar um
projeto ou discurso que mobilizasse essa massa de cariocas. Com Crivella e
Freixo, no segundo turno, esse fenômeno se manteve.
B.5. Para o diretor do DataFolha, Mauro Paulino, a explicação
estaria na forte rejeição dos brasileiros e, também dos cariocas, à política e
aos partidos. Segundo ele, Crivella e Freixo não representam o discurso
antipolítica observado em outras cidades: - Parte significativa dos eleitores
não se sente representado pelos políticos e partidos atuais. Dois terços dos
eleitores brasileiros não têm simpatia por partido algum, o que é um recorde. Ao
mostrar a intenção de anular ou votar em branco essa parcela de cariocas está
demonstrando essa insatisfação é a tendência de buscar o
"antipolítico" que não encontra nem em Crivella, nem em Freixo.
B.6. A antipolítica ou candidatos que se apresentaram mais com esse
perfil também fracassou no primeiro turno no Rio, ao contrário de outras
cidades nas quais os eleitores ou elegeram em primeiro turno ou colocaram na
segunda fase da campanha competidores que buscaram mobilizar essa tipo de
percepção dos eleitores: - Acho que a antipolítica se expressou através dos
brancos e nulos que também foi alto no Rio (primeiro turno). Mas a votação de
Flávio Bolsonaro (PSC) foi expressiva e Carmen (Miguelis do Novo) teve pouco
tempo de TV - avalia Paulino.
Título e Texto: Cesar Maia, 20-10-2016
Pois o meu voto será em Marcelo Crivella!
ResponderExcluirIsso ai, Jim.. Vamos votar em quem merece. É Crivella 10!
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